sábado, 25 de junho de 2011

"Arabia Mountain" - Black Lips - 2011


O Black Lips é uma daquelas bandas que preza a palavra diversão com todas as suas forças. Aliando um lado tosco e meio maluco com muita energia, o grupo de Atlanta, USA, grava registros quase sempre agradáveis para quem gosta de punk e rock de garagem setentista. Depois de três bons discos (“Let It Bloom” de 2005, “Good Bad Not Evil” de 2007 e “200 Million Thousand” de 2009), eles colocam no mercado aquele que possivelmente é o seu melhor trabalho.

Cole Alexander (vocal e guitarra), Ian Saint Pe (guitarra), Jared Swilley (baixo e vocal) e Joe Bradley (bateria e vocal) resolveram dar uma amansada e pela primeira vez chamaram um produtor para ajudar em um disco. “Arabia Mountain”, o sexto registro de estúdio, foi produzido na sua maioria por Mark Ronson, conhecido por trabalhar com Amy Winehouse e Kaiser Chiefs. O resultado dessa parceria é inegavelmente positivo e leva o Black Lips um nível acima.

As antigas influências ainda se apresentam em “Arabia Mountain”, mas ganham uma roupagem mais elaborada, o que eleva até de modo paradoxal, a própria energia do disco. “Family Tree”, por exemplo, evoca novamente o Violent Femmes, enquanto “Dumpster Dive” tem o Rolling Stones como referência. Em “Raw Meat” ouve-se um punk rock com a pinta do Buzzcoks e em “Bone Marrow” com a entrada só com a batida atrás, regride uns 30 anos no tempo.

Outras faixas são bem mais diferentes, como o bailinho sessentista bem humorado de “Spidey’s Curse” ou o climão psicodélico e arrastado de “You Keep On Running”. A diversão, marca específica do quarteto, não fica de fora em momento algum, porém se apresenta de maneira mais forte na ótima “Modern Art”, na dupla despretensiosa de “Bicentennial Man” e “Go Out And Get It (ambas produzidas só pela banda) e na sujeira melódica de “New Direction”.

Em “Arabia Mountain” o Black Lips consegue caminhar na contramão de duas afirmativas que quase sempre estão corretas. Primeiro, mesmo enchendo o álbum com 16 canções não enjoa ou cansa em nenhum momento, o que é bastante difícil. Também prova que um som melhor produzido não faz mal se forem respeitadas as características da banda, o que Mark Ronson sabiamente fez. E assim no novo disco consegue achar justamente a burilada que faltava no seu som.

Sobre os discos de 2007 e 2009, passe aqui e aqui.         

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