quarta-feira, 6 de abril de 2011

"Jonny" - Jonny - 2011

Para o escocês Norman Blake fazer música parece uma coisa extremamente fácil. Com o Teenage Fanclub além de deixar sua marca em discos memoráveis, sempre elaborou canções com um incrível senso de melodia. Confirme isso ouvindo o mais recente trabalho da banda (“Shadows”, lançado ano passado). Em 2011 aos 45 anos, resolveu transformar um projeto junto com Euros Childs (da extinta Gorky’s Zygotic Mynci) em disco.
Jonny é o nome desse projeto e no começo desse ano disponibilizou um epzinho grátis na internet, lançando o álbum cheio logo em seguida pela ótima gravadora Merge Records, casa de nomes como Rosebuds, Destroyer e Caribou. Para ajudá-los na gravação a dupla de amigos convidou Stuart Kidd (ex-BMX Bandits, banda escocesa que Norman Blake já tocou) e Dave McGowan (muito amigo dos dois e do pessoal do Teenage Fanclub).
O disco traz treze faixas e traz muito mais a mão de Norman Blake do que de Euros Childs, mesmo que este coloque seus teclados em boa parte das músicas. A sonoridade que o Teenage Fanclub sempre usou está mais que presente no trabalho. Ela está lá em faixas como “You Was Me”, “Circling The Sun” (com um “pa, pa, pa...” viciante), “I Want To Be Around” e o primeiro single “Canyfloss”, um belo exemplo da excelência das melodias.
Mas o álbum também caminha para outras direções. A abertura com “Witch Is Witch” é um divertido jogo de palavras guiando um popzaço sessentista. Em “Waiting Round For You” faz a festa com boogie-woogie para em “Goldmine” encontrar os Stones. “English Lady” é melancólica e mostra uma harmonia que Paul McCartney ficaria feliz de ouvir, enquanto “The Goodnight” olha com carinho para Crosby, Stills, Nash And Young.
O lado meio “maluco” do Euros Childs só aparece com mais força em “Bread” que é quase uma trilha de desenho animado e em “Cave Dance” que em mais de 10 minutos sai da alegria extrema para uma viagem lisérgica setentista. “Jonny” é um disco que não traz nenhuma ousadia, o que no seu caso não é nenhum demérito, afinal de contas seu maior charme é justamente ir na contramão de modernismos baratos. Para escutar e cantar junto.

Nenhum comentário: