sábado, 30 de abril de 2011

"Thor" - 2011


Toda vez que alguma adaptação dos quadrinhos chega ao cinema tem o tradicional embate entre os devotos da série original contra aqueles que não entendem o universo em que o personagem foi concebido. Com “Thor” isso não seria diferente e tinha grandes chances de ser ainda pior, afinal de contas estamos falando de um Deus nórdico que desce a Terra para servir e proteger.

Adaptar “Thor” para a grande tela não era uma tarefa fácil, pois o seu universo é bastante complexo e quase sempre está envolto em uma rede de traição, honra, amores incondicionais e dúvidas. Quem analisa o filme sem conhecer os quadrinhos pode facilmente descambar para um lado falho e acabar fazendo correlações sem sentido e sem fundamento algum.

Antes de assumir o trono do reino místico de Asgard, Thor (Chris Hemsworth) faz uma série de besteiras prepotentes e é banido para Midgard (Terra) pelo seu pai Odin (Anthony Hopkins). Ao cair no solo terrestre provido dos poderes e de seu martelo Mjolnir, ele precisa reaprender os valores esquecidos na infância, como também impedir a destruição do lar pelo irmão.

Mesmo não gozando do mesmo prestígio de outros personagens da Marvel, Thor sempre manteve uma regularidade nas suas publicações e obteve assim um ótimo número de fãs, principalmente devido a qualidade das histórias. Hoje mesmo ele vem passando por um bom momento, em mais um renascimento coroado com adversidades e novas traições e questionamentos.

O filme funciona bem para os fãs, que assistem em pleno funcionamento a dourada cidade de Asgard, assim como bons retratos de personagens como Heimdall, Sif e Volstagg, além de um Loki muito bem feito por Tom Hiddleston. Os efeitos especiais dão aquele plus que uma produção desse tipo deve ter e as cenas de lutas são dignas de um competente filme de aventura e ação.

“Thor” é um bom filme e amarra mais ainda o longa dos Vingadores que virá (com a comentada cena depois dos créditos e a aparição do Gavião Arqueiro) e cumpre sua função de divertir. No entanto, o diretor Kenneth Branagh insiste em demasia na relação de Thor e a Terra por causa da paixão por Jane Foster (Natalie Portman) e isso acaba diminuindo muito os seus méritos.

quinta-feira, 28 de abril de 2011

"Três Sombras" - Cyril Pedrosa


O amor de um pai para com o filho é capaz de superar as mais diversas barreiras e problemas. A arte de uma maneira geral sempre retratou esse amor em suas obras. Mais recentemente podemos citar exemplos dessa devoção em livros como “A Estrada” de Cormac McCarthy (que ganhou um competente filme) e em histórias em quadrinhos como “The Walking Dead” de Robert Kirkman que traz o policial Rick Grimes fazendo de tudo para salvar o filho Carl.


Em “Três Sombras”, álbum em quadrinhos do francês Cyril Pedrosa que a Companhia das Letras lança esse ano dentro do selo Quadrinhos na Cia., com 268 páginas e tradução de Carol Bensimon, esse amor de pai e filho é mais uma vez retratado. Seu autor acostumado com trabalhos de cunho fantástico, visto que trabalhou na Disney em filmes como “Hércules” e “O Corcunda de Notre-Dame” usa desse expediente para criar uma história de amor e salvação.

Na época medieval uma família constituída de pai, mãe e filho vive feliz em um pequeno sítio bem longe do vilarejo mais próximo. A vida parece perfeita até que três sombras começam a aparecer com frequencia nas proximidades da residência, o que acaba levantando a suspeita e posteriormente o medo entre eles. Como as atenções parecem voltadas para o pequeno Joachim, o pai se enche de coragem e mesmo sem conhecer o mundo passa a percorrê-lo.

Desenhada em traços rústicos e usando o preto e branco (o que parece ter virado moda nos últimos anos) a história funciona bem na sua primeira metade, onde as adversidades são arremessadas no meio de uma vida pacata e cotidiana. O roteiro força muito esse lado tranquilo e feliz da família, mas mesmo incomodando vez ou outra, não chega a ser um problema. Mas na segunda metade a trama se perde e parte para o apelo ao fantástico sem muita direção ou rumo.

Ao final de “Três Sombras” pode-se analisar a história de amor universal que ele retrata olhando tanto para o lado de seus méritos quanto dos seus defeitos (o que acaba sugerindo um empate técnico), no entanto, o que mais deve ser levado em consideração é a relevância do lançamento em território nacional, o que sem dúvida vai atestar por fim o bom trabalho que o selo Quadrinhos na Cia. vem realizando com a publicação de obras diversas do mundo da nona arte.

terça-feira, 26 de abril de 2011

"Homens e Deuses" - 2011

No meio dos anos 90 em um mosteiro incrustado nas montanhas da Argélia, um pequeno grupo de monges franceses vive para ajudar a pobre população que mora nas aldeias em sua volta. Esses missionários que buscam praticar o bem guiados pela fé, também precisam conviver diariamente no seu mundo completo e encharcado de rotina. Mesmo em uma região predominantemente muçulmana, conseguem ser aceitos e respeitados pelos habitantes.

O filme “Homens e Deuses” é o mais recente trabalho do diretor francês Xavier Beavouis (que também se aventura como ator vez ou outra) e baseado em cartas dos monges reconstrói a obra desses homens nesse período complicado da Argélia. Enquanto praticavam seus atos, os religiosos precisam lidar com uma guerra civil e acabam se colocando na frente da linha de fogo entre os terroristas e o governo que atua de modo não menos violento.
“Homens e Deuses”
foi o vencedor do Grande Prêmio do Júri de Cannes em 2010 e apesar de não ser um filme excelente, cumpre muito bem seus objetivos e traz no corpo atuações consistentes e uma direção sóbria. Em vários momentos o longa poderia caminhar na estrada da comparação entre religiões e levantar a bandeira da paz de modo esplêndido. No entanto, opta por versar sobre a intolerância que se opõe sobre a bondade e a compaixão.
No momento em que o clima tenso se instala na película (e resolve não sair mais) e os monges se vêem acossados perante as duas frentes do conflito, a sensação de medo e desconforto consegue chegar com impacto relevante ao telespectador. A questão que se coloca não é a força em si de pessoas se opondo ao que acham injusto, mas a força de acreditar nos seus ideais e não vendê-los, por mais que a situação não seja nem um pouco favorável.
Enquanto uma boa parte do mundo continua no caminho de conflitos religiosos que não levam a nada, a não ser conquistas pessoais para um pequeno grupo de privilegiados, “Homens e Deuses” fala até poeticamente sobre como isso não faz nenhum sentido em qualquer cenário que se apresente. E em passagens como quando uma execução do “Lago Dos Cisnes” de Tchaïkovsky toca durante uma refeição, consegue a proeza de emocionar fortemente.

domingo, 24 de abril de 2011

"Castro" - Reinhard Kleist


Muito já se falou e escreveu sobre Fidel Castro. O líder cubano rendeu obras e mais obras no decorrer dos últimos 50 anos, tendo sido abordado praticamente com todos os olhares possíveis. Da reação de amor e esperança que despertou ao mundo no final dos anos 50 até se equiparar não muito tempo depois a aqueles que criticava. Sua figura ainda é tema de debates calorosos, por mais que hoje a destroçada ilha esteja nas mãos do seu irmão Raúl Castro.

O alemão Reinhard Kleist que já havia retratado em quadrinhos a história de Johnny Cash resolveu meter seu pincel também nesse vespeiro de emoções que é a vida da família Castro. Para tanto passou um mês em Cuba e leu ou viu diversos trabalhos que versam sobre o tema e que estão dispostos ao final do álbum. A linguagem visual utilizada por Reinhard Kleist mantém o pé na sobriedade do preto e branco, mas sem se limitar muito por isso.

“Castro” tem 288 páginas e chega pela editora gaúcha 8Inverso com tradução de Margit Neumann e Michael Korfmann. O álbum trata do começo de Fidel Castro ainda na fazenda dos seus pais quando cheio de ideologia buscava igualdade para os empregados até os dias atuais com ele em uma cama vestindo sua roupa da Adidas. A Revolução Cubana evidentemente toma conta de uma grande parte, assim como o envolvimento com Che Guevara.

Fatos marcantes como a invasão fracassada encomendada pela CIA na Baía dos Porcos e os 13 dias que abalaram o mundo na guerra dos mísseis também ganham destaque. Para contar a história, Kleist insere um fotógrafo alemão no meio dos tempos da revolução nos anos 50 e mantêm esse cidadão lá até a velhice, para assim poder retratar a esperança, “glória” e ruína do país. A retratação dos personagens é muito bem feita e cuidadosamente desenhada.

Na primeira parte do álbum fica clara a admiração do quadrinista pela figura de Fidel Castro. Mesmo que tal devoção fosse necessária para posteriormente contrapor de maneira melhor a esperança com a desilusão, percebe-se que Kleist aliviou a mão. Um dos maiores méritos de “Cash”, por exemplo, era o fato de retratar também o lado negro do artista, o que não ocorre com a intensidade que deveria em “Castro”, onde as atrocidades do regime são superficiais.

“Castro” traz o pacote de sonhos de uma geração e a criação de ícones que superaram a política para virarem personagens pop. Hoje, quando o regime de Fidel anuncia que seus planos não deram tão certo assim é interessante ver que no início temas como democracia e liberdade de imprensa eram o desejo, mas foram corrompidos pelos desmandos de uma família. Fidel sempre disse que a história o julgaria, mas no final não esperava que fosse do jeito que será.

sexta-feira, 22 de abril de 2011

“The Impossible Song & Other Songs” - Roddy Woomble - 2011

Depois do advento do cd e de todo esse mundo virtual que agora temos, fica difícil um disco te pegar logo pela capa. No entanto, quando se olha para a bela capa do novo álbum do escocês Roddy Woomble (Idlewild) já surge uma ótima impressão. Junte-se a essa primeira impressão o título “The Impossible Song & Other Songs” e lembre também de “My Secret Is Silence” o primeiro trabalho sozinho do músico em 2006.

Entre o disco de 2006 e o novo de 2011, Roddy Woomble trabalhou com sua banda e também envergou outro projeto junto com os músicos de folk Kris Drever e John McCusker que resultou no álbum “Before The Ruin” de 2008. Longe da cidade de Glasgow desde esse ano e morando em uma ilha com a família (onde o disco foi feito), o clima de paz, tranquilidade e certo otimismo parecem ser dominantes.

Para a nova viagem solo ele chamou o parceiro de banda Rod Jones (que fez um disco interessante no ano passado), além de Sorren Maclean e Jill O’Sullivan para lhe acompanhar nos vocais em algumas faixas. Woomble que sempre cantou muito bem, com a parceria feminina ao seu lado alcança pontos ainda mais bonitos. Violões, violas, pianos, banjos e bandolins se juntam a baixo e bateria para criar o clima das melodias.
Na abertura avisa-se que “um novo dia começou” e se instala um clima meio medieval que logo é cortado quando o vocal aparece. Também podemos ver essa ambientação em outras faixas como “Hour After Hour”. “Make Something Out Of What It's Worth” traz um belo piano ao fundo enquanto “Work Like You Can” fala sobre tomar o caminho certo e cresce quando a bateria entra, assim como ocorre na sessentista “Tangled Wire”.
O folk que dá a tonalidade do álbum demonstra outros contornos, como no indie pop magistral de “Roll Along” ou no folk rock de “Leaving Without Gold”. Em outras como “Living As You Always Have”, basta um violão para que Woomble preencha o ar com beleza. Em “New Frontier” o piano novamente conduz o tema e em “Old Town” temos pela primeira vez um ar mais pessimista, um pouco mais denso que o normal.
Porém, o melhor de “The Impossible Song & Other Songs” fica para o final. “Gather The Day” é daquelas canções que quase conseguem tocar o céu. O vocal dobrado com Jill O’Sullivan não pode ganhar adjetivos menores que sublime. E “Between The Old Moon” arremesa melancolia em doses fartas e belas para fechar um disco que na sua simplicidade e suave otimismo consegue por alguns minutos deixar o mundo um lugar melhor.
Site oficial:
http://www.roddywoomble.com

quarta-feira, 20 de abril de 2011

“Splice - A Nova Espécie” - 2010

Dois cientistas trabalham para criar uma nova espécie de vida originada da combinação do DNA de vários animais. A primeira intenção é o reconhecimento profissional, mas também tem um viés nobre, pois visa salvar a humanidade de algumas doenças pesadas como o câncer. Do outro lado do tabuleiro tem a empresa onde os dois trabalham e que só está preocupada em gerar patentes e dividendos para os acionistas.

Roteiro bem original não é? A idéia do diretor Vincenzo Natali passa longe de ganhar prêmios por sua inovação, mas como vivemos em um mundo onde a genética avança a passos largos, isso poderia gerar um bom filme com críticas para o futuro ou mesmo alguma aventura. “Splice - A Nova Espécie” (disponível em DVD) não consegue ser nenhuma coisa, nem outra e é um grande desperdício de tempo.

Clive (Adrien Brody) e Lisa (Sarah Polley) são os dois cientistas que em determinado momento do longa resolvem adicionar DNA humano na mistura da sua criação. Está lá escrito na cara de todo mundo que esse ato vai dar merda. E dá. Como dá. Os objetivos que antes pareciam justos e altruístas vão se misturando no decorrer do filme até se fundir completamente com psicologia barata oriunda de um livro chinfrim.
Além do roteiro fraco, confuso e extremamente ruim, a dupla de atores principais também não ajuda com suas atuações. Adrien Brody apresenta o que tem de melhor desde “O Pianista” de 2002, que é aquela cara de sofrimento, de tristeza. Mesmo quando está com raiva suas impressões revelam um panaca. Sarah Polley está completamente perdida e não consegue dar cara a nenhuma das fases que a personagem passa.
Da segunda metade em diante o que já era (muito) ruim começa a piorar. A torcida para que certos caminhos não sejam tomados é inútil. “Splice - A Nova Espécie” é um caso raro de como juntar tanta coisa ruim dentro do mesmo projeto. Chega a ser inacreditável. Nem como filme “b” consegue ir além, pois é fraco até para isso. Mas o pior de tudo é perceber que pode ter uma continuação no futuro. Chega até a dar medo.

segunda-feira, 18 de abril de 2011

"Ultralafa" - Daniel Lafayette

Um mágico fica triste e inconsolável quando é deixado em pleno palco pela assistente. Um homem das cavernas sente uma dor no coração quando tem que se separar de um osso, pois o usou em uma briga e ele ficou só sangue. Uma cerveja se empolga em uma mesa de bar jurando que é a saideira, enquanto as outras cervejas da mesa tiram barato desse desejo, afirmando que ela não é nem de perto a saideira.

A desilusão que se serve nas curtas histórias contadas acima está sempre acompanhada de um humor inconveniente e permeia boa parte de “Ultralafa”, o álbum em quadrinhos que o carioca Daniel Lafayette lança esse ano pela Barba Negra com 176 páginas. As tirinhas vem em uma roupagem gráfica bacana e com tons coloridos dando vazão para as idéias perturbadoras e muito divertidas do seu autor.
Mas não é somente desilusão que se serve em “Ultralafa”. Dividida em três “atos” (Dia a Dia, Mundo e Mundo Paralelo) o livrinho traz outras facetas. Um humor meio sacana está em tiras como a da tartaruga que está jogada na fossa, mas se anima e pede uma cerveja só para descobrir que só tem quente, ou da mulher que vende a alma para o diabo para comprar sapatos, mas estes não cabem no seu pé.
Daniel Lafayette também sente intenso prazer em sacanear personagens diversos da cultura pop para expor os seus pontos de vista. O Mickey leva um tiro, os Telettubies são uns cachaceiros incuráveis e os Ursinhos carinhosos não são tão doces assim. Já o Popeye rende uma tira engraçadíssima e bem sacada, enquanto Smurfs, Garfield e Dr. Octopus também são destronados em algum momento.
Daniel Lafayette produz em “Ultralafa” um livro extremamente engraçado e perspicaz. Com influência óbvia (e já exposta anteriormente) de nomes como Adão Iturrusgarai e Laerte guia seus estranhos personagens para situações pitorescas e constrangedoras, mas que ao mesmo tempo são mais rotineiras e comuns do que aparentam ser. Seus traços não perdoam ninguém, nem mesmo a si mesmo. Vale muito.
Blog do autor:
http://ultralafa.wordpress.com

sábado, 16 de abril de 2011

"Ordinário" - Rafael Sica

O cara sai rosnando de casa, encara o trânsito com mau humor e continua rosnando com a cara feia no trabalho. Quando chega de volta se joga na cama e chora como um cachorrinho enquanto garrafas de álcool estão espalhadas pelo chão. Esse é o teor de uma das 115 tiras que compõem “Ordinário” do paulista Rafael Sica, lançado ano passado pela Companhia das Letras no seu selo “Quadrinhos na Cia.”.

As tiras que foram feitas entre 2007 e 2010 são todas em preto e branco e não trazem nenhuma palavra ou conversa. O rabisco grosso e meio feroz de Rafael Sica trata basicamente sobre a solidão humana e a incomunicabilidade dos dias atuais. Em um mundo com cada vez mais pessoas, essa solidão se expande em diversas esquinas de uma cidade grande com extrema volúpia e vontade.
Os personagens que habitam “Ordinário” estão quase sempre se escondendo ou passando pela vida sem serem notados por ninguém. A crítica ao comportamento da sociedade atual também marca presença, como por exemplo, quando são retratados vários brinquedos vazios de um parque para fechar em um shopping extremamente lotado. Cigarros e tecnologia diária são passageiros constantes nessa viagem.
As figuras que transitam no universo de Rafael Sica trazem aquele ar cansado no rosto de uma vida guiada pelo piloto automático, sem graça e vivida escondida pelos cantos. Constantemente querem se livrar dessa vida, ou infligem males a si próprios, como quando um homem sai borrifando um spray (inseticida?) na cara de todo mundo para acabar borrifando nele mesmo sentado sozinho no quarto.
O caminho por qual “Ordinário” se conduz é uma constante nos dias de hoje. Em muitas tiras, por exemplo, a interpretação desse universo fica para os próprios leitores. Enquanto a facilidade da comunicação se espalha a uma velocidade gritante pela internet, essa mesma comunicação se extingue no mundo real para milhares de pessoas. Pode até não ser a intenção do autor, mas “Ordinário” faz pensar. E muito.
Blog do autor:
http://rafaelsica.zip.net

quinta-feira, 14 de abril de 2011

"Rio" - 2011

Quando “Rio” começa, vários pássaros voam e dançam em um ritmo alegre e contagiante, em meio a um cenário colorido e bonito. Esse toque de felicidade é estendido por toda a nova animação do diretor Carlos Saldanha (da franquia “A Era do Gelo”). Mesmo que em alguns momentos coisas ruins aconteçam, tudo é vertido mais para o tom de fanfarra do que propriamente a desgraça. Ela até existe, mas está muito encoberta no meio de tanta coisa boa.
Na sua nova animação Carlos Saldanha elabora um testemunho emocionante para sua cidade natal. O Rio de Janeiro aparece no que tem de melhor. Lá estão as paisagens estonteantes, a alegria da maioria dos seus habitantes e toda aquela aura de descontração que sempre lhe é vinculada. Os problemas ficam em segundo plano e nem poderia ser diferente, já que a intenção primordial de "Rio” é de ser um filme divertido e alegre, sem contra indicações.
Mas isso não quer dizer que seja um ótimo filme. É bonito? Sim, é muito bonito. É tecnicamente perfeito em criar detalhes e nuances? Sim, também é. O 3D funciona e faz diferença? Sim, e como funciona. Emociona? Em algumas passagens consegue esse feito. No entanto, falta a “Rio” um personagem que realmente se destaque e piadas que funcionem com mais frequencia. É tudo maravilhoso, etc. e tal, mas também é quase tudo plenamente esquecível.
Blu é uma arara azul que muito cedo é sequestrada e enviada para fora do país. Nos Estados Unidos encontra na menina Linda, uma parceira para o resto da vida. Quando anos depois um estudioso brasileiro chega a eles e informa que ele é o último macho da sua espécie e pede para sua dona que vá para o Rio de Janeiro a fim de salvar a espécie com a última fêmea que vive na cidade, Blu e Linda se metem em enrascadas para conseguir ficar juntos novamente.
Com uma trilha sonora bacana guiada por Sérgio Mendes (mas que poderia ser melhor se não tivesse tanta coisa internacional), “Rio” é um filme que explora a amizade e o amor com tons alegremente ostentados, mas esquece de produzir o algo mais. Por mais simpáticos que os personagens sejam (incluindo o Blu), não conseguem encantar. O único nome que realmente fica é o do amalucado cachorro Luís. O resto é bonitinho demais e ordinário de menos.

terça-feira, 12 de abril de 2011

"Collapse Into Now" - R.E.M. - 2011

Dá para imaginar a cena. Michael Stipe, Peter Buck e Mike Mills batem um papo sobre os rumos do R.E.M. “E aí, vamos gravar um disco novo?”, alguém deve perguntar em dado momento. Amigos acima de tudo, o trio toma um café aqui, enverga uma cerva ali e começa a programar o próximo álbum. “E quem vai produzir?”, ouve-se lá pelo meio. “Chama o Lee de novo, acho que estamos bem com ele”, alguém responde. “É mesmo. Vamos em frente então”.
Um disco novo do R.E.M. se não for inicialmente concebido assim, passa bem perto. A tranqüilidade que 30 anos de carreira trazem não é para se jogar fora, ainda mais para quem provavelmente deve ser a melhor banda da sua geração. São anos e anos caminhando na estrada sem se machucar muito e sem fazer algo em que não se acredita. Até a decisão de não sair em turnê em tempos em que todo mundo circula por aí, mostra que no R.E.M. nada se impõe.
“Collapse Into Now” traz doze faixas que compõem um disco ótimo e quase perfeito. Com produção de Garret “Jacknife” Lee (de “Accelerate” de 2008 e “Live At The Olympia” de 2009), o álbum foi gravado e masterizado em berços importantes da música como New Orleans e Nashville nos USA e no Hansa Studios em Berlim, berço de obras fantásticas como o “Heroes” de David Bowie e o “Lust For Life” do Iggy Pop. É fato que isso contagiou ainda mais o ar.
O R.E.M. sempre foi craque em abrir seus trabalhos e mais uma vez faz essa proeza. Em “Discoverer” Michael Stipe canta “Hey baby, isso não é um desafio/Significa apenas que eu te amo (...) Eu estava errado/Eu tenho sido um ridículo errado” para depois do clima inicial uma guitarra à la “Finest Worksong” aparecer e dar o toque especial característico da casa. Para quem conhece a banda desde o início é diversão garantida procurar ecos de outras fases pelas faixas.
“Collapse Into Now” tem um pouco de cada R.E.M. que nos foi apresentado desde “Chronic Town”, o EP de estréia em 1982. No entanto, pode ser entendido mais como a soma do “New Adventures in Hi-Fi” de 1996 e do “Accelerate” de 2008, com porções do “Document” de 1987. “All The Best”, “Mine Smell Like Honey”, “That Someone Is You” e “Alligator Aviator Autopilot Antimatter”, por exemplo, podiam pela urgência e melodia estar no último disco de 2008.
Já “Überlin” (presença garantida nas próximas coletâneas), “Every Day Is Yours To Win” e a climática e poderosa “Blue” que encerra o disco com Michael Stipe e Patti Smith duelando em uma base caótica e densa, poderiam ser da safra do “New Adventures In Hi-Fi”. Do lado mais tranqüilo temos a bela “Oh My Heart” (em show de Stipe, Buck e Mills), “Walk It Back”, “Me, Marlon Brando, Marlon Brando And I” e o pop ensolarado e melancólico de “It Happened Today”.
Ao acabar de escutar “Collapse Into Now”, também não fica difícil de imaginar uma cena ao final das gravações entre os músicos e o produtor. Alguém diz: “É, ficou bom, gostei do resultado”. Outro retruca: “Mas não ficou igual a coisas do passado? Será que vão gostar?”. “Fizemos um belo disco, nosso melhor em anos e fizemos isso com carinho e empenho. Se nós gostamos, é claro que vão gostar.” Pode parecer ingênuo, mas para o R.E.M funciona sempre assim. O mundo agradece.
Sobre o Accelerate de 2008, passe aqui.
Site oficial: http://remhq.com

domingo, 10 de abril de 2011

"Toque Dela" - Marcelo Camelo - 2011

Experiência: Coloque o disco novo do Marcelo Camelo para tocar. Se desligue de tudo que o mundo coloca a sua volta. Fique lá somente você e o som, sem nenhuma distração. Se dedique completamente para esse trabalho. Não deu liga? Tente novamente, afinal é o Marcelo Camelo, ele merece um pouco da sua consideração. Mesmo assim não foi? Faça mais uma tentativa. Busque olhar para os timbres e a delicadeza. Nada ainda? É. Talvez o problema não seja seu então.
“Toque Dela” chega às lojas agora em abril e encaminha cada vez mais seu criador para o mundo do ame-o ou odeie-o. Os fãs de Los Hermanos provavelmente vão abraçar o músico e indicar essas composições com adjetivos como “geniais” ou “maravilhosas”. Os detratores e saudosistas de plantão, não obstante classificarão o trabalho como “chato” ou “sonolento”. Nem tanto lá quanto cá seria o correto, porém a única certeza que fica é que Camelo ainda não se encontrou.
Se “Sou” de 2008 podia ser entendido como uma seqüência natural do último disco da sua banda (o “4”) e mesmo com todas as falhas mostrava um artista inquieto, sem querer ficar preso no passado, mostrava também a procura de um caminho. Seria lógico traduzir então que depois de tocar o novo repertório e terem se passados três anos, o novo álbum já seria mais coeso e ostentaria melhor a indicação do caminho a ser seguido, dos objetivos a serem alcançados.
No entanto, “Toque Dela” encontra-se no mesmo patamar de “Sou”, o que chega a ser desestimulante. Do lado positivo temos um trabalho mais alegre e apaixonado por conta e obra da presença da namorada Mallu Magalhães na vida de Camelo, como também mais curto, o que favorece o consumo. Por outro lado, as canções novamente se alternam em bons momentos (“A Noite”, “Três Dias” e “Meu Amor é Teu”) com outros pouco inspirados ou pretensiosos demais.
Bons exemplos são o indie pop de “Ôô” e a horrenda versão para “Despedida” (música do próprio Camelo gravada anteriormente por Maria Rita), onde há um desejo imenso de andar pela praia dos baianos Caetano, Gil, Gal e Bethânia. Aliás, essa parece ser na verdade a única estrada que “Toque Dela” consegue alcançar, o da canonização do seu criador em contrapartida com os monstros sagrados da Mpb nacional. Tudo indica que é lá que ele deseja estar a todo custo.
Instrumentalmente pode-se afirmar que “Toque Dela” é um bom trabalho, afinal o grande destaque de “Sou” que era os paulistanos do Hurtmold está lá novamente. Porém, depois da quarta ou quinta escutada do álbum o que fica mesmo é a vontade que tudo fosse melhor, afinal, talento Marcelo Camelo já provou que tem, mesmo com todos os superlativos que lhe foram arrematados. Só que enquanto ele continuar cantando sobre marinheiros e morenas, fica difícil de acreditar.
Sobre “Sou” de 2008, passe aqui.
Site oficial: http://www.marcelocamelo.com.br

sexta-feira, 8 de abril de 2011

Séries - "Os Vingadores: Os Heróis Mais Poderosos do Planeta"

Quando se pensa em série animada oriunda dos quadrinhos, muito provavelmente deve se lembrar primeiro da Liga da Justiça, que foi sucesso tanto de crítica quanto de público e gerou diversos dividendos para a DC nas mais distintas áreas. A Marvel também tem seu grande grupo de heróis e no final do ano passado já com o apoio da Disney (que a adquiriu) desembarcou com um novo projeto para eles.
“Os Vingadores: Os Heróis Mais Poderosos do Planeta” (“The Avengers: Earth's Mightiest Heroes” no original) passa no canal Disney XD na tevê fechada e conta a história do grupo criado em meados de 1963 por Stan Lee, Jack Kirby e Dick Ayers. A Marvel já tinha outras boas séries de animação usando Homem Aranha, Wolverine e os X-Men, entre outras, mas atinge seu melhor ponto com essa nova proposta.
A série é mais um produto que vem na esteira do tão esperado filme dos Vingadores que ganha contorno a cada ano (e mais ainda em 2011 com a estréia de “Thor” e “Capitão América”) e usa elementos tanto das histórias clássicas dos quadrinhos quanto de outros passos que foram adicionados e/ou alterados no decorrer do tempo. A quantidade de respeito com a origem é um dos pontos fortes.
“Os Vingadores” traz nomes importantes no seu entorno. A co-produção executiva, por exemplo, é de Joe Quesada e Stan Lee e a consultoria criativa fica com Chris Fondacaro. Grande parte da concepção geral e do roteiro não apelam para se igualar aos concorrentes, apesar de ter um punk pop como tema (como várias outras séries) e intensificar demais o humor de certos personagens, como o Hank Pym.
Os primeiros episódios atualizam a formação do grupo para dias mais atuais e mostram Homem de Ferro, Hulk, Thor, Homem Formiga e Vespa se unindo para consertar uma fuga em massa da prisão. Depois disso, cada um desses formadores ganha um episódio para que se conheça mais das origens, como também relacionar todos os integrantes com o perigo que a trama vai adicionando pouco a pouco.
Personagens vão sendo adicionados como Capitão América, Viúva Negra, Gavião Arqueiro, Magnum e Pantera Negra, além de vilões como Encantor, Loki, Barão Zemo, Kang e M.O.D.O.K. O roteiro mesmo tendo seu ponto forte nas cenas de ação, consegue costurar todos os envolvidos sem transformar tudo em um balaio de gatos sem sentido feito somente com o intuito de agradar os fãs.
Os Vingadores já haviam ganhado uma série no final dos anos 90, mas nem pode ser comparada com essa. Com a entrada da Disney no jogo, finalmente a Marvel coloca no mercado um trabalho de qualidade que agrada em cheio tanto os antigos fãs dos quadrinhos, como tem poder para encantar milhares de novos seguidores que não conhecem esses clássicos personagens e suas histórias.

quarta-feira, 6 de abril de 2011

"Jonny" - Jonny - 2011

Para o escocês Norman Blake fazer música parece uma coisa extremamente fácil. Com o Teenage Fanclub além de deixar sua marca em discos memoráveis, sempre elaborou canções com um incrível senso de melodia. Confirme isso ouvindo o mais recente trabalho da banda (“Shadows”, lançado ano passado). Em 2011 aos 45 anos, resolveu transformar um projeto junto com Euros Childs (da extinta Gorky’s Zygotic Mynci) em disco.
Jonny é o nome desse projeto e no começo desse ano disponibilizou um epzinho grátis na internet, lançando o álbum cheio logo em seguida pela ótima gravadora Merge Records, casa de nomes como Rosebuds, Destroyer e Caribou. Para ajudá-los na gravação a dupla de amigos convidou Stuart Kidd (ex-BMX Bandits, banda escocesa que Norman Blake já tocou) e Dave McGowan (muito amigo dos dois e do pessoal do Teenage Fanclub).
O disco traz treze faixas e traz muito mais a mão de Norman Blake do que de Euros Childs, mesmo que este coloque seus teclados em boa parte das músicas. A sonoridade que o Teenage Fanclub sempre usou está mais que presente no trabalho. Ela está lá em faixas como “You Was Me”, “Circling The Sun” (com um “pa, pa, pa...” viciante), “I Want To Be Around” e o primeiro single “Canyfloss”, um belo exemplo da excelência das melodias.
Mas o álbum também caminha para outras direções. A abertura com “Witch Is Witch” é um divertido jogo de palavras guiando um popzaço sessentista. Em “Waiting Round For You” faz a festa com boogie-woogie para em “Goldmine” encontrar os Stones. “English Lady” é melancólica e mostra uma harmonia que Paul McCartney ficaria feliz de ouvir, enquanto “The Goodnight” olha com carinho para Crosby, Stills, Nash And Young.
O lado meio “maluco” do Euros Childs só aparece com mais força em “Bread” que é quase uma trilha de desenho animado e em “Cave Dance” que em mais de 10 minutos sai da alegria extrema para uma viagem lisérgica setentista. “Jonny” é um disco que não traz nenhuma ousadia, o que no seu caso não é nenhum demérito, afinal de contas seu maior charme é justamente ir na contramão de modernismos baratos. Para escutar e cantar junto.

segunda-feira, 4 de abril de 2011

"Abutres" - 2010

O mundo é um lugar repleto de podridão e sujeira com gente fazendo de tudo para se dar bem de qualquer modo. Danem-se a ética, os bons costumes e a compaixão. O que importa é grana no bolso, o resto é balela. Mas você já sabia disso não? Basta dar uma olhadinha mais atenta nas notícias da tevê ou internet e no mundo a sua volta que fica fácil perceber. E mesmo que ainda haja bondade espalhada por aí, ela parece cada vez mais encoberta por essa imensa carga de lama.
Disponível em DVD, o filme argentino “Abutres” de Pablo Trapero (de “Leonera” e “Nascido e Criado”) é mais um exemplo do rumo que a humanidade insiste em percorrer. No longa são explorados os acidentes de trânsito no país, que causam mais de 20 mortes por dia, passa dos 600 por mês e na última década alcançou a incrível marca de 100.000 casos fatais. Uma guerra silenciosamente travada, que como todo guerra gera dividendos e lucros oriundos da dor e sofrimento.
Sosa (Ricardo Dárin) é um advogado que perdeu a sua carteira profissional por algum motivo não contado e hoje ganha a vida trabalhando em uma empresa que cuida das indenizações dos acidentes ocorridos. Ele é um dos “abutres” do título e não mede esforços para conseguir representar as famílias, assim como forjar causas contra as seguradoras. Tem esquema com a polícia, hospitais, paramédicos, mecânicos. Nada passa impune e todo mundo leva o seu no processo.
Cansado (mas não arrependido), ele resolve sair dessa máfia depois que um caso dá terrivelmente errado. Mas como se sabe, nessas situações não é tão simples assim cair fora quando se quer. No meio disso ele vê em Lújan (Martina Gusman, que já trabalhou em outros filmes do diretor) um fato novo, uma paixão que deixa o seu mundo um pouco menos infesto. Porém, enquanto a calma vem é fácil perceber que uma grande tempestade já se avizinha no horizonte.
Além de um roteiro bem conduzido e um final que não apela para saídas fáceis, o grande esteio no qual “Abutres” se ampara é a atuação de Ricardo Dárin. Impressiona como esse cara se tornou um grande ator. Em filmes mais antigos como “Nove Rainhas” de 2000 e “O Filho da Noiva” de 2001 isso já transparecia, mas é em trabalhos recentes como esse “Abutres”, além do excelente “O Segredo Dos Seus Olhos” de 2010 e “XXY” de 2007, que isso ganha muito mais força.
A direção de Pablo Trapero não deixa dúvidas que o perdão não tem lugar em “Abutres” e a redenção que seria um sonho quase impossível, mesmo assim não é tão desejada como deveria. Todos se sujam, só depende se trará beneficio ou não. Ideais são arremessados no ralo quando se percebe que o que está em jogo é o seu lado. Até as boas ações que parecem querer surgir aqui e ali são cortadas na primeira chance. Afinal, não tá fácil pra ninguém não é mesmo?

sábado, 2 de abril de 2011

Iron Maiden - Cidade Folia (Belém/PA) - 01.04.2011

Iron Maiden em Belém. A notícia quando começou a ser vinculada gerou surpresa e uma imensa gama de piadas, afinal o dia do show seria 1º de abril. Para uma cidade extremamente carente de shows de rock de grande porte, os sustos e comentários eram plenamente compreensíveis. No dia da apresentação então, a coisa se intensificou. Preconceito, desconhecimento e devoção andavam de mãos dadas com uma intimidade alarmante.
Tudo ocorreu muito bem, o que de certa maneira foi até surpreendente. Trânsito tranquilo, acesso fácil e saída idem. Até o suporte de bebidas e comidas mesmo não sendo espetacular era bem bom. Antes do show, o espaço do Cidade Folia parecia uma imensa área de recreio da escola. Amigos e conhecidos de tempos idos se confraternizavam e bradavam gritos de guerra. Gritos que hoje com outra vida encaminhada talvez fossem mais prazerosos que outrora.
O clima era muito bom. Quando o Stress subiu no palco para fazer a abertura melhorou ainda mais. Bala Roosevelt é um figuraça do rock local e estava visivelmente empolgado por fazer parte desse dia. Foi um ótimo aquecimento. Agora era esperar a Donzela de Ferro subir no palco e realizar o catarse coletivo que se esperava. Enquanto isso o ideal era beber o maior número possível de cerveja e papear com os amigos que se acumulavam ao lado.
Nunca fui um fã extremado do Iron Maiden, por mais que tenha escutado bastante na adolescência, mas hoje isso parece muito distante. Porém, quando Bruce Dickinson, Steve Harris e Cia. começaram a tocar, uma certa emoção prevaleceu. Afinal estávamos em Belém e via-se uma banda importante do rock mundial se apresentando. O que era surreal até dias atrás se transformava em realidade, para emoção da mais variada gama de pessoas.
O show começou com duas músicas do disco do ano passado e que dá nome a turnê: “Satellite 15.....The Final Frontier” e “El Dorado”. A empolgação era grande, mas foi com “2 Minutes To Midnight” que realmente tomou corpo. Daí em diante vários clássicos foram apresentados: “The Tropper”, “The Evil That Men Do”, “Fear Of The Dark” e “Iron Maiden”, que em maior ou menor escala invariavelmente eram cantados pelo público presente.
Depois de cantar esses sucessos, mas longe de ainda estar exausto, o público teve o bis com “The Number Of The Beast”, “Hallowed Be Thy Name” e “Running Free”. Faltaram canções? É claro que sim. Afinal um grupo com o número de discos do Iron sempre vai ter problemas em agradar todo mundo. Faltaram “Be Quick or Be Dead” e “Run to the Hills”, por exemplo, mas teve o Eddie no palco, Bruce correndo e pulando, e muitas outras coisas mais.
As 11 e pouco da noite após pouco mais de duas horas de show enquanto os corpos das mais de dez mil pessoas presentes se carregavam (alguns literalmente) para a saída, a satisfação era visível no semblante de todos. A apresentação do Iron em Belém teve tudo o que se espera primordialmente de um show: diversão, sorrisos, confraternização e muita música cantada a plenos pulmões e serve para trazer esperança para a inexpressiva história de shows da cidade.
P.S:
A foto é do show de São Paulo, pois não achei nenhuma foto bacana do show de Belém.