domingo, 27 de março de 2011

“Eu Sou do Tempo em Que a Gente Se Telefonava” - Blubell - 2011

Quantas cantoras foram classificadas como a próxima musa da música brasileira nos últimos anos? Várias já carregaram essa promessa e pouquíssimas conseguiram realmente se firmar. Uma nova geração vem surgindo e novamente a imprensa começa a eleger e glorificar demasiadamente suas virtudes antes do tempo. Principalmente em cima da chamada nova vanguarda paulista há um excesso em cima de artistas que ainda tem muito o que mostrar.
Isabel Garcia, mais conhecida como Blubell, é um desses exemplos. Por mais que ao que tudo indique ela não esteja muito interessada nesse hype (no clipe de uma das suas canções aparece um cartaz escrito “Diva é a Mãe!”), boa parte dos formadores de opinião mais uma vez vem exagerando e cravando virtudes e depoimentos definitivos como se troca um disco, o que mais prejudica do que ajuda na grande maioria dos casos. Infelizmente é assim que funciona.
“Eu Sou do Tempo em Que a Gente Se Telefonava”, no entanto, se analisado sem os superlativos que tentam lhe adicionar é um disco bem interessante. Desde o ótimo título (ainda mais para pessoas acima de 30 anos que na juventude usavam somente o telefone como comunicação), passando pela bela capa e pelo clima retrô e jazzístico que dá o tom do trabalho. São 12 canções que mostram um caminho bacana a ser seguido e que soa espontâneo.
Blubell assina quase todas as letras e músicas (em três faixas é responsável somente pela segunda parte) e por mais que o seu tom de voz incomode em algumas passagens, exerce domínio sobre todo o álbum. A cama em que as canções são executadas é um grande destaque. Daniel Müller (piano), Rui Barossi (baixo), Beto Sporleder (sax e flauta) e Guilherme Marques (bateria) do grupo de jazz À Deriva são os responsáveis para que isso ocorra.
"Eu Sou do Tempo em Que a Gente Se Telefonava” é agradável e traz boas canções como “Chalala” (que fez parte do seriado “Aline” da Globo), “My Best”, “Mão e Luva” e a ótima “Good Hearted Woman” com participação de Tulipa Ruiz, outra musa da cena paulistana (e que a Rolling Stone tascou um “nasce uma estrela” na última edição). Não é espetacular como tentam que seja e não promete nenhuma salvação, apenas um futuro promissor. Vamos com calma.
Twitter: http://twitter.com/lablubell

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