sábado, 5 de fevereiro de 2011

"O Vencedor" - 2011

Pelos idos dos anos 80, os Titãs marotamente cantavam “família, família...” em uma crítica bem humorada contra essa instituição da nossa sociedade. Uma instituição que deve ser preservada e mantida, pois pode fundamentar o alicerce de uma vida. Porém, há também boas chances dessa família prejudicar, por mais que traga consigo o intuito de ser útil, como foi no caso do norte americano Micky Ward, que tem sua vida retratada no ótimo “O Vencedor”.
Mick Ward foi um pugilista que teve uma carreira mediana, terminando com 38 vitórias e 13 derrotas, mas que chegou ao título da União Mundial de Boxe, por mais que nunca tenha conseguido o da cobiçada Federação Internacional. Ficou conhecido também no meio do esporte pelas lutas com o canadense Arturo Gatti em 2002 e 2003. Hoje vive bem, mas na maior parte da carreira serviu de “escada” para outros lutadores alcançarem vôos maiores.
Se no campo do esporte Mick Ward foi apenas mediano, na vida pessoal conseguiu muito mais e é nessa parte da história que o diretor David O. Russell (de “Três Reis”) concentra sabiamente a maior parte dos esforços de “O Vencedor”. Criado sob a sombra do meio irmão Dick Eklund (Christian Bale com direito a diversos superlativos para sua atuação), Mick Ward (um Mark Wahlberg cada vez melhor) é soterrado diariamente com seus sonhos.
O meio irmão é famoso na região de Lowell onde mora, pois quando era pugilista derrubou o grande Sugar Ray Leonard, apesar de muitos desconfiarem que foi apenas um escorregão. Hoje se entrega ao vício do crack e junto com a mãe (Melissa Leo) “administra” a carreira de Micky em uma comédia de erros consecutivos. Charlene (Amy Adams muito bem) começa a namorar o desolado boxeador e as coisas começam a ser diferentes.
Tendo o boxe como tema e título de “O Vencedor”, o filme pode ser confundido à primeira vista com aquelas histórias de superação fantástica, o que não é o caso. Por mais que sim, chegue a isso em certo momento, trata-se apenas de um adendo, já que o foco principal está na família disfuncional, retrógada e maluca do personagem principal. Mesmo com Mark Wahlberg bem, é Christian Bale que toma conta do show de uma forma que até assusta.
Com um elenco para lá de afiado em mãos, David O. Russell é quase magistral em proporcionar ao telespectador não somente todos os clichês que podem ser indevidamente relacionados ao filme, mas também uma história sufocante (por mais que cômica em alguns momentos) e avassaladora de como se jogar uma vida fora e como recuperar outra. “O Vencedor” está concorrendo a 7 estatuetas no Oscar desse ano e justamente merece cada indicação.

Um comentário:

Anônimo disse...

Análise estonteneante aqui, postagens como aqui está destacam a quem quer que ler nesta página :)
Entrega mais de este blog, a todos os teus cybernautas.