segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

“Different Gear, Still Speeding” - Beady Eye - 2011

O Oasis decretou seu fim, os irmãos Gallagher trocaram mais algumas farpas e cada um foi para o seu lado. Isso já se sabe tem algum tempo, assim como sabe-se que Liam juntou os ex-comparsas de banda Gem Archer e Andy Bell para formar um novo grupo chamado Beady Eye. A grande questão então era: Será que o disco vai ter alguma coisa boa ou será um mero pastiche do (já pastiche) Oasis?
A começar pela capa e pelas primeiras impressões o resultado não seria lá grande coisa e na verdade, quem poderia esperar outra coisa? O cérebro por trás do Oasis era Noel e disso ninguém tinha a menor dúvida. Como Liam comandaria músicos até competentes, com passagens boas por bandas como Heavy Stereo e o ótimo Ride, se até então sua produção tinha sido extremamente sem relevância?
Quando as 13 faixas de “Different Gear, Still Speeding” acabam de passar no player, é difícil até assimilar que o Beady Eye conseguiu produzir algo bom diante de tanta desconfiança (completamente justificável, que se diga). Com a inclusão de Chris Sharrock para completar o time, Liam começou a virar o jogo quando contratou Steve Lillywhite (de U2, Morrisey e Rolling Stones) para a produção.
Steve Lillywhite pegou as canções do grupo e deixou de acordo com a sonoridade que Liam tanto gosta, focando diretamente para os anos 60 e 70, sem trazer muitas invencionices ou mesmo uma lapidação exagerada. A banda aproveitou os rumos do bom último disco do Oasis (“Dig Out Your Soul” de 2008) e fez um trabalho superior a álbuns como o “Don’t Believe The Truth” de 2005, por exemplo.
Evidente que a comparação com o Oasis será muito traçada quando “Different Gear, Still Speeding” for tocado por aí e não dá para fugir completamente dela, por mais óbvio que seja. No entanto, seria covardia compará-lo com os dois primeiros discos lançados em 1994 e 1995. Tem que é se reconhecer que Liam se virou muito bem sem o apoio do irmão, um craque em elaborar melodias e canções pungentes.
Logo no rockão de abertura com “Four Letter Word”, temos um “nada dura para sempre” cravado ali pelo meio dos acordes. No geral, a sonoridade é fundamentada nos tão amados Beatles e Rolling Stones além de outras bandas do período (com direito até a um Led Zeppelin III eficiente em “Millionaire”), mas não foge da pegada do britpop como mostram as faixas “Wind Up Dream” e “Three Ring Circus”.
Seria um exercício e tanto de previsão afirmar se o Beady Eye durará ou se a “queda” do Oasis não é mais um truque de marketing para o futuro. Dos irmãos Gallagher pode-se esperar quase tudo. O que dá para dizer é que “Different Gear, Still Speeding” é um bom disco de rock e anotar quando Liam canta em “Beatles And Stones”: "Vou resistir ao teste do tempo/como Beatles e Stones." Será? É pagar para ver.
Site oficial: http://www.beadyeyemusic.com

domingo, 27 de fevereiro de 2011

"Bruna Surfistinha" - 2011

O enredo da história é aquele mesmo de tantas outras vezes. A pessoa tem uma adolescência complicada e resolve trilhar um caminho diferente do que todos esperavam. No decorrer desse caminho existem momentos intensos de provação, até que chega a fama e o reconhecimento que logo vão trazer consigo drogas e álcool. A pessoa então cai, passa por uma via crucis no inferno, mas consegue se recuperar e alcança a redenção no final de tudo.
Independente de ser um artista, um esportista, um político ou mesmo um cidadão comum, esse enredo já foi contado inúmeras vezes no cinema alcançando na maioria das vezes resultados medianos, por mais que tenhamos também exemplos de grandes trabalhos. A trajetória da paulista Raquel Pacheco, mais conhecida em todo o Brasil como “Bruna Surfistinha”, traz no seu cerne basicamente a mesma coisa e um resultado igualmente mediano.
Olhando o filme “Bruna Surfistinha” somente como cinema, o resultado é muito baixo. Deborah Secco embora seja infinitamente mais bonita que a Raquel Pacheco original, não consegue convencer no papel, principalmente no ínicio quando contracena com a geração do colégio da moça. Nos momentos de maior sensualidade e malandragem, ela até que se sai bem (e preenche a tela com ótima forma), o que acaba compensando um pouco as passagens ruins.
Agora se olharmos apenas para a questão do entretenimento e do conseqüente apelo comercial do filme, “Bruna Surfistinha” tem tudo para alcançar ótimos números de público, como o próprio dia da estréia já demonstrava nas filas do cinema. A história da menina que saiu de casa jovem para ganhar a vida como prostituta nas ruas de São Paulo e virou celebridade por conta de um blog das suas experiências, traz os ingredientes necessários para o sucesso.
O diretor Marcus Baldini apenas circunda os temas espinhosos que se sugerem, fazendo uma imensa novela como é comum no cinema nacional. “Bruna Surfistinha” não é um bom filme, mas acaba sendo um razoável entretenimento, já que essas coisas necessariamente não precisam andar juntas. Vai servir para deixar Deborah Secco (atual capa da Rolling Stone) mais famosa e inserir alguns milhares de reais nas contas dos envolvidos diretos e do pessoal da pirataria.
Site da Bruna Surfistinha: http://naonaopara.virgula.uol.com.br/brunasurfistinha

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

"50 Anos a Mil" - Lobão com Cláudio Tognolli

“A partir de agora, vou contar uma história de amor louca, insólita, humana, demasiadamente humana, imprevisível, improvável, mas bem real: a história da minha vida, que se mescla e se confunde com a da minha geração, do nosso país e do nosso tempo. (...) É uma história cheia de vida, de intensidade e de revelações, que incide no presente e se projeta em direção ao futuro.” Assim se apresenta a biografia de João Luiz Woenderbag, mais conhecido como Lobão.
Poucas vezes a apresentação de uma biografia resume tão bem o que será lido posteriormente quanto essa “50 Anos a Mil”, que Lobão escreveu junto com o jornalista Cláudio Tognolli e que a Editora Fronteira lançou no final de 2010 com 596 páginas. Um dos nomes mais controversos da música nacional, o que de certa forma apagou um pouco a qualidade da sua obra, é uma fonte quase inesgotável de causos e de uma vida, louca vida, como diz uma das suas canções.
Quem está acostumado as declarações fortes e ácidas se deparará com um cara amável (por mais que estranho) na infância e adolescência, antes de adentrar o mundo da música e acentuar sua personalidade forte, assim como seus medos e absorção de diversas peculiaridades oriundas de uma família problemática. De baterista do Vímana no final dos anos 1970 (banda com Lulu Santos e Ritchie) até a vida como apresentador da MTV, temos Lobão na sua melhor forma.
O temperamento de Lobão transparece em vários episódios, como na saída da Blitz no começo do sucesso da banda que seria um dos maiores fenômenos do showbiz brasileiro, preferindo ir para uma carreira solo. No decorrer de “50 Anos a Mil”, essa crença pela qualidade do próprio trabalho é uma constante. Por mais que diversas vezes haja questionamentos de vida e até mesmo tentativas de suicídio, a música quase sempre não é questionada por ele.
Constantemente na contramão da história, mesmo que em alguns momentos acabe sucumbido a tudo que critica, Lobão tem excelentes trabalhos como “Vida Bandida” de 1987 e “A Vida é Doce” de 1999 e conta sua história com o humor que sempre demonstrou, fazendo assim da sua biografia uma leitura extremamente prazerosa. Podemos até duvidar de algumas situações narradas por ele, mas como se trata de quem é, tudo acaba sendo plenamente possível no final das contas.
Site Oficial: http://www.lobao.com.br Twitter: http://twitter.com/lobaoeletrico

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

"Crônicas Birmanesas" - Guy Delisle

O canadense Guy Delisle é persona non grata em países como a China e a Coréia do Norte. O ilustrador e animador passou por eles a trabalho e cunhou suas impressões em diários de viagens que resultaram nos quadrinhos de “Shenzhen” e “Pyongyang”. A Zarabatana Books publicou essas obras aqui anos atrás em conjunto com a última, “Crônicas Birmanesas”, onde conta suas impressões sobre a Birmânia e/ou Myanmar, um país no sul da Ásia.
O motivo que levou Guy Delisle a não ser bem quisto nos países em que visita e posteriormente retrata nos quadrinhos, é porque em todos eles escancara a deformidade do regime político do país e as conseqüências que são geradas para a população. Agora difere bastante do (ótimo) discurso de nomes como Joe Sacco e usa uma verve extremamente bem humorada e levantando de modo sucinto questões que podem ser mais explanadas.
Ao ler “Crônicas Birmanesas” que foi lançado aqui em 2009 e tem 267 páginas, vemos um autor que dessa vez não foi (pelo menos diretamente) a trabalho e sim acompanhar a esposa que passaria um ano lá por conta dos Médicos Sem Fronteiras. Com um pequeno filho para cuidar, a visão de Guy Delisle continua perspicaz e faz o leitor mergulhar em uma cultura plenamente diferente, retratando esta com o habitual traço e uma certa rabugice.
Para quem conhece as obras anteriores, esse “Crônicas Birmanesas” não aponta nada de extremamente novo, mas existem pequenas variações. A mais visível é o encontro com a paternidade que rende momentos bem explorados. Na contramão disso, no entanto, o tom rabugento é mais ampliado que anteriormente e se torna chato em algumas passagens, além do fato que a visão de “primeiro mundo” sobre os “países menores” às vezes incomoda.
Mas esse lado ruim não chega a atrapalhar muito e “Crônicas Birmanesas” é uma leitura bem aprazível, que parece contada por um amigo recém chegado de viagem. Uma das maiores vantagens da leitura sempre foi transportar quem lê para outras culturas e outros países sem precisar levantar da cadeira de casa, e isso é plenamente explorado nos álbuns de Guy Delisle. É para ler e sorrir, como também refletir sobre os modos da política em geral.

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

"Se Rasgum Clássica" com Aeroplano - Café Com Arte (PA) - 25.02.2011

Nesta sexta feira, dia 25 de fevereiro de 2011, o Aeroplano lança seu disco de estréia intitulado "Voyage", na tradicional festa "Se Rasgum Clássica" no Café com Arte. Antes a banda passa pela Saraiva Megastore para tocar de modo acústico as canções do primeiro trabalho à partir das 19 horas.
Vale muito a pena.

domingo, 20 de fevereiro de 2011

"Bravura Indômita" - 2011

Nos últimos anos, os irmãos Joel e Ethan Coen fizeram filmes como o esplêndido “Onde Os Fracos Não Tem Vez” (2007) e o ótimo “Um Homem Sério” (2009). Depois desse último resolveram então arrumar uma grande sarna para se coçar. Optaram por refilmar um clássico dos anos 60 do diretor Henry Hattaway, que conduziu John Wayne ao seu único Oscar da carreira. Um remake feito pela dupla gerou desconfiança em um primeiro momento.
No entanto, ao acabar a sessão de “Bravura Indômita”, conclui-se que novamente a dupla conseguiu realizar um excelente trabalho. A história da jovem Mattie Ross (Hailee Stenfield) na procura de vingança pelo assassinato do seu pai por um funcionário, ganha todo o tratamento que os filmes dos Coen costumam ter, por mais que o cinismo tenha sido diminuído, e tenha ficado a opção por realizar uma obra mais sóbria, um faroeste tradicional.
Quando a jovem de 14 anos busca contratar um policial federal para caçar o culpado pela morte do pai, depara-se com um beberrão de primeira, o caolho Rooster Cogburn (papel anteriormente de John Wayne, agora interpretado por Jeff Bridges). Mesmo com todos os sinais indicando não ser uma boa idéia sua contratação, Mattie parece ver algo mais nele e remete a uma frase de Platão: "Não é preciso que a bondade se mostre; mas sim é preciso que se deixe ver."
Ao sair nessa inusitada caçada atrás de Tom Cheney (Josh Brolin) nos territórios indígenas dos USA de 1870 e pouco, a criança e o caolho ainda tem um Texas Ranger cruzando seu caminho. La Boef (Matt Damon) também está caçando o fugitivo e coloca a serviço da trama uma inexperiência e ambigüidade que vão servir de contraponto em várias ocasiões. Conflitos pessoais e diálogos bem elaborados servem de pano de fundo para que a película se desenvolva.
Em “Bravura Indômita”, os irmãos Coen mostram classe em uma adaptação vigorosa e com elenco em grande forma, com destaque para Hailee Stenfield, extremamente à vontade. É um filme para ser entendido por vários aspectos, mas primordialmente sobre os olhares da coragem e da bondade, que por serem tão antigas quanto o tempo remetem a outra velha afirmativa, dessa vez de Voltaire: "Todo homem é culpado por todo bem que ele não fez."
Sobre “Um Homem Sério”, aqui. Sobre “Onde Os Fracos Não Tem Vez”, aqui.

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

"O Besouro Verde" - 2011

O seriado “O Besouro Verde” estreou na televisão nos anos 60, ganhando fãs e toda uma aura cult posteriormente, devido principalmente a presença de Bruce Lee nele. O ator Seth Rogen de “Ligeiramente Grávidos” e “Segurando As Pontas” é um desses fãs que a série acumulou com o decorrer dos anos. É dele que resultou grande parte do empenho para que a idéia original fosse convertida em um filme dentro dos padrões atuais e para todo um novo público.
O longa passou por diversos problemas na produção, trocou de diretor, de atores e ficou meio à deriva. Seth Rogen então partiu para uma ofensiva e conseguiu o diretor Michel Gondry (de “Brilho Eterno de Uma Mente Sem Lembranças”) para dirigir e assinou o roteiro junto com Evan Goldberg. O resultado pelo menos financeiramente se tornou bastante notável, visto que o longa estreou em primeiro lugar nos Estados Unidos antes de desembarcar aqui.
Antes de entrar na sala para assistir “O Besouro Verde” é extremamente necessário se soltar das amarras habituais que se pode ter referente a qualidade. Esqueça um roteiro elaborado e sem falhas, justificativas razoáveis para os acontecimentos ou atuações convincentes. Esqueça também que o filme é em 3-D, pois isso pouco acrescentará no final. Se você tiver a habilidade para deixar tudo isso largado na porta da sala, talvez consiga achar graça e se divertir.
A história gira em torno de Britt Reid (Seth Rogen), filho mimado de um milionário dono de um jornal em Los Angeles. Quando o pai falece e sem demonstrar muito claramente os porquês, Reid encontra em Kato (Jay Chou) um amigo, e mais ainda um ajudante para corroborar suas insanidades “adolescentes”. Os dois entram de brincadeira no combate ao crime, sem ter noção do que estão fazendo e acabam por aperfeiçoar seus métodos pouco a pouco.
Michel Gondry guia uma sátira aos super heróis, ao mesmo tempo em que mostra um bom desempenho nas cenas de ação e nos diálogos. E fica por aí. “O Besouro Verde” funciona apenas como um passatempo para ser digerido em duas horas e esquecido logo em seguida. Até diverte, mas é preciso muito boa vontade para tanto. No mais, parece que Michel Gondry não tem talento para o besteirol e a ação descompromissada, mesmo sem saber se isso é bom ou ruim.
P.S: O filme também tem a Cameron Diaz, mas ela está tão sem sal e sem graça, que é melhor nem comentar.

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

“The Party Ain't Over” - Wanda Jackson - 2011

A bateria faz a contagem e os metais entram preparando um clima de futura explosão para retomar com um riff de guitarra que antecede um vocal rasgado avisando: “When you move in right up close to me/That's when I get the shakes all over me”. O ritmo é dançante, mas também um pouco sujo e acelerado. Nas caixas, a frenética "Shakin 'All Over" (de Johnny Kidd & The Pirates) que até o Mundo Livre S/A já regravou, ganha mais um releitura.
É nesse ritmo acelerado que aquela que um dia namorou Elvis Presley, foi a primeira mulher a gravar um rock, cunhou pequenos clássicos como "Fujiyama Mama", e ganhou títulos como “A Primeira Dama do Rockabilly” chega novamente a um disco. Wanda Jackson hoje passa dos 70 anos e tem uma extensa discografia que viaja por diversos tipos de música, mas provavelmente poucas vezes soou tão visceral quanto nesse “The Party Ain't Over”.
O nome do trabalho é plenamente apropriado. As onze canções que o compõe promovem uma zoeira das boas, na qual permanece a essência dos anos 50 e 60 acoplada de uma roupagem mais podreira, cortesia de Jack White, responsável pela produção. É impossível não associar na sonoridade aquilo que o músico gosta nos seus diversos projetos. Os instrumentos ficam com membros do My Morning Jacket, Racounters e Dead Weather, além do próprio White.
O repertório se traduz em uma fidelidade aos contemporâneos da época de Wanda Jackson e caminha com passos fortes entre composições tocadas anteriormente por Eddie Cochran (“Nervous Breakdown”), Elvis Presley (“Like a Baby”), Bill Halley (“Rip It Up”) e Harlan Howard (“Busted”). Também apresenta coisas mais atuais como versões para “You Know That I'm No Good” da Amy Winehouse e a ótima “Thunder On The Mountain” do Bob Dylan.
E é nessa versão de “Thunder On The Mountain” que o disco alcança o seu auge em um boogie-woogie misturado com rockabilly espirituoso e potente, com guitarra e metais duelando bravamente. “The Party Ain't Over” chama mais atenção por conta do envolvimento de Jack White no projeto, mas consegue ir além e se sustenta muito bem, revitalizando a carreira de uma senhora que já faz um tempinho que sabe o que é esse tal de rock n’ roll.

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

"Antes Tarde do Que Sempre" - Bertoldo Contijo

Aldo está na casa dos 30 anos e quando olha para trás depois de receber uma garrafada na cabeça em um show de punk rock, percebe que não construiu muita coisa e está vivendo sem muito prazer nos últimos tempos. Trabalha em uma agência publicitária escrevendo propagandas e textos para os mais diversos e inusitados tipos de produto. Apesar de não ser tão ruim, não consegue se sentir totalmente bem. Sua paixão mesmo é a guitarra e a música.
Como tantos outros, Aldo passou por todos os fantasmas da adolescência e só conseguiu ganhar algum prestígio na escola ao montar uma banda de rock. Nesse período difícil, teve aquelas paixões avassaladoras, como a bela e certinha Júlia, que mesmo depois de quinze anos ainda é guardada dentro da sua cabeça. É nesse ponto da vida de Aldo que o escritor paulista Bertoldo Contijo apresenta esse problemático normal em “Antes Tarde do Que Sempre”.
O livro foi lançado no final de 2010 pela Editora Draco e tem 136 páginas. Mesmo tendo um título não tão inspirado (apesar da capa ser ótima), esse pequeno romance é uma leitura prazerosa. Bertoldo Contijo traça três espaços para contar a vida de Aldo. Primeiro na época da escola, depois dentro da crise dos 30 e fecha em “autodiálogos” explorados em páginas pretas. É literatura pop que remete ao “Clube dos Corações Solitários” do André Takeda.
Ao lado de Aldo, um personagem que apesar das poucas páginas consegue ser bem desenvolvido, temos um pequeno grupo curtindo suas próprias desilusões, como a amada Júlia, sua melhor amiga Cris e o amigo e parceiro de banda Júnior. Todos com seus 30 e poucos anos, viram em algum ponto as coisas deixarem de fazer sentido e seguem no piloto automático, tendo momentos de prazer entrecortados com muitos outros de dúvidas e desamparo.
“Antes Tarde do Que Sempre” é um livro para ser consumido de uma tacada, uma pequena viagem pelo mundo de um cara apaixonado por rock e repleto de incertezas passeando na sua frente. É leve, descontraído e por mais que carregue alguns temas mais pesados de modo subentendido, acaba por não escorregar neles e partir para o drama desnecessário. É para ler e botar algum disco dos anos 70 para tocar bem alto nas caixas de som.

sábado, 12 de fevereiro de 2011

"Cicatrizes" - David Small

Até que ponto as marcas da infância e adolescência podem contribuir negativamente para o futuro de uma pessoa? E se essas marcas além de psicológicas, também forem físicas? O quão difícil será para se livrar delas no restante da vida e seguir em frente? Quanta força de vontade será necessária? Olhando toscamente para essas perguntas podemos afirmar que fazem parte de um livro qualquer de superação ou de uma história hollywoodiana sem graça.
No entanto, é em cima dessa base suspeita e perigosa que David Small (um premiado ilustrador infantil norte americano) criou “Cicatrizes”, história em quadrinhos lançada na gringa em 2009 e que chegou por aqui no final do ano passado pelas mãos das Editoras LeYa e Barba Negra. Com 336 páginas e tradução de Cassius Medauar, a graphic novel ganhou um acabamento editorial cuidadoso, que ajuda muito para que a obra seja melhor apreciada.
Fazer biografias usando os quadrinhos além de se tornar bem comum, começa a ser uma tremenda válvula de escape para estender o poder da criação nessa esfera. Por mais que algumas vezes o resultado seja insatisfatório ou mediano, isso não interfere na geração de obras realmente boas como o álbum em questão. David Small anda na mesma praia do estupendo Art Spiegelman e de nomes mais novos como Craig Thompson e o brasileiro Caeto.
“Cicatrizes” demorou um bocado de tempo para ser escrita. Nascido em 1945 na cidade de Detroit, o autor só conseguiu exorcizar seus fantasmas através de desenhos e palavras depois dos 60 anos. A infância que parecia até certo ponto normal, foi atropelada por um tumor na adolescência que levou o jovem a perder uma corda vocal e parte da fala. E ainda teve que viver dentro de uma família sufocante e sem o menor tato amoroso para a criação dos filhos.
Mesmo sem um desenho espetacular, os traços focam diretamente nas feições e nas paisagens, o que serve plenamente para desenvolver toda a dramaticidade e humor involuntário que se anseia. Após a leitura de “Cicatrizes” o sentimento é de uma angústia sem explicação, já que apesar de tudo a história tem um final feliz. David Small consegue fugir do piegas e da obviedade para mostrar uma história triste e agonizante de modo bonito e poético.

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

“Johnny Cash - Uma Biografia” - Reinhard Kleist

Quando o filme “Johnny e June” foi lançado em 2005, uma nova onda de revisitação ocorreu com a obra do cantor norte americano Johnny Cash. Enquanto o ícone do country e admirado por outros públicos a partir da série “American” nos anos 90 era visto na grande tela, lá na Alemanha, mais ou menos um ano depois, o quadrinista Reinhard Kleist lançava um álbum cujo intuito também era contar a vida cheia de altos e baixos do “Homem de Preto”.
“Johnny Cash - Uma Biografia” (“Cash - I See a Darkness” no original) foi lançado aqui no Brasil em 2009 pela editora gaúcha 8inverso (com tradução de Augusto Paim), depois de receber vários prêmios na Alemanha. O autor Reinhard Kleist inclusive passeou no país para o lançamento da mesma durante algumas semanas. Nas 224 páginas da obra, temos uma visão interessante sobre a vida do músico que vendeu mais de 50 milhões de discos na carreira.
É claro que os fatos marcantes que guiaram sua vida estão presentes. Está lá a infância e a morte do irmão, a saída para a cidade grande, o sucesso inicial, o começo da relação com as anfetaminas que quase lhe custaram tudo, o envolvimento com June Carter, a queda e o renascimento com dois discos ao vivo gravados em penitenciárias em 1968 e 1969. Depois dá um salto para a época das gravações com Rick Rubin nos anos 90 que novamente o ressuscitaram.
Enquanto o filme de James Mangold se concentrou bastante na relação com June Carter, Reinhard Kleist opta por um caminho mais escuro e denso. Com traço forte e marcante, olha para a vida de Johnny Cash por visões diversas como a do próprio músico e seu envolvimento pesado com drogas que o faz oscilar e alterar seu humor, como também do preso Glen Sherley que consegue fazer uma canção sua ser tocada no show na penitenciária de Folsom.
Esse olhar mais pesado que o filme preferiu não se aprofundar, guia um roteiro que poderia perfeitamente também dar um ótimo longa. Mesmo deixando a fase dos anos 70 e 80 de fora (que convenhamos não teve assim tantas histórias), consegue ser bem completo. As páginas finais com uma livre interpretação de uma conversa entre o músico e Rick Rubin é ao mesmo tempo poética e carregada de tristeza, retratada belamente nos desenhos do autor.
“Johnny Cash - Uma Biografia” tinha tudo para parecer oportunista, tendo em vista a coincidência de datas com o lançamento do filme, mas traz um brilho próprio que supera várias vezes o longa. O músico que nos anos 90 lançou cinco discaços com gravações de Beck, U2, Soundgarden e Trent Reznor, entre outros, tem sua vida contada novamente. E como está escrito no álbum: “São as histórias que permanecem (...). E histórias precisam ser contadas”. Concordo.

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

"Santuário" - 2011

A fama e o prestígio que James Cameron ostenta hoje no mundo do cinema são consideráveis. Não é surpresa então que “Santuário”, filme onde ele assina apenas como produtor executivo, seja vinculado na mídia como se fosse uma obra sua. A estratégia certamente trará mais espectadores para assistir esse misto de drama e suspense que Alister Grierson, antigo parceiro de James Cameron em outras empreitadas, comanda com razoável competência.
O filme é inspirado em uma história real que aconteceu com o roteirista Andrew Wight, que certa vez ficou preso dentro de uma caverna por dois dias, depois de começar um mergulho. É claro que “Santuário” vai bem além disso e amplifica toda a atmosfera dramática que pode, mostrando um grupo de exploradores comandados por Frank McGuire (Richard Roxburgh de “Missão Impossível 2”) que trabalha em uma imensa caverna inexplorada.
O projeto dispendioso da exploração é custeado por Carl Hurley (o “Sr. Fantástico” Ioan Gruffudd) que apesar de buscar fama e se preocupar bastante com a National Geographic, traz consigo também a paixão pelo desconhecido. Na sua mais recente visita a área dos serviços, Carl leva sua namorada Victoria (Alice Parkison) e ao ser recebido pelo filho de Frank, Josh McGuire (Rhys Wakefield), vai imediatamente para junto da equipe no fundo da caverna.
Quando todos estão devidamente acomodados no imenso buraco, cai uma senhora tempestade que além de enchee de água as passagens, sai detonando tudo que vê pela frente. Assim sendo, o grupo comandado pelo consagrado explorador precisa encontrar uma saída se quiser sobreviver. Com o auxílio fundamental da tecnologia 3D é a partir desse ponto que “Santuário” cresce e ganha amplitude, conseguindo transpor boa parte do desespero para o público.
O longa traz algumas falhas no apego a situações clássicas, como na relação entre pai e filho que ganha novos contornos depois do drama e no deslize na parte final, já que o caminho traçado poderia ser mais impactante. Mesmo assim é um bom filme, com imagens muito bonitas e um trabalho correto dos atores. Mostra o que o ser humano pode ser capaz de fazer quando sua sobrevivência está em jogo e consegue manter a tensão e a claustrofobia em altos níveis.

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

"O Pequeno Livro dos Beatles" - Hervé Bourhis

O francês Hervé Bourhis parece que gostou da brincadeira que fez em “O Pequeno Livro do Rock”, lançado aqui ano passado pela Editora Conrad. Depois do sucesso considerável do livro resolveu estender esse projeto para a banda que provavelmente é a maior de todos os tempos. Os Beatles ganham uma edição dedicada somente para eles em que o autor desfila seu bom humor em ordem cronológica desde os primórdios da formação do grupo até os dias mais recentes.
Ao pegar esse novo trabalho é justo imaginar qual seria a sua pretensa relevância, visto que ao que tudo indica todas as histórias sobre os quatro garotos de Liverpool já foram ditas e recontadas. No entanto, “O Pequeno Livro dos Beatles” (Editora Conrad, 168 páginas), não traz o tom da “Antologia” que a Cosac & Naif trouxe para cá ou da (excelente) obra escrita por Bob Spitz. É leve e descontraído e traz nos seus quadros várias pequenas brincadeiras.
Os desenhos formam novamente um atrativo bem interessante, com caricaturas dos envolvidos e releituras de capas de discos, singles, cartazes de show e matérias de jornais. Para quem não conhece a fundo a história dos “fab four”, vai se deparar com várias curiosidades da carreira e mesmo quem as conhece de cor vai acabar se interessando novamente. Hervé Bourhis também insere uma classificação para os álbuns e comenta sobre cada um deles ao seu estilo peculiar.
Ele também adiciona novas seções como o “Se você gosta de Beatles, talvez goste de:”, onde indica outras bandas parecidas ou inspiradas, como também a irônica “Sou eu que acho ou parece mesmo?”, em que compara músicas do grupo com outras, como por exemplo, “Ticket To Ride” e “Girl Don’t Tell Me” dos Beach Boys. Os comentários seguem espirituosos como os que faz sobre o clássico “Abbey Road” de 1969 e as obras particulares de Ringo Starr e de Paul McCartney.
“O Pequeno Livro dos Beatles” não ostenta ser uma obra essencial, mas consegue divertir muito bem. A repetição da fórmula que Hervé Bourhis exerce, por mais marqueteira que seja, não se esgota e é contada com bastante paixão e conhecimento. Tomara que ele não resolva estender isso eternamente e acabar se plagiando. No mais, é sacar da estante algum álbum como o magistral "Revolver" de 1966 e relembrar canções que marcaram toda uma época.
Sobre “O Pequeno Livro do Rock”, passe aqui.

sábado, 5 de fevereiro de 2011

"O Vencedor" - 2011

Pelos idos dos anos 80, os Titãs marotamente cantavam “família, família...” em uma crítica bem humorada contra essa instituição da nossa sociedade. Uma instituição que deve ser preservada e mantida, pois pode fundamentar o alicerce de uma vida. Porém, há também boas chances dessa família prejudicar, por mais que traga consigo o intuito de ser útil, como foi no caso do norte americano Micky Ward, que tem sua vida retratada no ótimo “O Vencedor”.
Mick Ward foi um pugilista que teve uma carreira mediana, terminando com 38 vitórias e 13 derrotas, mas que chegou ao título da União Mundial de Boxe, por mais que nunca tenha conseguido o da cobiçada Federação Internacional. Ficou conhecido também no meio do esporte pelas lutas com o canadense Arturo Gatti em 2002 e 2003. Hoje vive bem, mas na maior parte da carreira serviu de “escada” para outros lutadores alcançarem vôos maiores.
Se no campo do esporte Mick Ward foi apenas mediano, na vida pessoal conseguiu muito mais e é nessa parte da história que o diretor David O. Russell (de “Três Reis”) concentra sabiamente a maior parte dos esforços de “O Vencedor”. Criado sob a sombra do meio irmão Dick Eklund (Christian Bale com direito a diversos superlativos para sua atuação), Mick Ward (um Mark Wahlberg cada vez melhor) é soterrado diariamente com seus sonhos.
O meio irmão é famoso na região de Lowell onde mora, pois quando era pugilista derrubou o grande Sugar Ray Leonard, apesar de muitos desconfiarem que foi apenas um escorregão. Hoje se entrega ao vício do crack e junto com a mãe (Melissa Leo) “administra” a carreira de Micky em uma comédia de erros consecutivos. Charlene (Amy Adams muito bem) começa a namorar o desolado boxeador e as coisas começam a ser diferentes.
Tendo o boxe como tema e título de “O Vencedor”, o filme pode ser confundido à primeira vista com aquelas histórias de superação fantástica, o que não é o caso. Por mais que sim, chegue a isso em certo momento, trata-se apenas de um adendo, já que o foco principal está na família disfuncional, retrógada e maluca do personagem principal. Mesmo com Mark Wahlberg bem, é Christian Bale que toma conta do show de uma forma que até assusta.
Com um elenco para lá de afiado em mãos, David O. Russell é quase magistral em proporcionar ao telespectador não somente todos os clichês que podem ser indevidamente relacionados ao filme, mas também uma história sufocante (por mais que cômica em alguns momentos) e avassaladora de como se jogar uma vida fora e como recuperar outra. “O Vencedor” está concorrendo a 7 estatuetas no Oscar desse ano e justamente merece cada indicação.

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

"Caça Às Bruxas" - 2011

Nicolas Cage já foi um grande ator em outras épocas, é bom que se afirme isso antes de falar sobre seu novo filme “Caça Às Bruxas”. No entanto, vem se afundando cada vez mais em trabalhos que beiram o patético. Ele não consegue ter uma grande interpretação desde “Adaptação” de 2002 (pelo meio até que tem algumas coisas razoáveis como “O Senhor das Armas” e mais recentemente “Kick Ass – Quebrando Tudo”), o que é muito pouco.
Ao que tudo indicava, o poço que o ator cavou já chegara ao seu fundo, mas em “Caça Às Bruxas” ele consegue a incrível proeza de ir mais fundo ainda. O filme dirigido por Dominic Sena (que trabalhou com ele em “60 Segundos”) é o que podemos chamar vulgarmente de samba do criolo doido. Começa como terror, passa pelo épico, deságua em drama pessoal de redenção, para depois endossar a ação e ir de novo para o terror meramente chinfrim.
A história é mais ou menos essa: Nicolas Cage é Behman, um devoto de Deus que lá pelo ano de 1300 e alguma coisa, defende as cores cristãs nas Cruzadas. Depois de mais de 10 anos matando um bocado de gente em nome de Deus, a consciência pesa quando ele tira a vida de uma mulher. Resolve jogar tudo para cima junto com seu companheiro de jornada Felson (Ron Perlman) e desacreditado da vida começa a andar de volta para a saudosa casa.
No caminho encontra uma Europa devastada pela peste negra e recebe a missão de levar uma jovem moça para um retiro de monges, pois acredita-se que ela seja uma bruxa e assim sendo é responsável por todos os males da baixa idade média. Behman reluta, mas acaba por aceitar a missão e envolve mais alguns consigo em uma espécie de sociedade do anel de bairro, com um aprendiz de cavaleiro, um soldado, um padre e um vigarista cheio de graça.
Na jornada para levar a moça ao “julgamento” da bruxaria, obstáculos surgem e no final de contas caberá ao grupo salvar o dia, a terra, o universo e sei lá mais o quê. Além da atuação caricata de Nicolas Cage, o roteiro é uma confusão danada e a direção não diz para o que veio. Conta a favor apenas a atuação de Ron Perlman, que já acostumado a detonar coisas esquisitas como Hellboy, se sente bem humorado e tranqüilo. É filme para passar longe.

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Top Top - Os Melhores de 2010

Salve, salve minha gente amiga...
Como é de costume aqui do Coisa Pop, depois que a poeira baixa sobre os melhores do ano é que apresentamos a nossa listinha. Como sempre chega no final de janeiro (ou comecinho de fevereiro) para curar a ressaca do ano anterior e lembrar o que de melhor ficou para trás. Mais uma vez tivemos um ano muito interessante no âmbito nacional e apenas mediano lá fora, apesar de algumas pequenas pérolas.
Na lista de discos em cima de cada artista é só clicar e ser redirecionado ao site do mesmo, onde na aba nacional pode levar a muitos trabalhos disponíveis gratuitamente. Nas músicas, clicando em cima do nome geral o redirecionamento vai para um vídeo dela no Youtube (onde a opção foi quase sempre para versões ao vivo). Quando a música citada não tiver vídeo, o link direcionará para download.
Então é isso. A conversa fica para depois e o "Top Top" segue abaixo:

TOP 25 - DISCO NACIONAL
1 – Amigo do Tempo - Mombojó 
2 – Escaldante Banda – Garotas Suecas 
3 – Souvenir – Suzana Flag 
4 – Apanhador Só – Apanhador Só 
5 - Deus e o Diabo no Liquidificador – Cerébro Eletrônico 
6 – Eu Menti Pra Você – Karina Buhr
7 – Azul e Vermelho – Nina Becker 
8 – Breakdance – Walverdes 
9 – Superguidis – Superguidis 
10 – Conjunto de Rock – Stereoscope
11 – Copacabana – Fino Coletivo  
12 – Efêmera – Tulipa Ruiz 
13 – Música de Brinquedo – Pato Fu 
14 – Aos Abutres – Lestics 
15 – A Banda de Joseph Tourton - A Banda de Joseph Tourton 
16 – Pressuposto – Nevilton 
17 – National Indie Hits – Wry  
18 – Feito Para Acabar – Marcelo Jeneci
19 - Para Quem Descobriu o Valor da Saudade/Para Quem Nunca Esqueceu Como é Se Sentir Jovem - Sem Horas  
20 – 4 Loas – Marku Ribas 
21 – Ganeshas – Ganeshas 
22 – Do Seu Amor, Primeiro é Você Quem Precisa – Gustavo Telles & Os Escolhidos
23 – Greve das Navalhas – Violins
24 – Mundialmente Anônimo – Maquinado 
25 - Watson - Watson

TOP 25 - DISCO INTERNACIONAL
1 - High Violet – The National  
2 - Le Noise – Neil Young 
3 - Beat The Devil's Tattoo – Black Rebel Motorcycle Club 
4 - Postcards From a Young Man – Manic Street Preachers 
5 - Shadows – Teenage Fanclub 
6 - Travellers in Space and Time – The Apples In Stereo
7 – The Suburbs – Arcade Fire
8 – Life is Sweet! Nice To Meet You – Lightspeed Champion 
9 – Write About Love – Belle And Sebastian
10 – Wake Up! – John Legend & The Roots
11 – Band Of Joy – Robert Plant 
12 – Sex With An X – The Vaselines
13 – Brian Wilson Reimagines Gershwin – Brian Wilson
14 – Grinderman 2 – Grinderman
15 – Our Cubehouse Still Rocks – Boston Spaceships 
16 – The Place We Ran From – Tired Pony
17 – III/IV – Ryan Adams & The Cardinals 
18 – The ArchAndroid – Janelle Monáe  
19 – Wake Up Nation – Paul Weller 
20 – Saturday – Ocean Colour Scene 
21 – Dreams – Neil Diamond
22 – Personal Life – The Thermals
23 – Lonely Avenue – Ben Folds & Nick Hornby
24 – American Slang – The Gaslight Anthem 
25 – Butch Holler: A Tribute To Loreta Lynn – Eilen Jewell  

TOP 25 - MÚSICA NACIONAL
Paz Sempre!!