quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

"Vida" - Keith Richards com James Fox

Geralmente na biografia de músicos a parte mais interessante para os leitores são aqueles casos engraçados e meio surreais que não foram muito divulgados na mídia, além do detalhamento da construção de músicas e discos importantes. “Vida”, o livro que busca tratar sobre Keith Richards e que foi escrito pelo mesmo em colaboração com James Fox, cumpre bem essas premissas apesar de demorar um pouco a engrenar nas suas 630 páginas.
Logo na entrada já aparece uma situação digna de “Medo e Delírio em Las Vegas” de Hunter Thompson com o guitarrista do Rolling Stones sendo preso no Arkansas, USA, com um carro contendo alguma quantidade de substâncias ilegais. Depois volta um pouco para a infância e o descobrimento da paixão pela música, inicialmente por nomes como Chuck Berry (talvez a maior devoção), Elvis Presley e Buddy Holly. Tudo começou por ali.
Chuck Berry é inclusive o responsável indireto pela amizade com Mick Jagger, que resultaria em clássicos do rock construídos pelos “Glimmer Twins”. O início do Stones evidente que traz boas páginas, como a influência de Ian Stewart na criação da banda, o carinho imenso pelo blues de nomes como Muddy Waters, as passagens de Brian Jones e Mick Taylor pela segunda guitarra e uma troca de figurinhas constante com uns tais de Beatles.
Keith Richards se retrata como um louco por música acima de tudo. Ele abre detalhes do seu modo de tocar guitarra e de como prefere algumas canções como outras (“Jumpin' Jack Flash” ao invés de “Satisfaction”, por exemplo). Narra também todo seu relacionamento de amor e ódio com vários tipos de drogas, ao qual credita parte do sucesso das suas composições. Ainda bem que não há nada de hipocrisia barata ou politicamente correto lá.
Lógico que a amizade com Mick Jagger permeia quase todo esse “Vida”. As brigas da dupla que ficaram famosas e que certamente renderam muito mais publicidade e marketing em cima dos Stones marcam sua presença. De insinuações indiretas até cortadas fulminantes como quando insinua que o pênis do parceiro e amigo é pequeno. Com certeza as linhas sobre a dupla servirão para vender mais um bocado de material e render dinheiro aos bolsos.
“Vida” traz diversas loucuras no seu corpo como aventuras pela América, a elaboração do clássico “Exile On Main Street” (e a conseqüente famosa turnê “Stones Touring Party”) e coisas do tipo. A parte ruim fica por conta de alguns momentos de pura enrolação, onde umas 100 páginas provavelmente não fariam falta e o descaso da Editora Globo com o livro que vem com erros diversos tanto na grafia quanto na condução da tradução. Uma pena.

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