quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

“Showroom of Compassion” - Cake - 2011

Os californianos do Cake não lançavam nada desde “Pressure Chief” de 2004, descontando aí a coletânea de b-sides e covers que apareceu em 2007, mas que realmente não agregou lá muita coisa na discografia da banda. Desde que alcançaram sucesso com a fantástica versão de “I Will Survive” em 1996, o grupo comandado por John McCrea criou um estilo próprio de música transitando entre o pop e o alternativo e sendo embalado em vestes meio malucas.
“Showroom of Compassion” surge agora no comecinho de 2011 para saldar a dívida desse tempo. Gravado e produzido em mais de dois anos pela banda na cidade de Sacramento, o sexto álbum chega pelo selo próprio do quinteto, o Upbeat Records. A exposição que temos no álbum não traz muita compaixão como o título sugere e continua dentro do sarcasmo e cinismo habituais no trato do cotidiano, com direito até a crítica política na primeira faixa.
“Funeral Funding”, a citada primeira faixa, traz o Cake com um órgão aparecendo pungente lá no fundo, soando até meio soturna para os padrões da banda, enquanto John McRea destila “você vai receber o financiamento federal (...) leve os seus colegas para jantar fora, pague seu irmão para vir e cantar”. E já nessa canção dá para perceber que a sonoridade não mudou nada para Mcrea, Vincent DiFiore, Xan McCurdy, Gabriel Nelson e Paulo Baldi.
Depois de “Funeral Funding”, “Long Time” é mais a sua cara ainda, com o baixo tomando conta e o vocal quase falado. Na baladinha “Got To Move” o humor do quinteto mostra as garras em versos mordazes: “você sempre tem que se mover, você sempre está tentando provar que há algo novo em tudo que faz”, para emendar depois com “você está correndo só para provar que não é algo novo”. “What's Now is Now” tem clima meio disco e fala sobre recomeçar.
“Mustache Man(Wasted)”, traz bom humor e uma latinidade bem peculiar na guitarra, enquanto “Teenage Pregnancy” e seu sugestivo título (“Gravidez na Adolescência”) chega instrumental ao piano e é a única que foge dos padrões Cake de qualidade. “Sick Of You” (e sua introdução Keith Richards) que vem na sequência é um hit do mesmo porte de carros-chefe da carreira como “Never There”, “Going To Distance” e “Short Skirt/Long Jacket”.
O último bloco traz mais crítica (agora social) em “Easy To Crash”, faz trilha de road movie caipira em “Bound Away”, namora a tristeza em “The Winter” e se perde totalmente nas experimentações de “Italian Guy”. No final, “Showroom of Compassion” agradará em cheio os fãs, mas também pode (ou deveria) levantar a pulga do mais do mesmo atrás da orelha. No entanto, como não dá para imaginar o Cake fazendo outro tipo de som, é melhor deixar como está.
Site oficial: http://www.cakemusic.com Twitter: http://twitter.com/cakemusic

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