terça-feira, 14 de dezembro de 2010

"Le Noise" - Neil Young - 2010

Tem momentos na vida em que você simplesmente para de acreditar nas coisas. Nada demais, é assim mesmo que acontece. São aquelas passagens em que a descrença toma conta do espírito e tudo parece tão pausterizado e sem graça que você não consegue nem dar atenção. Na música não é diferente. Hoje a canção fica para trás na maioria das vezes e discos sem graça e repletos de sons “modernos” são eleitos como a oitava maravilha do mundo.
É nesse cenário em que “Le Noise”, o novo disco de Neil Young ganha tons quase sagrados. Pois enquanto bandas novas que estão nas listas de melhores de jornalistas ao redor do mundo passam pelo seu player sem dizer nada, este senhor vem munido apenas de um violão e uma guitarra para fazer você acreditar novamente na música, na canção. Além dos antigos instrumentos, Neil conta apenas com Daniel Lanois (U2, Bob Dylan) na produção.
São somente oito faixas em que o canadense destila toda a categoria que lhe deu reconhecimento. “Walk With Me” abre com versos que buscam um lugar melhor: “Eu sinto o seu amor(...)eu sinto a sua fé em mim(...)caminhe comigo”. “Sign Of Love” é mais romântica, com letra mais açucarada e “Someone's Gonna Rescue You” é melódica e apesar de ser guiada por uma guitarra com efeitos explodindo remete aos primeiros trabalhos do músico.
“Love And War” apresenta uma letra triste e em até certo ponto crítica sobre amor, guerra e religião. A nervosa “Angry Word” trata de um mundo em que tudo é permitido para se alcançar sucesso ou detonar com os outros. “Hitchhiker” vem resgatada dos idos do começo dos anos 90, quase autobiográfica, e “Peaceful Vally Boulevard” conta uma de suas histórias em mais de 7 saborosos minutos. “Rumblin'” e uma guitarra mais pesada dão adeus ao registro.
Neil Young vem lançando discos consistentes desde “Greendale” de 2003 e com esse “Le Noise” novamente se reinventa dentro do seu próprio universo, que já foi tão facetado no decorrer dos anos. O álbum vem acompanhado de um DVD mostrando a execução das canções e paradoxalmente ao mesmo tempo em que olha para o início das suas raízes musicais teve lançamento e divulgação nas diversas novas tecnologias e redes sociais. Coisas de Neil Young.
Sobre “Fork In The Road” de 2009, passe aqui.

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