segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

"III/IV" - Ryan Adams & The Cardinals - 2010

“Olá, sou eu de novo (...) Você provavelmente já ouviu falar que fui embora (...) Onde é que vamos começar?”. Assim inicia “Breakdown Into The Resolve”, faixa de abertura do álbum duplo “III/IV” que Ryan Adams lança esse ano novamente com os Cardinals de Neal Casal, Jon Graboff e Brad Pemberton lhe acompanhando. Sem lançar nada desde “Cardinology” de 2008 (o que para o músico é um tempo imenso, devido a voracidade com que ele produz), Ryan Adams volta em um álbum onde contempla praticamente todas as suas facetas.
Durante esse período “fora”, por assim dizer, ele lançou um disco conceitual de metal científico (seja lá o que for isso) com outro nome que passou completamente despercebido e casou com Mandy Moore, entre outras coisas. “III/IV” nasceu das sobras de “Easy Tiger” de 2007 e consegue ser superior ao trabalho que lhe deu origem. As letras tratam sobre a costumeira predileção pelo cotidiano, assim como de paixões como o universo dos anos 80.
São 21 faixas que se absorvidas e convertidas para um registro de 12 ou 13 músicas estaria com boas chances de brigar por uma vaga nas listas de melhores de 2010. O “III” é um disco mais bem traçado e com composições um nível acima da urgência que o “IV” ostenta em quase sua totalidade. Não por acaso que se no exercício de achar entre os dois apenas 12 ou 13 músicas para um único disco, o “III” permearia este com pelo menos umas 7 canções.
A já citada “Breakdown Into The Resolve”, na qual apresentamos a introdução no ínicio do texto abre com uma pegada pop rock eficiente, olhando diretamente para o mundo de Bruce Springsteen para engatar em outras boas faixas como o pop de “Dear Candy”, o rockão inglês de “Ultraviolet Light”, o rock de arena “Stop Playing With My Heart”, com direito a riff de guitarra no solo e as quase baladas de “Happy Birthday” e “The Crystal Skull”.
“IV” é mais urgente, apesar do bluesy de “Typecast” e do folk rock de “Death And Rats” e tem um pé no punk em faixas como “Numbers” e “Icebreaker”. Além disso estoura em rocks setentistas em “Sewers At The Bottom Of The Wishing Well” e “P.S.”, para concluir com um projeto de metal em “Kill The Lights”. Faça essa missão: Pegue o álbum duplo e tente montar um único trabalho, muito provavelmente você achará um ótimo disco de rock nele.

Nenhum comentário: