terça-feira, 31 de agosto de 2010

"Nine" - 2009

Com “Chicago” de 2002, Rob Marshall elevou novamente o musical como cinema e arrebatou seis Oscar. Por mais que um ano antes “Moulin Rouge” tenha iniciado o caminho para essa façanha foi com “Chicago” que o gênero foi devidamente ressuscitado. O diretor volta para esse estilo em “Nine”, filme do ano passado que chega agora em DVD e que traz no roteiro Michael Tolkin (de “O Jogador”) e o falecido Anthony Minghella (de “O Paciente Inglês”).
A ótima dupla de roteiristas tinha nas mãos um trabalho nada fácil. Precisava criar a história se baseando tanto no musical da Broadway que dá nome ao filme e estreou em 1982 com Raul Julia no papel principal, como também olhar para o clássico “8 ½” de Federico Fellini que trazia o grande Marcello Mastroianni como o cineasta em crise criativa. Depois de quase duas horas de duração percebe-se que esse objetivo foi alcançado, mesmo que não totalmente.
Em “Nine”, um Daniel Day-Lewis magistral dá vida a Guido Contini, cineasta que é um popstar na Itália dos anos 60. Seus primeiros filmes foram arrebatadores sucessos de crítica e público, mas os últimos não tiveram a mesma intensidade. Pressionado por seus produtores e o próprio circuito que está envolvido, Guido está destroçado e ao anunciar seu novo trabalho, não tem ainda nem uma linha sequer de roteiro escrito, para desespero seu e dos mais próximos.
O Guido Contini de Daniel Day-Lewis é uma frágil criatura, mas que não deixa de ser um filho da mãe com a grande maioria dos que estão na sua vida. Ao seu redor transitam sete mulheres maravilhosas que vão servindo de refúgio para seus devaneios e busca por uma redenção fictícia. Lá estão sua amada esposa (Mario Cotillard), a amante deslumbrante (Penélope Cruz), a atriz e musa atual (Nicole Kidman, sempre bela) e a jornalista Stephanie (Kate Hudson).
Sua figurinista e amiga Lilli (Judi Dench, fantástica) é o ponto maior de apoio para equacionar parte das perdas, mas ele também busca alento na falecida mãe (Sophia Loren) e na recordação da primeira experiência feminina com a prostituta da cidade (Fergie). As canções que permeiam “Nine” são bem feitas por Maury Yeston que conduz a trilha encaixando bem a todo o momento, com direito a uma linda execução de “Casa Sulitaria” de Roberto Murolo no final.
“Nine” não é extraordinário, apesar de exibir passagens que podem merecer esse elogio e isso simplesmente não lhe atrapalha. Com uma direção extremamente forte, fotografia exuberante e atuações muito convincentes, consegue atingir um resultado excelente. Tem algumas falhas no roteiro e pequenos problemas de ritmo, mas agrada bem na sua maioria. Para quem gosta de musicais é uma diversão mais que garantida. Rob Marshall acertou a mão de novo.

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