domingo, 27 de junho de 2010

"A Chuva Antes de Cair" - Jonathan Coe

O inglês de Birmingham, Jonathan Coe, já escreveu obras de extrema qualidade como o poderoso “O Legado da Família Winshaw” e o envolvente “Bem-Vindo Ao Clube”. A constituição familiar e seus segredos e mentiras sempre atraíram o escritor. O tema esteve presente de modo constante nas suas tramas. “A Chuva Antes de Cair”, seu último livro lançado no Brasil pela Editora Record no ano passado com 256 páginas, não foge a pequena regra.
O escritor volta seus olhos para contar uma história que atravessa gerações assim como em “O Legado da Família Winshaw”, só que desta vez sem tanto brilho ou humor. “A Chuva Antes de Cair” começa na segunda guerra mundial e desembarca nos dias de hoje, narrada em flashback. Quem faz a narração em fitas cassetes é Rosamond, que aos 73 anos espera a hora da própria morte. Sua missão é revelar para a jovem Imogen, tudo por trás da sua família.
Rosamond está sem contato com Imogen há vários anos, e passa a missão para sua sobrinha-neta Gill, que terá que encontrá-la e repassar as fitas. Só que Gill não consegue achar nenhum rastro e se entrega a curiosidade de conhecer os segredos, o que faz junto com suas duas filhas. Há uma excepcionalidade por trás de tudo. Imogen é cega, perdeu a visão aos 3 anos, e a forma que Rosamond encontra é descrever o que deseja através de 20 fotografias.
Jonathan Coe escreve bem, isso é inegável, e sabe utilizar isso para emoldurar seus livros. Em “A Chuva Antes de Cair” não é diferente. Constrói bem as épocas que vai ultrapassando e faz na figura de Rosamond, uma sutil crítica a solidão. No entanto, isso não é suficiente. Mesmo funcionando sua narrativa por uma mulher, não consegue deixar o leitor plenamente envolvido em nenhum momento, e acaba por disfarçar repetições de temas e rotinas.
Para quem não conhece seus livros anteriores, a chance de envolvimento é maior. Ao versar sobre amor e o famigerado entendimento do que é felicidade, temos um trabalho bem estruturado, basicamente triste e melancólico e com curtas doses de emoção. No entanto, quem já teve contato com sua obra tende a se decepcionar novamente, assim como em “A Casa do Sono”, outro livro mediano do autor, que parece que deixou seus melhores dias para trás.

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