sexta-feira, 25 de junho de 2010

“The ArchAndroid” - Janelle Monáe - 2010

Álbuns conceituais não são lá uma grande novidade na música pop. The Beatles, David Bowie, Pink Floyd e Prince, por exemplo, já se aventuraram com grande maestria por esse universo imaginário. Janelle Monáe também optou por esse caminho na sua estréia fonográfica com “The ArchAndroid”, lançado em maio deste ano. O disco da jovem de 24 anos nascida em Kansas City nos USA é muito bem vindo dentro do pop atual de nomes como Lady Gaga e Ke$ha.
“The ArchAndroid” narra as aventuras de Cindi Mayweatther, uma espécie de heroína cibernética que luta para libertar o povo reprimido de uma grande cidade. Na verdade é como se fosse uma continuação do seu primeiro EP lançado em 2007. Apadrinhada por Puff Daddy e Big Boi do Outkast, a cantora já foi indicada ao Grammy no ano passado. Sua música tem como alicerce o R&B dos anos 60 e 70 mas absorve também funk, rap, dance, folk, jazz e psicodelia.
São 68 minutos divididos em 18 faixas, o que acaba diminuindo um pouco o resultado final, visto que são poucos os artistas que conseguem brilhar inteiramente em discos tão longos. Duas suítes instrumentais e faixas como “Mushrooms & Roses” e “Wondaland” não fariam falta alguma. Nas demais, há certa divisão entre pop’s mais acelerados e músicas mais suaves. Da primeira parte destacam-se a ótima “Cold War”, “Tightrope” e “Come Alive (The War Of The Roses)”.
Pode-se destacar também a sessentista “Faster”, “Locked Inside” (influenciadíssima por Stevie Wonder) e “Make The Bus”, um dance psicodélico que lembra um pouco as brincadeiras do Apples In Stereo e tem participação do Of Montreal. Do lado mais lento do álbum brilham “Oh, Maker” e “57821” como folks antigos e com um leve toque de Velvet Underground e Nico pairando no ar. “BaBopByeYa” mistura jazz e temas de musicais no encerramento.
Janelle Monáe tem um evidente apelo de marketing que não pode ser desprezado, com seu estilo James Brown de dançar, o cabelo com um imenso topete e o modo de se vestir com ternos e smokings, quase sempre em preto e branco, mas também exibe qualidade na forma que caminha por cada uma das músicas. “The ArchAndroid” apesar de um pouco extenso, acerta em uns 80%, e é uma boa noticia no massacrado e clichê mundo do pop dessa iniciante década.

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