segunda-feira, 31 de maio de 2010

"É Proibido Fumar" - 2009

A diretora Anna Muylaert estreou no cinema com o ótimo “Durval Discos” de 2002. “É Proibido Fumar” é o trabalho posterior a essa estréia, filme do ano passado agora lançado em DVD. O longa ganhou vários prêmios no Festival de Brasília e angariou críticas elogiosas. Anna Muylaert usa novamente algumas premissas e temáticas expostas no seu primeiro trabalho e consegue flutuar de maneira eficaz entre a comédia romântica e o drama.
Um dos lados de “É Proibido Fumar” pode ser entendido como um tratado sobre a força da solidão. Outros lados podem residir no apego aos vícios ou simplesmente na cumplicidade entre duas pessoas que vivem juntas. Em ritmo lento, quase nunca acelerado, mesmo quando o roteiro assim incita, prefere ficar ali no campo dos pensamentos, travando combates morais e solitários. Desejo, tristeza, culpa e a busca por felicidade caminham ao lado.
Baby (Glória Pires) é uma solteirona que mora no apartamento que herdou da mãe e dá aulas de violão para se sustentar. Dirige um Gol velho e vive entrando em atrito com as outras duas irmãs, Teca e Pop, vividas por Dani Nefussi e Marisa Orth. O mundo de Baby é completamente seu, sem nenhum alarme ou surpresa. Uma vida ordinária como a de tantos nas metrópoles. Mas quando um novo vizinho também músico chega, as coisas mudam de lugar.
Max (um Paulo Miklos cada vez mais a vontade nos seus papéis) leva a vida tocando por aí. Apesar de gostar de Jorge Ben e Gilberto Gil, vai sobrevivendo tocando Martinho da Vila em uma churrascaria. Está recém saído de um relacionamento bem complicado e fica flutuando entre a relação com Baby e seu caso antigo. Neste ponto o filme é uma comédia romântica com bons momentos até acontecer um fato que o transforma e eleva o nível um pouco mais.
Com boa trilha sonora, a diretora Anna Muylaert versa mais uma vez sobre universos pessoais fechados e sem grandes emoções, presos a uma vida que não traz muita alegria, até que uma pessoa chegue e altere a cena, provocando atos e reações inesperadas. Em volume baixo, “É Proibido Fumar” tem um direção que sabe o que quer e um elenco afiado, com boas atuações, resultando em um trabalho interessante, que olha para o amor de uma maneira bem singular.

sábado, 29 de maio de 2010

Marcelo Nova - Old School Rock Bar (PA) - 28.05.2010

O baiano Marcelo Nova é o roqueiro clássico, com tudo que isso pode acarretar para o bem e para o mal. Aos 58 anos, continua fazendo suas turnês pelo país e divulgando o bom e velho rock n’ roll. O músico desembarcou em Belém para uma dobradinha de shows no Bar Old School ao lado de dois músicos da atual banda que o acompanha. Em cima de um pequeno palco, Marceleza cantou, brigou, contou causos e mais causos e divertiu quem foi assistir.
Desde a época com o Camisa de Vênus no começo dos anos 80, Marceleza nunca fez muitas concessões. Sua tese foi sempre fazer que o bem quisesse. E continua assim. Logo no final da primeira música enquanto dissertava no palco, um chato de plantão começou a gritar e mandá-lo calar a boca e tocar. Marcelo respondeu com bom humor e cheio de acidez. Quando a platéia pedia “Sílvia” ele contemplava dizendo que “sempre achou essa música uma merda”.
Durante as duas horas de show, as guitarras fortes fizeram a cama para várias canções abrangendo praticamente toda a carreira do músico. Alguns exemplos: do primeiro disco homônimo do Camisa de Vênus de 1983 sacou “Beth Morreu”, do “Batalhões de Estranhos” veio “Hoje” e o bis com “Eu Não Matei Joana D’arc” e do “Correndo o Risco” de 1986 o rockabilly de “Simca Chambord”. Todas devidamente cantadas pelo público presente.
Daquele que talvez seja o seu melhor disco, “A Panela do Diabo”, feito em parceria com Raul Seixas, engatou pérolas como “Carpinteiro do Universo”, “Século XXI” e “Pastor João e a Igreja Invisível”. Do seu mais recente trabalho, “O Galope do Tempo” de 2005, cantou a bonita e ácida “A Balada do Perdedor”. Faltaram algumas músicas é lógico (como “Só o Fim”, por exemplo), mas é difícil abarcar uma carreira tão grande em uma apresentação.
S
abe a expressão: “Valeu o ingresso?” Pois é. Aplica-se perfeitamente. O público era na maioria acima dos 30 anos, mas não era raro ver um jovem cantando a plenos pulmões. Marcelo Nova parece saber muito bem onde está agora, longe dos holofotes, mas mantendo sua música viva, como alguns de seus ídolos. Um cara que errou muito, mas não se arrepende de quase nada. Autêntico, cabeça dura e roqueiro, com tudo aquilo que a palavra pode oferecer.

quinta-feira, 27 de maio de 2010

"Coisapop Apresenta" - Caverna Club (PA) - 05.06.2010

Salve, Salve...
A nossa festinha em parceria com o chapa Elder Effe está de volta agora no começo de junho. O "Coisapop Apresenta" chega na sua 3ª Edição e orgulhosamente apresenta mais três bandas para alegrar o sabadão de 5 de junho.
Nesta edição estarão presentes no palco do Caverna Club, as bandas Dharma Burns, Clube da Vanguarda Celestial e Projeto Secreto Macacos. Mais uma vez estarei como DJ, mandando uns sons entre uma banda e outra para não deixar o ritmo cair.
O local você já sabe né? Fica na 14 de março próximo a Magalhães Barata. O ingresso é somente 10 reais.
Apareçam para a diversão!!
Paz Sempre!!

quarta-feira, 26 de maio de 2010

O Mundo Imaginário do Dr. Parnassus - 2010

“O Mundo Imaginário do Dr. Parnassus” é o novo filme de Terry Gilliam, ex-Monty Python e diretor de filmes como “O Pescador de Ilusões” de 1991 e a adaptação de “Medo e Delírio Em Las Vegas” de 1998. Na sua conta também estão pequenos clássicos como “Monty Phyton e o Sentido da Vida” de 1983 e “Brazil, o Filme” de 1985. Na sua nova incursão Terry Gilliam viaja pela sua imaginação para criar uma instigante aventura fantástica.
O longa já carrega todo um apelo comercial, por ter sido o último trabalho do ator Heath Ledger antes da sua morte em janeiro de 2008. Contornar esse fato, já que o ator ainda não tinha acabado com a sua participação é um dos grandes méritos do trabalho e do roteiro feito pelo diretor em parceria com Charles McKeown. A saída encontrada além de plenamente plausível diante de tanto delírio convoca para o time Johnny Depp, Jude Law e Colin Farrell.
O Dr. Parnassus que dá nome ao trabalho é vivido por Christopher Plummer e dirige uma espécie de companhia teatral suja e maltrapilha, que oferece aos visitantes uma viagem a mente do Dr., através de um falso espelho, no qual podem deixar fluir todos os seus desejos e ambições, sejam eles nobres ou não. Só que os tempos são outros na Londres atual e ninguém quer mais saber de histórias e magias, levando a companhia a viver em constante fracasso.
Essa “companhia”, aliás, se resume apenas a Valentina (Lily Cole), filha do Dr., o jovem Anton (Andrew Garfield) e o anão Percy (Verne Troyer). É quando aparece Tony, o personagem vivido por Ledger e seus substitutos já citados, que dá uma nova dinâmica a trupe, ainda que com os reais motivos disfarçados. No fundo tudo não passa de uma grande aposta entre o Dr. Parnassus e diabo (com o nome de Sr. Nick) vivido brilhantemente por Tom Waits.
Talvez “O Mundo Imaginário do Dr. Parnassus” seja apenas lembrado por ser o último filme de Heath Ledger, mas vai além disso. Terry Gilliam consegue novamente um bom trabalho, depois de alguns bem ruins (“Os Irmãos Grimm”, por exemplo). O delírio imenso explode na tela em cores, formas, texturas e paisagens. Em pensamentos e pequenas críticas sociais e políticas. Não é espetacular, mas foge do lugar comum e só isso já faz valer a sessão.

segunda-feira, 24 de maio de 2010

Fúria de Titãs - 2010

Não sei quantas vezes assisti “Fúria de Titãs” na sessão da tarde na minha infância e começo de adolescência. Ao lado de filmes como “Krull, o Conquistador”, “Os Goonies” e “Curtindo a Vida Adoidado”, era já como um amigo de infância, devido a tantas reprises que a Globo passava. Mesmo vendo depois de mais velho e percebendo todos os erros que o longa trazia, ainda era possível se divertir assistindo. Diversão que o remake de 2010 passa longe de dar.
O “Fúria de Titãs” que chega agora aos cinemas é extremamente sem graça. O diretor Louis Leterrier (que traz no currículo bombas como “Carga Explosiva” e “Cão de Briga”) fez um filme com um roteiro toscamente baseado no original e com atores perdidos, que o digam Liam Neeson como Zeus e Sam Worthington como o semideus salvador Perseu. O menos ruim de todos é Ralph Fiennes como Hades, mas mesmo assim está caricato e sem muito brilho.
A história modificada em relação ao longa de 1981 traz os deuses (principalmente Zeus) revoltados com os humanos, que não acreditando mais tanto em deuses, passam a duvidar de sua existência, o que os deixa mais fracos. Para imprimir seu poderoso castigo, Zeus convoca seu irmão Hades, um canalha traiçoeiro de marca maior, que tem planos secretos na manga. A ameaça ruge contra a cidade de Argos, que será destruída se não sacrificar sua princesa.
Para salvar o reino aparece Perseus, que logo sai na caçada para descobrir como matar o bestial Kraken, a criatura que Hades ambiciona jogar contra a cidade. A jornada de Perseus passa por testes e muitos sucumbem no caminho até o final. Tudo muito sem gosto. Nem as bonitas cenas das paisagens e os efeitos especiais salvam esse novo “Fúria de Titãs”. Até os pôsters são ruins, como o que Perseu mostra a cabeça da Medusa, denunciando o final dessa batalha.
“Fúria de Titãs” levará um público grande aos cinemas, quanto a isso não tenho dúvida. É um blockbuster padrão, usando e abusando (e matando) a mitologia e com cenas de ação para o consumo de várias pipocas e refrigerantes. Mas é um filme sem alma e sem coração. Um filme que é difícil agüentar até o final, de tão previsível que é e com tantas atuações fracas. A vontade ao sair do cinema é achar em algum lugar o longa de 1981 e correr para assistir. Muito melhor.

sábado, 22 de maio de 2010

"Sleep Mountain" - The Kissaway Trail - 2010

Em 2007 os dinamarqueses do The Kissaway Trail estrearam de modo arrebatador com um disco homônimo. A atmosfera sonora criada pelo quinteto era extremamente aconchegante e reunia influências de Arcade Fire, Flaming Lips, Pixies e Mercury Rev, resultando em canções como “Smother+Evil=Hurt” e “La La Song”. Três anos se passaram, a banda ficou mais conhecida e lança agora o segundo disco com uma maior produção.
“Sleep Mountain” é o nome do novo rebento de Thomas Fagerlund (vocal e guitarra), Søen Corneliussen (vocal e guitarra), Daniel Skoldmose (guitarra e teclados), Rune Pedersen (baixo) e Hasse Mydtskov (bateria) e foi produzido por Peter Katis, de trabalhos com The National, The Twilight Sad e Interpol. Nesse disco antigas influências se acentuam mais (Arcade Fire) e outras ganham espaço com grupos como Grandaddy e Blonde Redhead.
“Sleep Mountain” tem recebido muitas comparações com o trabalho do Arcade Fire, limitando a banda como uma espécie de cópia qualquer. Quem conhece o trabalho de 2007 entende que não é bem por aí. É evidente que essa influência aumentou no novo registro, no entanto, as canções se exprimem através de outras cores e nuances. A abertura com “SDP” já é fascinante; em pouco mais de seis minutos traz a melodia passeando entre as distorções e o piano.
São 11 faixas (com um pequeno prelúdio de quarenta segundos no meio) que criam um clima melancólico e melódico. Ora temos a presença de quatro guitarras, ora de dois teclados. Nada é muito comum ou habitual. Na bonita “Painter”, Thomas Fagerlund enche o pulmão de dor para cantar. Em “Beat Your Heartbeat” e “New Lipstick” a banda se remete mais para a estréia. Em “Three Million Hours” a versatilidade é a dona do jogo, em um ótimo encerramento.
O álbum também traz uma cover até inusitada. “Philadelphia”, canção de Neil Young, da trilha sonora do filme de mesmo nome do diretor Jonathan Demme de 1993, aparece em uma bonita versão. Versos da música como“eu não ficarei envergonhado por causa do amor”, ainda produzem efeito. No segundo trabalho, o Kissaway Trail não supera o primeiro e ainda busca uma identidade própria, mais isso não os impede de nos brindar com belas canções.
Sobre o disco de estréia, passe aqui.
Site Oficial: http://www.thekissawaytrail.com My Space: http://www.myspace.com/thekissawaytrail

quinta-feira, 20 de maio de 2010

"Como Falar Com um Viúvo" - Jonathan Tropper

A vida de Doug Parker não era exatamente um ninho de brilhantismo antes de conhecer sua esposa Hailey. Patinando entre um emprego e outro, sem grandes ambições ou mesmo vontade de encarar maiores desafios, esse cara de vinte e tantos anos seguia a vida. Mas Hailey apareceu na sua frente, mais velha, divorciada, bem sucedida e com um filho para criar. Se casaram e a vida de Doug começou a mudar depois disso, até que sua esposa morreu num acidente aéreo e o deixou na merda.
“Como Falar Com Um Viúvo” começa um ano depois do acidente descrito acima e mostra um Doug Parker ainda sem completar 30 anos, imerso em tristeza e auto piedade. Desde o acidente da esposa, a casa não foi mexida e ele tenta superar a situação enchendo a cara de Jack Daniel’s a toda hora, tentando matar coelhos que andam pela sua casa herdada em um bairro de classe alta e escrevendo uma coluna mensal em uma revista, onde exorciza seus sentimentos e começa a fazer certo sucesso.
O quinto livro do norte americano Jonathan Tropper (dos anteriores apenas “Plano B” foi lançado no Brasil), chega pela Editora Sextante, com 272 páginas e mostra uma história que ao mesmo tempo em que embala tristeza e melancolia no pacote, esboça bom humor e sarcasmo na briga para se reencontrar. Nada muito novo na verdade, a sua literatura encontra ecos em nomes como Tony Parsons e Scott Mebus, mas consegue funcionar bem, apesar de perder um pouco o rumo na segunda metade.
A vida de Doug Parker está cheia de percalços. Além da morte da esposa (que na verdade lhe deixou uma baita herança, além da indenização da companhia aérea), seu pai com quem nunca teve proximidade sofreu um ataque cardíaco, sua irmã mais nova vai casar com um amigo seu que conheceu no velório da sua esposa (coisa que ele não pode aceitar), seu enteado está cada vez causando mais problemas e sua irmã gêmea Claire resolve abandonar o marido para morar com ele e reintegrá-lo ao mundo.
Fora esse cenário deprimente, o personagem principal ainda contribui e muito para que situações trágicas se desenvolvam. É nessas situações que Jonathan Tropper agrada mais, pois insere toques de humor para amenizar os feitos mesquinhos e egoístas de Doug Parker, que no fundo acha que ele mesmo inventou a dor e não se preocupa muito com os outros. “Como Falar Com Um Viúvo” é divertido e interessante, busca por uma redenção que nunca chega, por mais torta que possa parecer.

terça-feira, 18 de maio de 2010

"Alice no País das Maravilhas" - 2010

O americano Timothy Walter Burton nunca foi muito ligado a seguir regras ou padrões pré estabelecidos na sua carreira cinematográfica. Mesmo nos dois filmes do Batman que dirigiu em 1989 e 1992 fez poucas concessões. Quando recriou “Planeta dos Macacos” em 2001 e “A Fantástica Fábrica de Chocolate” em 2005, tomou certas liberdades que causaram reações mais exaltadas nos fãs antigos. Com “Alice no País das Maravilhas” não seria diferente.
Imaginar que Tim Burton iria pegar a obra clássica de Lewis Carrol e transportá-la da mesma maneira para a grande tela era no mínimo muita ingenuidade. A história tal qual conhecemos vinda do livro ou mesmo da eterna adaptação animada da Disney, com certeza sofreria sérias mudanças e assim aconteceu. Tim Burton mescla a obra original com a sua seqüência menos conhecida “Alice Através do Espelho”, para junto com fatos novos criar outro universo.
A adaptação de Burton é uma obra-prima então? Não, não é. Mas também passa muito distante do filme horroroso que as críticas de puristas de primeira mão estão arremessando por aí. O diretor fez um filme com sua marca inegável e mesmo deslizando em alguns momentos, recriou o clássico de Lewis Carrol com certa tensão, ótimos personagens e figurinos e lampejos de excelência, como na versão do Chapeleiro Maluco nas mãos de Johnny Depp.
Na trama, Alice não é mais aquela garotinha curiosa e bem educada, mas sim uma jovem (muito bonita por sinal) que aos 17 anos está na porta de um casamento arranjado e sente uma inadequação imensa no coração. Ao cair novamente no buraco que leva ao País das Maravilhas, Alice precisa se lembrar da sua primeira passagem por lá e ajudar velhos amigos como o Coelho Branco, a Lebre Maluca e o Chapeleiro, a recuperar o reino para a Rainha Branca.
O reino está despedaçado e sob o controle da Rainha Vermelha (Helena Bonham-Carter). Alice precisa ajudar as coisas a voltar para o que eram. Partindo disso, Tim Burton cria uma aventura que traz alguns clichês hollywoodianos, como a busca por uma coragem e nobreza interior e batalhas do bem contra o mal, corroborando tudo na figura de Alice, que representada por Mia Wasikowska, talvez não carregue assim uma imagem tão forte de heroína destemida.
Muita coisa ficou para trás nessa adaptação, principalmente grande parte das metáforas e analogias da obra original, que através delas atacava governos, sociedades e a igreja. No entanto, outras faces como a loucura e a insanidade foram aumentadas gradativamente nos personagens. O espetáculo visual promovido é fantástico e não poderia se esperar menos de Tim Burton, que sempre que pega estranheza e desajuste comportamental consegue se sair muito bem.
Mais filmes de Tim Burton no blog: “A Fantástica Fábrica de Chocolate” “Sweeney Todd – O Terrível Barbeiro de Fleet Street”

domingo, 16 de maio de 2010

"The Boys - O Nome do Jogo" - Garth Ennis e Darick Robertson

A velha pergunta feita por Alan Moore em “Watchmen” nos anos 80: “Quem Vigia os Vigilantes?” ganha uma resposta cruel, violenta e obscena nas mãos de Garth Ennis (de “Preacher” e “Hitman”). Na série “The Boys” ele cria uma equipe que sob a administração da CIA, vai atrás de descobrir os maiores podres dos super heróis para poder controlá-los, em um mundo repleto de seres com poderes especiais trafegando sem muitos limites.
A Devir lança por aqui os seis primeiros números da série, no arco “O Nome do Jogo” que na verdade, como sabemos na leitura, Garth Ennis queria chamar de “Tocando um Puteiro”. Este álbum da Devir, mostra para o público brasileiro (aquele que já não leu pelos blogs da rede), um Garth Ennis mais ensandecido do que nunca. Toda pessoa com poderes é para ele um potencial filho da mãe e isso não fica barato em momento algum.
“The Boys” já sofreu algumas restrições lá fora, como atrasos por conta de conteúdo inapropriado e até mesmo ameaça de cancelamento. As histórias retratadas com competência pelo desenhista Darick Robertson (“Transmetropolitan”), co-autor da série, é um prato cheio e transbordado de politicamente incorreto e humor negro. Violência, chantagem, sexo, drogas e egoísmo impulsionam o mundo por trás dos vigilantes amados do povo.
Logo em uma das primeiras histórias uma super heroína vinda do interior dos USA repleta de valores e crenças, entra na equipe dos “Sete”, a maior desse mundo fictício, depois de passar por testes e mais testes. Ao ser recebida pelo líder do time, precisa passar por mais uma prova. Uma série de favores sexuais para os outros integrantes. E assim Garth Ennis vai derrubando tijolo por tijolo dos pretensos valores morais expostos pelos super seres.
Billy Carniceiro, Hughie Mijão, Leite Materno, o Francês e a Fêmea, a equipe chamada de “The Boys” não dispensa ninguém, pois todos têm algo a esconder. Sua missão é impor rédeas e limites, além de “chutar algumas bundas” quando necessário. HQ adulta, em que as crianças devem passar longe. Os universos construídos por Garth Ennis trazem sempre este esboço completo de violência, onde todo mundo quer se dar bem e continua a impressionar.

sexta-feira, 14 de maio de 2010

"Defendor" - 2009

Arthur Poppington está na casa dos quarenta anos e tem uma vida totalmente desajustada. Primeiramente não é um dos seres mais espertos do planeta, na verdade passa bem longe disso. Trabalha no setor de obras da prefeitura local e vive escondido na oficina deste mesmo setor. No entanto, Arthur guarda um grande segredo. Ele também é o Defendor (isso mesmo, com “d”), um espécie de super herói que sai para combater a vilania e a maldade.
Essa é a história inicial de “Defendor” que chega aqui no Brasil diretamente para o DVD. Dirigido por Peter Stebbings (de “Regras do Amor”) e trazendo um Woody Harrelson impecável no papel do vigilante traumático e atrapalhado do título, é um filme que diverte bem, apesar de quase se perder em alguns momentos. Oscilando entre a comédia e o drama, “Defendor” é como um filme B, mas com uma tosquice bem produzida e lapidada.
O tema em si não é lá muito original, já foi (e será) visitado outras vezes. O diferencial é a atuação de Woody Harrelson, que parece cada vez mais brilhante em personagens como Arthur Poppington. O seu “herói”, além de ser um viciado em histórias de quadrinhos de segundo nível, se enche de bugigangas para combater o crime usando bolas de gude e vespas assassinas e ainda resolve se apaixonar por uma prostituta e lutar contra um chefão do crime.
A prostituta vivida por Kat Dennings (de “Uma Noite Com Amor e Música”), acaba sendo o engate que o diretor precisa para contar um pouco da história do personagem principal, mostrando assim o porquê dele fazer o que faz. Nesse ponto a história quase que desbanca para um drama chinfrim e para pretensas lições de moral. Ainda bem que não dura muito e logo volta, mesmo que em uma escala menor, para os desastres e desatinos do Defendor.
“Defendor” rende boas risadas (o intuito básico de toda comédia) e brinca com o desajuste social de uma maneira eficaz, ainda que de modo politicamente correto. O ponto fraco reside na vontade do diretor em também usar o roteiro para contar dramas familiares e tentar passar mensagens positivas sobre se importar, fazer a diferença ou alertar do perigo das drogas. Caso se concentrasse somente nas maluquices de Woody Harrelson, valeria bem mais.

quarta-feira, 12 de maio de 2010

"Juliet, Nua e Crua" - Nick Hornby

No seu livro “Uma Longa Queda”, lançado aqui no Brasil em 2006, o inglês Nick Hornby mostrava, ainda que de maneira tímida, um novo caminho para sua literatura, tão vinculada a “Alta Fidelidade”. Depois veio “Slam” em 2008, engraçado, mas descartável e uma coletânea de colunas literárias reunidas sobre o nome de “Frenessi Polissilábico” em 2009. À espera por um novo livro do autor passava pela curiosidade de que direção ia ser tomada.
“Juliet, Nua e Crua” lançado aqui este ano pela Editora Rocco com 272 páginas é esse esperado novo livro e ao mesmo tempo em que diverte, também decepciona. Nick Hornby retorna ao universo da paixão pela música para criar uma comédia romântica disfarçada que satiriza de modo bem humorado a relação entre fãs e artistas, com direito aos absurdos já conhecidos. Explora também a internet e a contínua lembrança de obscuros músicos e bandas.
“Juliet, Nua e Crua” é focado em Tucker Crowe, cantor norte americano que fez relativo sucesso nos anos 80 e mereceu comparações com Bob Dylan e Leonard Cohen. Após lançar “Juliet”, seu álbum mais famoso e considerado uma obra prima, Tucker Crowe some depois de visitar o banheiro de uma boate em Minneapolis. 20 anos depois, algumas centenas de fãs continuam o culto ao artista em sites especializados e fóruns pela internet.
Duncan Thomson, um professor inglês de meia idade é um destes obstinados fãs. Morando em uma pequena cidade litorânea inglesa, alimenta as possíveis teorias sobre o desaparecimento do músico, assim como conhece os detalhes de todas as gravações já feitas, inclusive diversos shows piratas. Morando com Annie, curadora do pequeno museu local, há mais de 15 anos, sua relação com Tucker Crowe vive influenciando na sua vida pessoal.
Anne até que gosta da música pela qual seu parceiro é fascinado, mas acha tudo obsessivo demais e acaba refletindo na vida dos dois, que está prestes a ruir. Depois que um disco com esboços das canções contidas em “Juliet” é lançado, Annie resolve fazer uma resenha detonadora em um site (só para infernizar Duncan, na verdade) e se assusta ao receber um email do próprio Tucker Crowe, o que acaba desencadeando previsíveis acontecimentos.
Ao inserir Tucker Crowe, o autor desmistifica todos os fatos em relação a vida pessoal, seus discos e inspirações. Os nossos ídolos são mais comuns do que parecem e Hornby se aproveita disso, criando bons momentos como descrições no Wikipédia e muito sarcasmo. “Juliet, Nua e Crua” tem momentos divertidos e boas sacadas críticas, no entanto padece de originalidade, lembrando muito outros (bons) livros do autor. É para ler, sorrir e esquecer.
Mais livros do autor por aqui: “Alta Fidelidade”, “Uma Longa Queda” e “Slam”.

segunda-feira, 10 de maio de 2010

"O Pequeno Livro do Rock" - Hervé Bourhis

“Funciona assim: Pegue qualquer melodia seja ela qual for, Beethoven ou música havaiana, toque na guitarra, adicione baixo e bateria e as pessoas chamarão de Rock 'n' Roll." A frase cunhada por Frank Zappa, ao mesmo tempo em que transmite ironia crítica, dá uma noção de quão grande o rock n’ roll se tornou. A música que começou com ares de maldita (e carregou isso por um bom tempo) se tornou mainstream no decorrer dos anos e invadiu milhões de vidas.
Uma dessas vidas foi a do francês Hervé Bourhis nascido em 1974. Apaixonado por quadrinhos, este francês teve o rock sempre presente no seu caminho, mesmo que nunca tenha tido talento para tocar qualquer instrumento. Em “O Pequeno Livro do Rock” que a Editora Conrad lança esse ano aqui com 224 páginas, Hervé Bourhis promove um bonito depoimento sobre essa paixão, usando os quadrinhos para expressa-la de modo criativo e bem humorado.
O livro é uma colcha de retalhos com fatos relacionados ao estilo, assim como outros, vide hip hop, reggae, eletrônico, disco, etc. Indo de 1915 até 2009 é traçado um panorama aleatório de acordo com as impressões do autor, mas montado em ordem cronológica. A partir de um determinado momento, o autor narra em um plano de fundo sua relação com a música. “O Pequeno Livro do Rock” vem em formato bacanudo, com um vinil estampado dentro.
Os comentários trazem sempre um toque bem humorado (e devotado às vezes) para o nascimento do estilo, das gravadoras, dos álbuns, artistas e grupos. Passa-se por Elvis Presley, The Beatles, The Rolling Stones, Bob Marley, Metallica, Prince, Elvis Costello, R.E.M, U2, Pixies e Nirvana, entre tantos outros. Há piadas embutidas como com Brian Wilson e o seu “Smile”, Frank Sinatra e o rock e Elvis Presley encontrando Richard Nixon na Casa Branca.
Capas de discos clássicos são redesenhadas em quadros a cada página. Discos como “Astral Weeks”(1968) de Van Morrison, “Zen Arcade”(1984) do Husker Dü, “Rumours”(1977) do Fleetwood Mac, “Entertainment!”(1979) do Gang Of Four, “The Who Sell Out”(1967) do The Who, “Goo”(1990) do Sonic Youth, “Automatic For The People”(1992) do R.E.M ou “Yankee Hotel Foxtrot” (2002) do Wilco. Dá uma imensa vontade de sacar todos para escutar na mesma hora.
Outras culturas associadas ao rock vão aparecendo, como a literatura (Beatniks, Alta Fidelidade), Cinema (Laranja Mecânica, Pulp Fiction) e Quadrinhos (Freak Brothers). O autor cria divertidas “batalhas” discográficas entre Chuck Berry e Litlle Richard, The Who e Kinks, David Bowie e Lou Reed, Michael Jackson e Prince, Nirvana e Pixies, Radiohead e Gandaddy (esta última digna de levantar um protesto histérico tão característico dos fãs do grupo de Thom Yorke).
Até o Brasil dá as caras. Vem com a Bossa Nova, Tropicália, Sepultura e Cansei de Ser Sexy. Há também “Top’s Five” espalhados por todo lado, para dar mais um charme. É claro que faltam muitas bandas, mas se trata de um visão pessoal e abrange na verdade grande parte do que consagrou o estilo. É interessante ver como no decorrer dos anos a música foi ficando sem um maior apelo de nomes fortes, com carreiras construídas. A efemeridade tomou conta.
“O Pequeno Livro do Rock” é um tributo divertido, desleixado e anárquico de um cara sobre uma música que faz parte da sua vida. O tão amado e odiado rock n’ roll. Como diria Pete Townshend: "O Rock 'n' Roll é uma das chaves, uma das muitas, muitas chaves de uma vida complexa. Não fique se matando tentando todas as outras chaves. Sinta o Rock 'n' Roll, e então provavelmente você vai descobrir a melhor chave de todas." Esse cara sabe das coisas. Fique com ele.

sábado, 8 de maio de 2010

"Mary And Max - Uma Amizade Diferente" - 2010

Anos 70. Mary Dinkle tem oito anos, vive em Melbourne na Austrália e se equilibra entre a solidão da falta de amigos e a indiferença do pai que só pensa em trabalho e da mãe que tem como maior aliado o álcool. Em Nova York nos Estados Unidos, Max Horovitz aos 44 anos sofre do mesmo problema de solidão e indiferença social que Mary Dinkle. Por uma conjunção meio surreal, os dois começam a se corresponder e criam uma relação que mudará suas vidas.
“Mary And Max” (que aqui recebeu o subtítulo “Uma Amizade Diferente”) é uma animação baseada em fatos reais que consegue a proeza de comover o telespectador. Utilizando a técnica do Stop-Motion, o diretor Adam Elliot cria uma espiral de cores e sentimentos (ou até mesmo a ausência deles) para narrar uma amizade improvável, completamente fora dos limites comuns e das sugestões que as milícias do politicamente correto podem indicar.
A história evidentemente carrega uma inevitável carga de sentimentalismo na relação de amizade entre uma garotinha e um senhor problemático, o que ajuda e muito na facilidade com que o telespectador é conquistado. Isso poderia até ser um demérito se fosse utilizado de modo apelativo e clichê. “Mary And Max” foge bem disso, tanto no roteiro, quanto no desenvolvimento dos personagens, que através da sua tristeza mostram sublinarmente um mundo bem real.
As vozes do filme ficam por conta de Toni Collette, Philip Seymour Hoffman, Eric Bana e Barry Humphries. Seymour Hoffman, aliás, dá um tom todo especial a Max Horovitz na sua interpretação, fazendo imaginar uma atuação sua como o personagem, o que provavelmente resultaria em show. O senhor gordo, recluso, viciado em cachorro quente de chocolate(!) e que sofre da Síndrome de Asperger, o distanciando da sociabilidade, é o ponto forte da animação.
“Mary And Max” merece aplausos. O diretor Adam Elliot contorna as obviedades que o tema poderia apresentar e faz um trabalho bastante bonito. Um trabalho que não exibe uma beleza fácil e de cores alegres, pelo contrário, esta beleza trilha um caminho tortuoso de dúvidas, solidão e tristeza. Dramático em vários pontos, acusa uma esperança aqui e ali, valorizando acima de tudo como é importante na vida de cada um ter bons amigos para ajudar a seguir em frente.

quinta-feira, 6 de maio de 2010

"Life Is Sweet! Nice To Meet You" - Lightspeed Champion - 2010

O norte americano do Texas, Devonté Hynes, se reinventa a cada novo passo. Foi assim quando em 2008 após o trabalho barulhento com o Test Icicles, lançou o ótimo “Falling Off The Lavender Bridge”, projeto com a alcunha de Lightspeed Champion, onde trazia canções como “Galaxy Of The Lost” e “Midnigth Surprise”. A opção por melodias mais elaboradas que nasciam basicamente do folk, mas ganhava diversos outros contornos foi uma grata surpresa.
No segundo disco do Lightspeed Champion, no entanto, Dev Hynes consegue ir mais longe ainda. “Life Is Sweet! Nice to Meet You” lançado esse ano é um tratado sobre como fazer boa música. Quase uma opereta moderna. A sonoridade além do folk, indie e pop se une com música clássica e jazz, com uma cobertura de música medieval para dar ainda mais sabor. O que a primeira vista pode parecer pretensão, se revela uma interessante e funcional alquimia.
A produção de Ben Allen (de trabalhos com Animal Collective e Gnarls Barkley) ajuda a dar o resultado que escutamos. Dev Hynes compõe e arranja tudo (toca quase tudo também). São 15 faixas com duas pequenas paradas (“Intermission” e “Intermission 2”) que trazem momentos que batem logo na primeira audição e como diria Bob Marley: “Uma coisa boa sobre a música é que quando ela bate você não sente dor”. Então o negócio é aproveitar.
Inicia com “Dead Head Blues” e seu crescente pulsar, passa pelo rock com clima setentista de “Marlene” e pelo banjo que conduz o barroco moderno de “There's Nothing Underwater” e sua bela melodia. Passa também pela fracionada “Faculty of Tears”, pela clássica e conduzida ao piano “The Big Guns of Highsmith”, lembrando Rufus Wainwright e por “Romart”, muito bonita, onde Dev Hynes se aproxima bastante de Colin Meloy e seu Decemberistis.
“I Don't Want to Wake Up Alone” traz arranjo de cordas, enquanto “Madame Van Damme” com seu estranho e irônico humor, já se torna uma das faixas do ano. “Smooth Day (At the Library)” brilha em um singelo solo de guitarra e “Sweetheart” esbanja uma melodia classuda. O piano move a instrumental “Etude Op. 3 'Goodnight Michalek'”, para “Middle of the Dark” antecipar o final com o réquiem instrumental de “A Bridge and a Goodbye”.
Em “Life Is Sweet! Nice to Meet You” Devonté Hynes crava um discaço. Impressiona o trabalho que o músico conseguiu dar vida. A união de influências e sonoridades demonstrada não oferece nada de novo, é verdade, mas a forma com que as canções são construídas é de uma singular maestria. Talvez o álbum fique encoberto diante de tantos lançamentos do dia a dia, o que será uma injustiça, pois merece alcançar muitas e muitas pessoas. Repito: Discaço.
Sobre o disco de estréia, passe aqui.
Site Oficial: http://www.lightspeedchampion.com My Space: http://www.myspace.com/lightspeedchampion

terça-feira, 4 de maio de 2010

"Superguidis" - Superguidis - 2010

Os gaúchos do Superguidis chegam ao terceiro disco esse ano. Na primeira faixa do álbum, um suave dedilhado de violão antecede versos reflexivos: “quando a tarde cai, quando nada mais é capaz de resolver, quando não se vê...”. Será que a banda deixou a mão roqueira e as letras inesperadas e criativas de lado? Ledo engano. Logo na seqüência aparece o verso “quando se quer esquecer o que o Roger Waters disse em 73” e as coisas voltam ao seu devido lugar.
É claro que quem acompanha o grupo sabia que não haveria mudanças no novo disco, tendo em vista os shows e as músicas liberadas anteriormente. “Superguidis” traz poesia irônica e pop encharcada com guitarras e seus riffs cortantes. Andrio Maquenzi (vocal e guitarra), Lucas Pocamacha (guitarra e vocal), Diogo Macueidi (baixo) e Marco Pecker (bateria), voltam novamente com a parceria Senhor F e Monstro Discos e a produção de Philippe Seabra.
Já em “Não Fosse o Bom Humor” as guitarras assumem e ditam o que virá. “Visão Além do Alcance” brinca com premonições e “As Camisetas” traz ótima letra, (visão Superguidis) sobre o término de um romance, cantando “porque será que sempre chove toda vez que alguém te abandona?”. “Quando Se é Vidraça” afirma que “ser pedra é barbada” enquanto “Fã-clube Adolescente” manda: “eu sou um relapso imprevisível como um fã-clube adolescente”.
“De Mudança” é a mais anos 90 do disco e “Casablanca” tem um riff perfeito, cantando sobre crescimento pessoal, mesmo com um coração juvenil. “O Usual” traz solidão e morte em cima da mesa e “Nova Completa” com a letra bastante ingênua, tem o carimbo do Superguidis na melodia e instrumental. Para fechar, “Aos Meus Amigos”, uma bonita canção sobre amadurecimento e amizade: “aos meus amigos toda a acidez de um abraço embriagado”.
“Superguidis” ainda vem outro disco de bônus mostrando o registro de um show da banda em formato acústico que serve não somente para presentear aos fãs, cada vez mais numerosos, como também ratificar a posição do grupo no cenário nacional, tendo já uma vasta coleção de “hits”. Os gaúchos continuam brilhando no cenário independente tupiniquim conseguindo a rara e difícil façanha de envelhecer sem perder a pegada e o ritmo do início.
Sobre os discos anteriores, passe aqui e aqui.
Site Oficial: http://www.superguidis.com.br My Space: http://www.myspace.com/superguidis

sábado, 1 de maio de 2010

"Homem de Ferro 2" - 2010

Nas histórias em quadrinhos, território onde o Homem de Ferro se sente devidamente mais a vontade, Tony Stark, o homem por trás da armadura, já caiu e levantou diversas vezes. Há tempos o personagem saiu do segundo escalão e se firmou no centro das ações da Marvel, vide mais recentemente a Guerra Civil da editora e a fase de reconstrução mais recente, na premiada série lá fora.
Em “Homem de Ferro 2” que estréia nos cinemas do país, o diretor Jon Favreau foca sua continuação em uma dessas reviravoltas e faz um trabalho mais interessante que o bom primeiro filme. Tony Stark precisa se erguer depois de um tremendo baque e a forma que encontra para lidar com esses problemas: festas, álcool e presunção. O milionário precisa pedir ajuda para sair da crise.
No enredo, o governo dos EUA insiste para que Tony Stark entregue os projetos da sua armadura ao exército. Claro que o milionário não aceita e dá um show de narcisismo e prepotência em uma sessão do senado. No entanto, escondido armando uma vingança até então desconhecida está Ivan Danko (Mickey Rourke muito bem), que cria um projeto para fazer o Homem de Ferro cair.
Em meio a essa trama principal, outras se desenvolvem como a chegada de Pepper Potts (Gwyneth Paltrow) a presidência das Indústrias Stark, a concorrência das Industrias Hammer na pele do seu presidente vivido por Sam Rockwell, o conflito entre amizade e dever do Coronel James Rhodes (agora Don Cheadle no lugar de Terrence Howard) e um envolvimento mais direto da S.H.I.E.L.D.
A S.H.I.E.L.D, aliás, traz Nick Fury (Samuel L. Jackson) abrindo mais ainda o caminho para a esperada adaptação dos Vingadores e uma Viúva Negra belíssima e matadora na pele de Scarlett Johansson. Mesmo usando vários personagens e alterando origens e fatos dos quadrinhos (como o vilão de Rourke, o Whiplash ou Chicote Negro, como preferir), Jon Favreau segura muito bem a onda.
Robert Downey Jr. está mais uma vez perfeito no papel de Tony Stark, com seu humor rasgado e ações criativas, conseguindo ser mais antipático e charmoso que nas histórias em quadrinhos. Aliando ação na medida certa com um roteiro que mesmo sem ser uma obra prima é bastante competente, “Homem De Ferro 2” consegue divertir e prender o espectador na poltrona do cinema.
Sobre o primeiro filme da franquia, passe aqui.