quinta-feira, 1 de abril de 2010

"Coração Louco" - 2010

Bad Blake já foi um cantor country de grande sucesso nos EUA. Hoje vive a margem do sucesso se apresentando para sobreviver em espeluncas na beira da estrada, onde seu publico consiste em pessoas de meia idade e decadentes. Entre uma música e outra Bad Blake se encharca de whisky como se para esquecer dos dias ruins e lembrar de dias melhores. Esse é o enredo inicial de “Coração Louco”, estréia do diretor Scott Cooper, baseado no livro de Thomas Coob.
“Coração Louco” angariou duas estatuetas da academia esse ano. A primeira pela atuação de Jeff Bridges como Bad Blake, atuação daquelas incorporadas ao personagem. Merecidíssima. A outra estatueta veio com a melhor canção, “The Weary Kind” de Ryan Bingham e T-Bone Burnett, integrante de uma trilha sonora bem feita, com canções de Lightnin' Hopkins, Lucinda Williams e The Delmore Brothers, além das (boas) composições feitas para o filme.
A história de Bad Blake começa dar uma nova guinada quando ele conhece a repórter Jean Craddock (Maggie Gyllenhaal em atuação não tão inspirada assim) e seu filho pequeno Buddy. Os dois acabam se apaixonando e um caminho de redenção começa a ser escrito mais na frente, ainda mais quando o cantor retoma seu contato com um ex-pupilo e agora o famoso cantor Tommy Sweet (Colin Farrell). Uma nova chance começa a se apresentar para o “cowboy do amor”.
“Coração Louco” traz muitas semelhanças com “O Lutador”, um grande filme do ano passado. Ambos trazem um personagem central já com certa idade, que viram dias melhores e encontram em uma mulher o apoio necessário para talvez melhorarem suas vidas novamente, além de uma grande atuação de seus atores (em “O Lutador” o show era de Mickey Rourke). O tema que já foi explorado em outros filmes nos últimos anos, por mais que se repita é bem costurado.
Jeff Bridges é o alicerce onde todo filme cresce e surpreende na sua segunda metade. Seus trejeitos, forma de falar e arrependimentos do passado, moldam uma figura que alia fragilidade, teimosia e força. O roteiro apesar de tender em certo momento para o drama barato (principalmente por causa dos chiliques da personagem de Maggie Gyllenhaal) consegue fugir disso na hora certa e faz de “Coração Louco” um filme que consegue a façanha de emocionar.