domingo, 13 de dezembro de 2009

"Umbigo Sem Fundo" - Dash Shaw

David e Maggie Loony são um casal comum de americanos. Tiveram uma vida razoavelmente tranquila e criaram seus três filhos sem maiores atropelos e de acordo com a doutrina que o seu país reza. Os filhos cresceram e lhe deram netos, nada mais normal. O que não é muito normal, é que depois de 40 anos de casados e com mais de 70 de idade, David e Maggie resolvem se separar. E o que é pior, sem nenhum motivo aparente a não ser o simples cansaço.
“Umbigo Sem Fundo” de Dash Shaw é mais um título lançado no país pela Companhia das Letras, através do selo “Quadrinhos na Cia”, no qual vem fazendo um ótimo trabalho. A história ganhou uma roupagem bonita e vem contada em mais de 700 páginas. A arte de Dash Shaw apesar de não ser a mais bela de todas, traz um traço bem peculiar com o qual o leitor acaba se acostumando. Com um tom de sépia envolvendo a arte em preto e branco, cria-se um efeito bem bacana.
“Umbigo Sem Fundo” é mais um trabalho dos quadrinhos que explora temas do cotidiano, sem super heróis ou tramas policiais como pano de fundo. Dash Shaw usa uma tradicional família americana para expor vários defeitos e disfuncionalidades de toda família. Os três filhos do casal, Dennis, Claire e Peter, são pequenos universos que funcionam de maneira diferente em relação aos pais e sem muita comunicação fraterna. Peter se acha tão excluído que é retratado com cara de Sapo na obra.
Ao saber do divórcio dos pais, os três filhos vão passar uns dias na casa em que foram criados para entender e assimilar o processo. Cada um reage de maneira diferente e espelhada pelo tratamento recebido quando criança. Dennis não entende, procura explicações a toda hora. Claire fica passiva, enquanto Peter, bom, Peter tem um mundo só dele para cuidar e não liga muito. No meio disso ainda tem Jill, a filha de Claire, que parece ser o único oásis de sabedoria no grupo.
Os quadrinhos estão caminhando a passos largos para um novo nível. Em obras como “Umbigo Sem Fundo” a coisa fica bem clara. O roteiro desta graphic novel podia muito bem ganhar os cinemas pelas mãos de diretores como Mike Leigh, sem fazer feio. Para ajudar sua narrativa Dash Shaw vai subvertendo os quadros de tamanho conforme a intensidade do momento, ou simplesmente opta por passar vários deles mostrando apenas paisagens. Vale a leitura.
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