domingo, 1 de novembro de 2009

"Pergunte ao Pó" - John Fante

Sabe aquele velho lugar comum do “este livro você precisa ler antes de morrer?” Sabe né? Pois é. Apesar de ser aplicado a obras sem tanto valor assim, algumas vezes o velho clichê pode ser plenamente utilizado. Um desses casos é quando se fala de “Pergunte ao Pó” do escritor norte americano John Fante, lançado originalmente em 1939 e que esse ano ganha uma nova reedição pelas mãos da Editora José Olympio, com 206 páginas.
“Pergunte ao Pó”
é tido como influência por uma grande gama de escritores. Junto com Henry Miller provavelmente foi a maior fonte de inspiração para nomes como Jack Kerouac, Allen Ginsberg e Charles Bukowski, podendo colocar no bolo inclusive gente mais nova como Chuck Palahniuk. O livro ganhou inclusive uma versão cinematográfica (bem mais ou menos por sinal) há alguns anos atrás, com Colin Farrell no papel principal.
Mas o que faz desse livro algo tão especial assim? Primeiro a maneira que John Fante escreve, sem modismos ou moldes, segundo o ritmo que ele imprime a trama, que vai surgindo frenética e alucinada e por último o seu personagem principal, o escritor filho de italianos Arturo Bandini que na Los Angeles dos anos 30, vive entre o sonho e a desilusão na ânsia de se tornar um grande astro em um país devastado pela crise de 1929 e com a segunda grande guerra em andamento.
Na busca pelo seu sonho de sucesso, Bandini mantêm uma relação quase quixotesca com seu editor, que vai aprovando para publicação um conto aqui e outro ali, lhe mandando quantias por isso que são logo devidamente consumida em prazeres carnais e ilusões. No meio do caminho conhece uma garçonete de nome Camilla, pela qual se apaixona imediatamente e passa a jogar um jogo que não está nem perto de se sentir preparado.
Enquanto a relação com Camilla vai entrando em uma espiral inconseqüente de loucura, frustrações e prazer, Bandini se vê cada vez mais perdido entre o que almejava para sua vida e o que ela começa a oferecer no meio de tanta lama. “Pergunte ao Pó” é daqueles livros para se ter em casa, guardado em um lugar junto com outras obras do mesmo calibre, para ser revisitado vez ou outra. Literatura cativante, enérgica, criativa e olhando de certa forma, única.

4 comentários:

Anônimo disse...

grande adriano,

belo blog, desses que se adiciona aos favoritos para visitar e aprender sempre. tenho vontade de tentar fazer algo tbm, e visitar blogs bons é sempre um incentivo.
parabéns pelos posts musicais, cinematográficos e literários, apesar de não concordar com algumas coisas (e não precisar disso para admirar) são sempre pertinentes.

resolvi comentar a respeito do "pergunte ao pó" para compartilhar contigo algo que talvez já seja do teu conhecimento: sabes que temos duas traduções desse livro para o "brasileiro", né?
como fã do fante li ambos e acho que a tradução mais antiga, a do (tbm admirável) leminski, é melhor e mais fiel ao fante original que essa aí do muggiati.

portanto, um coemntário de parabéns com troca de figurinhas.

abraços.

Adriano Mello Costa disse...

Eu sei dessa tradução do Leminski sim, so que nunca a li. :( Obrigado pelos elogios. Volte sempre. Abs.

Anônimo disse...

Encontrei seu blog pesquisando sobre o livro do Fante. Quase comprei mas como li que uma das inspirações dele vinha do James Joyce logo fugi. Simplesmente não sou capaz de ler Joyce, nem me dou mais ao trabalho de tentar entender. Pergunte ao pó é muito exigente na leitura? Do género fluxo de consciência? Faulkner eu gosto, Virginia Woolf me cansa, Joyce nem pensar... o que você me diz.

Abrç,

Ricardo Assis

Adriano Mello Costa disse...

Ricardo,
A literatura de Fante (pelo menos nos livros que conheço) não remete a Joyce não. Como falo no texto sua linha passa mais por Henry Miller e em alguns dos beatniks. Vale muito a pena, pode comprar sem medo. Abraços :)