quinta-feira, 28 de maio de 2009

"Tudo Que Eu Sempre Sonhei" - Pullovers - 2009

Ah, o amor...Amor que tanto se faz presente na vida, mesmo quando está de férias, está ausente. Os paulistanos do Pullovers escolhem esse amor para ser o tema principal do seu quarto disco, o primeiro somente com letras em português. As mudanças incluem também uma sonoridade diferente dos trabalhos anteriores e as influências do rock alternativo de bandas como Pavement, Sonic Youth e Weezer. O Pullovers envelheceu e isso é muito bom.
A versão 2009 do grupo traz além de Luiz Venâncio (vocal e guitarra), Bruno Serroni (baixo e cello), Habacuque Lima (guitarra), Rodrigo Lorenzetti (piano e teclados), Angelo Lorenzetti (violão e baixo) e Gustavo Beber (bateria). “Tudo Que Eu Sempre Sonhei” canta principalmente sobre o amor, mas fala também de procura, de encontrar o seu lugar no mundo. Fala de sonhos, desejos e planos para um futuro que quem sabe um dia se realizará.
Logo na abertura com a faixa título, temos uma bonita canção, uma espécie de autobiografia em que Luiz Venâncio canta versos como “o tempo foi passando e eu fui adiando, mudo, os grandes dias que ia conhecer”, para depois emendar com “não tem carro me esperando, não tem mesa reservada, só uma piada sem graça de português. Não tem vinho nem champanhe ou taça, só um dedo de cachaça e um troco magro todo fim de mês”.
A partir dessa abertura, o amor está no ar e toma conta do jogo, seja pelo prazer de estar junto ou o desejo e a vontade de buscar quem se quer. Em “O Amor Verdadeiro Não Tem Vista Para o Mar”, a coragem chega: “olhou pra Mariela e disse: “Vou peitar o amor. É hora de encarar”. Em “1932 (C.P)” são os desencontros que aparecem: “Mas eu chego e você parte, eu Terra e você Marte, aliás, você ser carioca será que me provoca demais?”
Na bonita e singela “Marinês”, com seus teclados guiando uma bossa nova praiana, meio samba e meio rock, adentram frases como: “ó o doce olhar de um mano, já desfez tudo de cartesiano que havia no coração suburbano de Marinês”. Em “Futebol de Óculos”, o esporte da preferência nacional é o caminho da conquista: “driblo, chuto, toco, me apresento a você, meu bem: um craque de óculos seu, de mais ninguém.”
O tom de frustração chega em “Todas As Canções São De Amor”, Venâncio pergunta: “quem inventou o final feliz? Como é que eu pude acreditar em Hollywood, no que diz letra de canção popular?” O querer se encontrar, coadjuvante do disco se faz presente novamente em “Quem Me Dera Houvesse Trem”, “Marcelo Ou Eu Traí O Rock” e na bonita “Lição de Casa”, de passagens como: “quero aprender a me esquecer da vida, ter na cabeça só raios de sol”.
Há três anos o Pullovers já aparecia com um Ep que trazia o esboço da nova jornada, uma jornada com canções em português e a mpb, samba e rock nacional adicionados a gama de influências das bandas alternativas admiradas pelo grupo. Ao fazer tudo isso sem forçar a barra, o encontro entre samba e noise, mpb e guitarras distorcidas soa extremamente bem. “Tudo Que Eu Sempre Sonhei” é um dos discos do ano, corra para escutar.
A banda disponibilizou o trabalho de maneira gratuita na Trama Virtual. Passe aqui e pegue o seu.
Site Oficial: http://pullovers.com.br

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