sexta-feira, 8 de maio de 2009

"Firmin" - Sam Savage

“Morador ilegal, vagabundo, vadio, pedante, voyer, roedor de livros, sonhador ridículo, mentiroso, charlatão e pervertido...” Essa é apenas uma das definições próprias que o personagem principal de “Firmin”, estréia do escritor americano Sam Savage faz de si mesmo nas pouco mais de 240 páginas do livro lançado ano passado pela Editora Planeta. “Firmin” foi publicado originalmente fora das grandes editoras, mas rodou e ganhou o mundo.
Lançado aqui no Brasil, sem o subtítulo original, “Adventures f a Metropolitan Lowlife”, “Firmin” é um romance fascinante, que concebe um personagem único, recheado de originalidade e fascínio. O protagonista do livro, que conta sua vida para o leitor em narrativa, nada mais é que um rato, nascido no porão de uma livraria na cidade americana de Boston nos anos 60, dentro de um ninho montado com folhas de “Finnegans Wake” do grande James Joyce.
Firmin não é um rato tradicional como outros retratados na literatura, como ele mesmo comprova em certa altura ao destruir personagens como Mickey Mouse e Stuart Little. É sim um rato que devora livros tanto na sua leitura quanto ao comê-los e carrega um deslumbramento pela espécie humana, passando o decorrer da sua vida na livraria querendo ser como nós, almejando se tornar um humano para provar dessa coisa chamada vida.
No decorrer dos seus absurdos narrativos fantásticos, onde se insere dentro de livros de diversos grandes autores como Hemingway, Firmin divide seu tempo entre a livraria onde tem no dono desta uma espécie de herói e no cinema onde conhece Ginger Rogers na grande tela, aquela que será a “mulher” de sua vida, o que o leva a sonhar em ser Fred Astaire, ao mesmo tempo em que se delicia na perversão de filmes pornográficos.
O escritor Sam Savage, que tem doutorado em filosofia pela Universidade de Yale, usa e abusa do tema da compreensão sobre a condição humana no seu primeiro livro. Cria em “Firmin” não só uma figura fantástica como um anti herói clássico, não somente por trazer este como um rato, como também pelo encantamento que se faz presente em todo momento no prazer da leitura e nas viagens que ela pode proporcionar. Altamente recomendável.

2 comentários:

Lucas Nonose disse...

ae muito legal mesmo o blog!
sempre passo aqui pra dar uma lida nas resenhas e conhecer bandas novas!!!

Adriano Mello Costa disse...

Seja sempre bem vindo Lucas :)