terça-feira, 3 de março de 2009

"O Silêncio de Lorna" - 2008

Os irmãos belgas Jean-Pierre e Luc Dardenne são responsáveis por dirigir grandes filmes como “Rosetta” e “A Criança” que lhe valeram a Palma de Ouro em Cannes em 1999 e 2005. Podemos colocar na conta também o excelente “O Filho” de 2002. Sua maneira de conduzir filmes sempre de maneira muito natural e real, com a câmera andando quase que nos ombros dos personagens, se tornou uma característica marcante. 

Na sua mais nova empreitada intitulada “O Silêncio de Lorna”, essa tendência naturalista continua presente em uma obra inferior aos filmes citados acima, mais ainda carregada de algum brilhantismo. O longa ganhou como melhor roteiro ano passado em Cannes, laureando mais uma vez o trabalho competente da dupla. “O Silêncio de Lorna” não é em nenhum momento fácil e deixa o espectador às vezes meio desconfortável. 

Na película somos apresentados a Lorna (Arta Dobroshi), uma albanesa que para conseguir se estabelecer na Bélgica, faz um casamento arranjado com Claudy (Jérémie Renier), um dependente químico que namora o desespero dia a dia. A principio o trato parece bom, Lorna consegue sua cidadania e Claudy mais dinheiro para se drogar. Depois que tudo acontecer, ela se divorcia e casa com um russo que está atrás de cidadania. 

Lorna está em busca não somente de um lugar melhor para morar, como também de um sonho, que é montar seu próprio negócio com o namorado e começar outra vida. Para agilizar o divórcio e colocar novamente Lorna disponível para casar, o agenciador do negócio tem o plano de matar Claudy, pois ele é um drogado e um drogado a menos não levanta suspeita não é mesmo? Lorna começa a entender que não.

Além de dissertar sobre um tema bastante atual e recorrente na Europa nos dias de hoje que é a imigração, os irmãos Dardenne mais uma vez exploram a relação entre a racionalidade prática dos atos da sociedade, por mais sujos que sejam contra o anarquismo que os sentimentos humanos podem chegar. Até onde se consegue cavar para conseguir algum objetivo? Essa é a pergunta que fica subentendida e infelizmente não encontra resposta.

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