quinta-feira, 6 de março de 2008

"Brincando De Coisa Séria" - Cascabulho - 2008

A banda pernambucana Cascabulho surgiu em meados dos anos 90, no auge de uma cena rica e diversificada, apostando em ritmos regionais que tanto estavam em voga na nossa música nessa época. Usando referências que iam de Jackson do Pandeiro ao maracatu, produzia uma sonoridade interessante que lhe rendeu vários prêmios e viagens para o exterior a fim de mostrar a sua música.
Em 1998 a banda lançou “Fome Dá Dor De Cabeça” que traduzia toda a sua mistura de maneira bastante concisa. Depois desse álbum, Silvério Pessoa, talvez o integrante mais importante do time, decidiu sair para seguir seu caminho. O baque foi grande e a banda demorou a assimilar. O retorno só aconteceu em 2002 no bom “É Caco de Vidro Puro”, que tentava achar um novo caminho com a ajuda de várias participações especiais.
Depois de um bom tempo sem lançar nada, 2008 é o ano para o terceiro disco do Cascabulho, que conta apenas com Kléber Magrão da formação original. Mais do que nunca uma dura prova depois que a banda já foi sepultada diversas vezes. “Brincando De Coisa Séria” é completamente diferente dos trabalhos anteriores ao mesmo tempo em que não esquece suas origens e de onde veio.
A atual sonoridade investe em menos regionalismos e percussões (mesmo que eles ainda apareçam bem) e para isso contou com o trabalho de Leo D. e William P. do estúdio Mr. Mouse, onde foi feita a gravação. A formação tem o já citado Magrão, João Alencar (percussão), Jackson Rocha Jr.(baixo e vocal), Léo Lira (violão, guitarra e vocal), Alexandre Ferreira (saxofone, pífanos, violões e vocal) e Ebel Perrelli (bateria).
O disco abre com um texto de Braúlio Tavares feito em 1995 e que aqui é declamado pelo poeta Antônio Marinho. Depois tudo agrada bem, seja pelos metais de “Rua Do Hospício”, o suingue de “Sambada Boa”, a beleza de “Ciranda”, o samba à lá Novos Baianos de “A Parede” ou a funkeada “É Toma Lá Dá Cá”. Para fechar, uma versão poderosa de “Quebra Quilos” de Pedro Luís que vem ao mesmo tempo pesada e dançante.
O por assim dizer “novo” Cascabulho agrada muito bem e aponta para um futuro com grandes feitos. A ciranda, maracutu, samba de roda, frevo e coco que a banda explorava, agora ganham um tratamento mais pop e a companhia de outros ritmos como o funk, o jazz e o rock. Como diz o nome do poema que abre o disco, “tudo vai no cascabulho”. E mais do que nunca vai mesmo. E bem.
Site oficial:
http://www.cascabulho.com.br