sábado, 29 de setembro de 2007

"O Homem Que Desafiou o Diabo" - 2007

Quando vi o trailer do filme “O Homem que Desafiou o Diabo”, que estreou recentemente nos cinemas fiquei curioso em assistir. Primeiro, por se tratar da adaptação do livro “As Pelejas de Ojuara” do escritor Nei Leandro de Castro (que não li mas vi boas criticas na internet), depois por ser de uma produção do casal Luiz Carlos e Lucy Barreto e principalmente por investir no imaginário fantástico do nordeste que é muito rico.

No entanto tudo ficou nebuloso quando percebi que a direção era de Moacyr Góes. Nada contra o diretor mas a sua filmografia não espelha muitas expectativas. Afinal de contas, nela estão filmes da Xuxa, Angélica e o massacre feito com Machado de Assis em “Dom”. Mesmo assim, arrisquei a ida ao cinema e consegui tirar boas gargalhadas com os méritos do longa, apesar de seus inúmeros erros.

Os méritos se devem as histórias fantásticas do livro narradas (algo entre Ariano Suassuna e Tim Burton), o ótimo trabalho de Marcos Palmeira como o personagem principal e Helder Vasconcelos, músico e ex-Mestre Ambrósio que dá um show na pele do tinhoso do inferno. Alie-se a isso a linguagem do cordel, a ótima trilha sonora e a excelente produção do casal Barreto.

Mas o que poderia ser um bom filme tropeça em si mesmo em vários momentos. O ritmo que o mesmo imprime deixa falhas e mais falhas no enredo, se apressando em passar historias demais em tempo de menos. A montagem é abrupta demais, sem passagens e ligações entre as pequenas historias que compõem a lenda do homem que desafiou o diabo.

A historia passa por Zé Araújo (Marcos Palmeira), um caixeiro viajante que sai conquistando mulheres mundo afora, até que em uma dessas conquistas se vê obrigado a casar com a filha de um comerciante, sendo destratado diariamente, sofrendo diversas humilhações, até o dia em que se revolta de tudo e se transforma em Ojuara (Araújo ao contrário). A partir desse momento Ojuara sai nordeste afora defendendo donzelas (ou prostitutas, entre elas a bela Fernanda Paes Leme) em perigo e cuidando dos fracos e oprimidos.

“O Homem Que Desafiou o Diabo” poderia ser um filme bem melhor do que é, apesar de utilizar uma fórmula que já havia tido sucesso antes como “Lisbela e O Prisioneiro” e “O Auto da Compadecida”, fica bem abaixo destes. Como cinema não chega a empolgar sendo apenas razoável. Como diversão sem grandes pretensões chega a ser interessante, pois tem bons momentos que compensam toda a irregularidade bancada pelo seu diretor.

quinta-feira, 27 de setembro de 2007

"Teletransporte" - Autoramas - 2007

O Autoramas é o tipo de banda que todo mundo gosta, dificilmente ouço alguém falar mal do seu trabalho. Não é para menos, há dez anos na estrada eles conseguiram de maneira independente alçar relativo sucesso nos quatro cantos do país, conquistando uma boa legião de fãs e fazendo sempre o som em que acreditam.

“Teletransporte” o quarto álbum da banda lançado em maio deste ano é outro ótimo testemunho da capacidade do trio que agora além de Gabriel Thomas, o vocalista e guitarrista que conduz o processo desde o inicio junto com o baterista Bacalhau, conta com Selma Vieira no baixo. A produção ficou a cargo de Kassin e Berna, o que contribui bastante.

A fórmula da banda continua a mesma, a boa mistura de punk, new wave, jovem guarda e surf music, produzindo faixas e mais faixas para não deixar ninguém parado e serem escutadas em volume alto. “Mundo Moderno” abre o disco, contando como é difícil para certas pessoas se adequarem aos tempos de hoje, um rock com a cara e a assinatura dos Autoramas.

Destaque também para a meio dance “Fazer Acontecer”, a critica social bem sacada de “Marketeiro”, a instrumental “Panair do Brasil”, a futurista e apocalíptica “Digoró” ou Selma Viera mandando ver em “Já Cansei de Te Ouvir Falar” junto com Gabriel. A grande faixa desse novo trabalho é “A 300 km/h” uma das melhores de 2007, emulando Roberto e Erasmo Carlos, produzindo um pop para ser assobiado e cantado em voz alta pelos cantos.

“Guitarrada” fecha o disco como uma homenagem ao estilo paraense dos grandes mestres ribeirinhos e que ganhou nova roupagem nas mãos do La Pupuña entre outras bandas do estado. Para quem é paraense (como eu) é um grande toque a mais, Gabriel se garante no serviço. Bom disco que de repente poderia ter umas duas faixas a menos, mas que não complica o todo.

Mais do mesmo bem bacana de se ouvir.

Overdose de Autoramas para vocês:

Site:
http://www2.uol.com.br/autoramas
Blog: http://www.autoramas.blogspot.com
My Space:
http://www.myspace.com/autoramas

terça-feira, 25 de setembro de 2007

"Fup" - Jim Dodge


Um livro que tem uma pata como um dos personagens principais. Uma pata que é criada como animal doméstico e tem uma personalidade forte, incisiva. Uma pata acima de tudo mal humorada, obesa e alcoólatra. Some-se a isso um velho ancião que se julga imortal, viciado em jogos e uísque que solta perolas hippies vez ou outra. E coloque no bolo um jovem que tem como maiores projetos de vida, fazer cercas e matar um porco.

O resumo (ou quase isso) dessa mistura inesperada, para não dizer assustadora é o pequeno romance “Fup” do escritor americano Jim Dodge, cultuado por muita gente ao redor do mundo com a tão preocupante acunha de cult. O livro foi lançado em 1983 e ganha segunda edição nacional pela editora José olympio este ano. Faz alguns meses que o li pela primeira vez, por conta da vinda do escritor ao país para a festa Literária de Paraty no Rio de Janeiro, o que trouxe sua obra a tona.

Confesso que ao ler o prefácio do Marçal Aquino dizendo que “Fup é um daqueles livros que, em lugar de leitores, conquistam devotos”, fiquei desconfiado. Não conseguia imaginar tudo isso com as sinopses que dispunha. Para a minha grata e prazerosa surpresa, “Fup” superou minha desconfiança e imaginação. O escritor Jim Dodge constrói um universo peculiar amarrado de maneira tão simples, que chega a parecer óbvio. O que não passa nem perto de ser.

"Fup" conta a história do vovô Jake, que no seu rancho vive de maneira solitária a consumir seu tempo destilando o “Velho Sussurro da Morte”, uísque que fabrica e confere poderes de imortalidade (segundo ele). Completamente desbocado, Jake leva a vida entre algumas filosofias que poderiam muito bem constar no ideário hippie e sua maneira simples de resolver as coisas.

“Miúdo” (apesar do 1,92m e 135 quilos) é seu neto que tem como razão de ser o ato de construir cercas e mais cercas, como se isso fosse a única coisa que importasse no mundo. Sua personalidade é calada e quieta o que contrapõe sua quase obsessão em capturar o mítico porco “Cerra-Dente”, que insiste em arrebentar suas cercas. No meio disso, entra “Fup”, a pata que falamos acima, que passa a fazer parte dessa inesperada família, com todas suas manias e jeitos.

O livro de Jim Dodge além de ser daquelas leituras que pedem para ser consumidas urgentemente é um belo tratado sobre a vida, sobre o coração de cada um, sobre a liberdade. Mostra o quanto figuras tão diferentes podem se dar tão bem convivendo juntos desde que se respeitem (parece fácil né?), falando em como a vida pode ser livre de formas e contornos pré-definidos, dependendo apenas de cada um.

Quando acabei de ler “Fup” (e já relendo duas vezes), concordei plenamente com o prefácio do Marçal Aquino e me tornei mais um devoto destes anti herois e do seu pequeno e envolvente libelo sobre a vida.

sexta-feira, 21 de setembro de 2007

"The Autumn Defense" - The Autumn Defense - 2007

Existe música para tudo nesse mundo. A música em si se expande em diversos horizontes, dando perspectivas distintas para cada ouvinte em especial. Assim sendo existe música para abençoar a alma e acalmar a mente. Música para inundar nosso parco ouvido tão direcionado nas últimas salvações do rock. Música que leva a parar um pouco em busca por sentimentos mais nobres.

“The Autumn Defense” lançado em 2007, terceiro disco da banda de mesmo nome se encaixa perfeitamente nessa descrição. O projeto que desde 2001 proporciona momentos de rara beleza é representado pelo duo John Stirratt (baixista do Wilco) e o multi-instrumentista Pat Sansone, (que entrou no Wilco no final de 2003), sendo responsável por dois excelentes registros, “The Green Hour” de 2001 e “Circles” de 2003.

O novo disco não chega a fazer frente aos dois anteriores, o que não diminui em nada o seu valor. “The Autumn Defense” é para te acompanhar durante vários e vários meses. Seja no trabalho, no carro, em casa ou com a namorada. As influências da banda continuam passeando entre Neil Young e Beatles, Van Morrison e Elvis Costello, folk e alt-country, sempre com extrema qualidade.

Abre-se com “Canyon Arrow” brincando com Eagles e lembrando bastante mpb na sua levada, se ambientando em um som setentista de coração. “Estate Remains” caberia tranquilamente em qualquer disco de Paul McCartney sem fazer feio. A balada “Where You Are” vale pela melodia embaçada de nostalgia e o belo piano que a acompanha. “Winterlight” é anos 70 até a última luz da alma. Uma das melhores faixas do trabalho.

“Fell You Now” flerta com o soul e poderia estar muito bem em “Sky Blue Sky” do Wilco juntamente com “We Would Never Die”, a faixa seguinte. “City Bells” lembra um pouco a bossa nova, mas acaba por viajar no jazz tranquilamente. “Spend Your Life” traz um belo piano na entrada e vocal lembrando coisas mais recentes como The Shins. “Criminal” com suas orquestrações é pop até a alma e com certeza deixaria meste Costello bastante contente.

“This Will Fall Away” traz aquela guitarrinha e clima típicos dos anos 60. “I Knew It All Long” é um excelente folk das antigas, com vários violões e vocal brincando de tom. “About To Change” é de uma beleza arrebatadora, levada completamente ao piano. “Simple Explanation” se encarrega de fechar o álbum em mais uma ótima perola pop com requintes de algumas décadas atrás.

Naqueles dias em nada estiver dando certo, que a cabeça estiver para explodir, que a vida parecer que não pode ser consertada, escute este “The Autumn Defense”. Seus problemas não irão se resolver, mas com certeza a sua alma será renovada por estas canções que insistem em brincar de buscar a perfeição, de alcançar um algo maior do que podem sonhar.

Site Oficial:
http://www.theautumndefense.com

Download de
“The Autumn Defense”
Senha: coisapop

quarta-feira, 19 de setembro de 2007

"Saneamento Básico, O Filme" - 2007

O diretor gaúcho Jorge Furtado frequentemente nos brinda com um bom filme, repleto de criatividade, longe do lugar comum, recheado de humor e com uma linguagem dinâmica. Foi assim com todos seus longas anteriores, a saber “Houve Uma Vez Dois Verões” de 2002, “O Homem Que Copiava” de 2003 e “Meu Tio Matou Um Cara” de 2005. E não é diferente com seu novo projeto “Saneamento Básico, O Filme” em cartaz nos cinemas.

Mais uma vez o diretor trabalha com Lázaro Ramos e Paulo José, sendo que pela nona vez o primeiro contracena com o amigo e parceiro Wagner Moura na grande tela. Com ótimo elenco, o diretor esbanja inventividade para contar uma história simples, mas que na verdade revela o quanto é difícil fazer cinema no nosso país (com tantos problemas sociais), assim como brinca com a burocracia política e os nossos governantes sempre dispostos a dar um jeitinho em tudo.

A sinopse trata de uma pequena comunidade chamada Linha Cristal, onde os habitantes se reúnem para fechar um projeto de construção de um fosso para que o mal cheiro e as doenças do esgoto sejam resolvidas. Quando chegam na prefeitura recebem a noticia de que não há verba prevista para saneamento básico no exercício, no entanto há um recurso federal de R$ 10.000,00 para a realização de um filme e que pode ser “ajeitado” para a obra, desde que os habitantes apresentem um roteiro e um vídeo.

Começa a missão do casal Marina (Fernanda Torres) e Joaquim (Wagner Moura), junto com Silene interpretada por Camila Pitanga, a gostosona da vez, já que nos filmes de Jorge Furtado sempre tem uma (já foram anteriormente Deborah Secco e Luana Piovani) e Fabrício (Bruno Garcia) em formular o roteiro, conseguir filmar 10 minutos, viabilizar tudo isso para pegar a verba e construir o tão sonhado fosso.

Os coadjuvantes dão um show a parte no longa, Otaviano (brilhantemente Paulo José) pai de Marina e Silene é uma figuraça, passeando entre o razinza e o amável. Tonico Pereira faz o empreiteiro Antônio e Lázaro Ramos entra como Zico, que chega com a missão de montar o filme, moldando este a todo um outro caminho.

“Saneamento Básico, O Filme” se mantêm no mesmo patamar dos dois trabalhos anteriores do diretor, tendo como mérito além do trabalho dos envolvidos, o seu próprio desenvolvimento em um comédia que brinca com o lado político do país, divertindo e singelamente criticando algumas situações tão comuns para todos nós. Um dos melhores filmes de 2007. Diversão inteligente. E garantida.

segunda-feira, 17 de setembro de 2007

"Young Galaxy" - Young Galaxy - 2007

Nos anos 80 tinha uma banda que unia melodias suaves com climas cheios de nuances fazendo uma sonoridade única. Essa banda era o Galaxie 500 e o seu mentor Dean Wareham. Ao final da banda no começo dos anos 90, o músico montou outro grande projeto, o Luna, que desde então continua colocando ótimos trabalhos no mercado, naquilo que se convencionou chamar de space rock.

Todo esse preâmbulo serve para explicar a sonoridade de um dos melhores lançamentos de 2007 até agora. “Young Galaxy”, disco de estréia do projeto de mesmo nome é de uma beleza única como os trabalhos que Wareham costuma comandar. Uma espécie de filho perdido ou irmão mais novo, que vem do Canadá e tem em seu núcleo o duo Stephen Ramsay (vocal e guitarras), ex-Stars e sua namorada Catherine McCandless (vocais e teclados).

O duo se juntou a vários amigos e produziu um trabalho envolvente, repleto de beleza e que leva o ouvinte aqueles momentos em que o mundo parece parar e os problemas do dia a dia ficam um pouco de lado. “Swing Your Hearthace” abre com diversos efeitos, uma viagem de mais de seis minutos, com direito a vocal compartilhado e a música parando com palmas ao fundo.

“No Matter How Hard You Try” traz toques de anos 80, com a guitarra lembrando Echo and The Bunnymen. “Outside The City” e “Lazy Religion” remetem aos grandes momentos do Galaxie 500, com refrão puxando a base feita pelos teclados. “Searchlight” é a mais pop do disco, com roupagem mais indie e guitarras sem tantas modificações. “Lost In The Call” reinicia a viagem, abrindo com palmas e vocal etéreo.

A tríade que encerra brilhantemente o disco “Come And See”, “Embers” (um linda balada) e “Alchemy Between Us”, consolida todas as influências do duo canadense, indo de Yo La Tengo ao já mencionado Luna. Um grande trabalho que merece figurar na lista de muita gente ao final de 2007. Uma viagem e tanto para ser apreciada e admirada enquanto o mundo lá fora continua o seu caminho.

My Space:
http://www.myspace.com/younggalaxy

Site:
http://www.arts-crafts.ca/younggalaxy

Download de “Young Galaxy”
Senha: coisapop

sexta-feira, 14 de setembro de 2007

2º Festival Se Rasgum no Rock - 15 e 16 de Setembro


Salve, salve minha gente amiga...

Chegou a hora. O 2º Festival Se Rasgum é neste sábado e domingo. Imperdivel. Descanse bem e encare a procissão rockeira com toda vontade do mundo. Valerá a pena mais uma vez. Se liga na programação:

Sabado - 15 de Setembro

02:00 Móveis Coloniais de Acaju(DF)
01:20 MQN (GO)
00:45 Madame Saatan
00:10 Cravo Carbono
23:35 Cabaret (RJ)
23:00 Macaco Bong (MT)
22:35 Telaviv
22:00 I.O.N.
21:25 Johny Rockstar
20:50 Turbo
20:15 Lafusa (DF)
19:50 Ultraleve
19:15 Telesonic
18:40 Mr. Jungle (RR)
18:15 Filhos de Empregada
17:50 Monomotor
17:25 Quimera Porfia
17:00 Malachai
Domingo - 16 de Setembro

00:15 Cordel do Fogo Encantado(PE)
23:40 Coletivo Rádio Cipó
23:05 La Pupuña
22:30 Norman Bates
21:25 Nashville Pussy (USA)
21:00 Rennegados
20:25 Delinquentes
20:00 Sincera
19:25 Sweet Fanny Adams (PE)
19:00 Attack Fantasma
18:25 Stereoscope
17:50 Stereovitrola (AP)
17:25 Hebe e os Amargos
17:00 SuperJack

Mais em:
http://www.serasgum.com/festival/programacao.php . Esse ano o festival será no Complexo do African Bar na grande Belém/PA.
Se liga!!

quarta-feira, 12 de setembro de 2007

"Yes, U" - The Devastations - 2007

Há mais ou menos uns dois meses atrás me deparei com o grupo australiano (agora erradicado em Berlim) The Devastations pela internet. O trio formado por Conrad Standish (vocal e baixo), Tom Carlyon (vocal e guitarra) e Hugo Cran (bateria), tem um trabalho bastante interessante desde 2002 e representou uma bela descoberta aos meus ouvidos.

O primeiro disco “The Devastations” foi lançado em 2003, sendo seguido pelo excelente “Coal” do ano passado (que muito provavelmente teria ingressado na lista dos melhores de 2006, caso tivesse escutado há tempo). Esse ano chega a vez do terceiro registro, “Yes, U” que vem recebendo elogios de grande parte daqueles que tiveram o prazer de escutar as suas dez canções.

Nos seus dois primeiros álbuns, a identificação com o trabalho de Nick Cave era imediata e bastante visível, apesar de perceber outras influências como Leonard Cohen e Van Morrison. Neste “Yes, U”, a sonoridade apesar de ainda ter forte caracterização dessas fontes acima citadas, engloba mais de Lou Reed e principalmente de David Bowie na fase “Low”.

“Yes, U” não desperta o mesmo vicio no ouvinte que “Coal” seu antecessor tinha o poder de fazer, mesmo assim é um belo registro. Canções que parecem ter saído de algumas décadas atrás, com um clima quase de space rock em alguns momentos, embalados em uma estrutura que remete a melancolia e tristeza sem chegar a tanto. Um universo interessante de ser conhecido.

Desde o clima da abertura de “Black Ice”, passando pela bowieana “Oh me, Oh My” e seus mais de sete minutos, pelo rock oitentista de “Mistakes” (a canção mais “alegre” de toda a carreira da banda) ou pelas bonitas “The Face Of Love”, “An Avalanche Of Stars” e “The Saddest Song”, fechando com o tema “Misericórdia”, tudo merece apreciação.

The Devastations acabou se tornando banda querida e bastante escutada aqui na casa, ouça e duvido que não faça o mesmo.

Site:
www.devastations.net
My Space: www.myspace.com/devastations

Download de “Yes, U”
de 2007.
Download de “Coal” de 2006.
Download de “The Devastations” de 2003.
Senha: coisapop

domingo, 9 de setembro de 2007

"Cidade dos Homens" - 2007

Quando anunciaram que a série televisiva da rede Globo “Cidade dos Homens” viraria filme, a pergunta era: “Como vai ser?”. Vindo na esteira do sucesso de “Cidade de Deus” e contando com boa parte dos profissionais e atores envolvidos neste, a série foi um grande sucesso (com méritos) entre os anos de 2003 a 2005. Mas quando se trata de levar o assunto para o cinema a conversa sempre é mais embaixo.

Para aqueles que arremessaram todas as pragas possíveis sobre a qualidade do longa, essas não valeram de nada. Isto não quer dizer que este filme seja um novo “Cidade de Deus”, longe disso. No entanto se trata de um bom filme, focado em dramas urbanos de personagens que com certeza estão espalhados em grande número pelo país afora. Retrato fiel de uma cidade e de toda uma juventude.

Aproveitando dois ganchos da série é que o roteiro de Elena Soarez se desenvolve. Laranjinha (Darlan Cunha) e Acerola (Douglas Silva) já estão completando 18 anos e tentam achar seu lugar no mundo enquanto o primeiro busca pelo pai e o segundo tem que conviver com a responsabilidade de ser um. Em meio a isso, ainda existe a briga às vezes desesperadora para fugir do tráfico e principalmente sobreviver.

Um dos pontos mais positivos de “Cidade dos Homens” é humanizar o morro, mostrando todo um cotidiano de pessoas que estão a margem da violência por mais que tenham que conviver com ela todo santo dia. O filme soube também não glorificar as ruas, apesar de todo o fascínio que estas podem representar para os adolescentes que no meio da falta de opção se vêem com um fuzil na mão.

Com uma direção bem competente a cargo do Paulo Morelli, “Cidade Dos Homens”, consegue sobreviver fora da série que a consagrou ao mesmo tempo em utiliza elementos desta para tocar a história. Não espere um novo “Cidade de Deus”, talvez seja como uma espécie de filho, mas um filho que fica longe da sombra do pai, fazendo bonito, mostrando a vida e comovendo em determinados momentos.

quinta-feira, 6 de setembro de 2007

“Three Easy Pieces” - Buffalo Tom - 2007

Sabe quando um amigo some da tua vida por uns tempos, amigo que passou bons e maus momentos ao teu lado na adolescência e de repente some sem deixar rastro. Depois de um longo periodo ele retorna, vocês batem um papo, tomam uma cerveja e percebe-se que apesar de não ter o mesmo fulgor da juventude de anos atrás, o cara continua uma ótima pessoa.

Quando ouvi “Three Easy Pieces” novo disco da banda americana Buffalo Tom, depois de 9 anos sem lançar nada, foi mais ou menos essa a sensação que me tomou a mente. Formada na segunda metade dos anos 80, o Buffalo Tom fez duas obras primas nos anos 90, “Let Me Come Over” de 1992 e “Big Red Letter Day” de 1994, que tocaram muito na meu cd player na época (ainda tenho os cds) e fizeram parte da minha trilha sonora.

As influências da banda sempre se ancoraram no rock tradicional americano passando e viajando por influências de Rolling Stones, Tom Petty, Dinosaur Jr., R.E.M, The Replacements, Neil Young e Husker Du, entre outros. Aquele rock tradicional com vocal forte, backing vocals contrapondo a melodia, violões explorando o lado folk, bateria e baixo sem invencionices e canções com ótimos refrões.

Bill Janovitz (guitarra e voz), Chris Colburn (baixo e vocais) e Tom Maginnis (bateria) voltam com este “Three Easy Pieces”, um ótimo disco que não faz feio a discografia da banda em nenhum momento. “Bad Phone Call” abre com as velhas características da banda, violões acompanhando a melodia e os backing vocals de Colbum contrastando com o vocal de Janovitz. Nostalgia pura.

Tem ainda rock de primeiríssima qualidade como a faixa titulo e “Gravity”, baladonas como “Bottom Of The Rain” e a linda “Hearts Of Palm”, além da faixa que fecha o álbum, a magnífica “Thrown” que lembra o R.E.M e encanta. O Buffalo Tom regressa de uma longa viagem, trazendo na mala as velhas historias e o sempre bom coração para novamente fazer parte de um pedaço da tua vida, por mais pequeno que seja.

Site:
http://www.buffalotom.com

My Space:
http://www.myspace.com/buffalotom2007

terça-feira, 4 de setembro de 2007

"O Ultimato Bourne" - 2007


Gosto bastante de filmes de ação. Filmes de ação que não são só pancadaria e explosões e que principalmente não tenham o dedo de um Joel Schumacher (ou outros do tipo). Filmes em que o ritmo alucinante se alia a dramas pessoais e insistem em um roteiro bem amarrado, com algumas boas surpresas e de preferência sem tantas clichês espalhados nos quatro cantos da tela.

“O Ultimato Bourne” que estreou recentemente nos cinemas é um bom exemplo disso. O longa conclui a trilogia do agente da CIA Jason Bourne, consolidando o ator Matt Damon como um astro que não somente trabalha bem, mas é sinônimo de grandes bilheterias, prova disso é a grande temporada em solo americano que o filme vem fazendo, assim como em outros países.

Bourne que apareceu primeiro em “A Identidade Bourne” de 2002, parecia um produto que não vingaria alcançando urgência cinematográfica e qualidade, grande parte disso devido a direção de Doug Liman, que fez uma confusão danada. Em 2004 sobre a batuta do grande Paul Greengrass (“Domingo Sangrento”) na direção veio “A Supremacia Bourne” e a redenção com um ótimo filme.

Paul Greengrass teve a missão de encerrar a trilogia neste novo longa e o fez com grandes méritos. Com excelentes cenas de lutas e perseguições como a realizada no Marrocos, também consegue mostrar um Jason Bourne visivelmente atormentado com seu passado, vivendo um drama por perder as pessoas que amava e ter que se reencontrar com todo um passado sujo e que para sua surpresa não o exime tanto de culpa quanto assim gostaria.

É fácil montar um paralelo do personagem com o anti-héroi dos quadrinhos Wolverine. Logan, na sua história na nona arte serviu a um projeto secreto do governo, teve a memória apagada e remodelada, passou anos como uma arma mortífera até recentemente se lembrar de tudo e seguir atrás dos responsáveis por isso. A mesma coisa acontece com Jason Bourne e sua luta para achar os responsáveis pela tragédia que sua vida se tornou.

“O Ultimato Bourne” não é filme para ser adorado por fãs ao redor do mundo e nem mudar sua vida. É simples e pura diversão. Diversão inteligente e bem feita. Diversão que vale a pena a ida ao cinema. Só seria legal que a trilogia fosse realmente de três filmes e o agente Bourne tivesse sua história contada a acabada dessa forma, não sendo ressuscitada lá na frente em algum filme de qualidade duvidosa. É esperar para ver.

Mais sobre a série aqui embaixo:

http://www.adorocinema.com.br/hotsites/bourne/default.asp

domingo, 2 de setembro de 2007

"A Torre Negra Vol. II - A Escolha dos Três" - Stephen King

A perseguição que Roland de Gilead imprimiu em busca do Homem de Preto chegou ao fim, em um duelo nada convencional, este último sucumbiu não sem antes deixar para Roland algumas dicas bem sinistras sobre o seu futuro vistas em um baralho de tarô. Três figuras: O Prisioneiro, A Dama das Sombras e A Morte. Em cima desses três depende a busca da Torre Negra.

Esse é o ponto de partida do segundo dos sete romances da série A Torre Negra do escritor Stephen King. “A Escolha dos Três” foi lançado originalmente em 1987 e foi lançado no Brasil este ano. Neste segundo livro da sua saga, Stephen King adiciona o ritmo que faltava no primeiro, “O Pistoleiro”, inserindo mais drama e ação, mudando um pouco as percepções do seu personagem principal.

Roland de Gilead se vê agora atrás de três portas que lhe permitem continuar a busca da Torre Negra e costurar o tempo e espaço. O prisioneiro é Eddie Dean, um viciado em heroina que vive na Nova York dos anos 80. A Dama das Sombras é uma ativista dos direitos raciais da Nova York dos anos 60, que convive em eterna dupla personalidade. A Morte, bom essa não dá para falar sem estragar o clima, mas A Morte coloca tudo em outra perspectiva.

As influências de Stephen King permanecem no segundo volume, vão de J.R.R Tolkien a Sérgio Leone, passando neste novo volume por influências que vão de Mario Puzzo a Stanley Kubrick, tudo isso embalado com bastante cultura pop contemporânea. Bem superior ao primeiro livro, “A Escolha dos Três” ainda não atinge o clímax necessário, mas já empolga muito mais, prendendo o leitor em suas páginas.

E que venha o terceiro, “As Terras Devastadas” que depois colocaremos aqui.

Mais aqui:
http://www.torrenegra.com.br

Veja o que dissemos sobre “O Pistoleiro”, clique
aqui.