quarta-feira, 28 de fevereiro de 2007

“Colin Meloy Sings Morrisey" - Colin Meloy - 2005

Em 1988, Stephen Patrick Morrisey lançava “Viva Hate” seu primeiro disco solo depois do término de uma das bandas mais influentes da história do rock, o The Smiths. Na terceira faixa desse álbum depois de despejar alguma acidez chegava com tristeza nos versos: “Everyday is like Sunday/Everyday is silent and grey(Todo dia é como domingo/Todo dia é silencioso e cinza)”.

Corte para 2005. Colin Meloy é vocalista e guitarrista de uma das bandas mais relevantes dos anos 2000, o The Decemberists e sempre foi comparado ao bardo inglês pelo seu modo de cantar. Eis que munido apenas de um violão o cantor resolve lançar um EP com seis faixas chamado “Colin Meloy Sings Morrisey”. Simplesmente belo.

A versão de Colin Meloy para “Every Day Is Like Sunday” é de uma tristeza arrebatadora, aumentando o grau presente na original, fazendo o mundo parar, a cabeça viajar, o corpo rejeitar qualquer movimento. Música para te deixar absorto ao tempo, inerte as tuas funções mais corriqueiras. Uma cover que já nasceu clássica.

No rol da excelência máxima ainda tem “I've Changed My Plea To Guilty”, “Sister I´m a Poet” e “Jack The Ripper”. Colin Meloy tem uma voz forte e terna ao mesmo tempo, conseguindo evocar toda a emoção necessária para a construção dessas canções revisitadas, sendo impossível ou mesmo improvável ficar indiferente.

Essas músicas estão disponíveis no endereço:
http://loudertb.blogspot.com/2006/03/this-charming-morrissey.html ,indicado no blog Calmantes com Champagne do amigo Marcelo Costa.

Mais sobre a banda de Colin Meloy, The Decemberists (se é que você comete o sacrilégio de ainda não conhecer) no site oficial da banda:
www.decemberists.com ou no my space: www.myspace.com/thedecemberists .

Vale muito a pena. Pode acreditar e decidir ouvindo se "Every Day Is Like Sunday"?

terça-feira, 27 de fevereiro de 2007

"Empire" - Kasabian - 2006

Quando em escutei o primeiro disco homônimo do Kasabian (2004), banda inglesa da cidade de Leicester, achei que as influências do som de Manchester via final dos anos 80 como The Stone Roses e Happy Mondays eram descaradas demais, copiadas demais. Simplesmente não vingou.

Ano passado a banda formada pelos desbocados Tom Meighan (vocal) e Serge Pizzono (guitarra), além de Christopher Edwards (baixo), Jason Mehler (guitarra) e Ian Mattews (Bateria) lançou seu segundo disco intitulado “Empire”, que não recebeu lançamento nacional ainda. Em “Empire” a banda consegue uma boa evoluída no seu som.

As influências anteriores ainda continuam presentes no decorrer deste novo trabalho, mas são melhores trabalhadas e adicionadas a outras como Primal Scream, principalmente da fase “Screamadelica”. O jeitão debochado de Meighan cantar para de soar uma mera imitação para ganhar corpo próprio e um jeito de canalhice que cai bem.

Apesar da melhora no som da banda, o disco ainda é bem inconsistente aliando ótimos momentos como a poderosa faixa título e melhor canção do disco “Empire” (veja o clipe aqui), “Stuntman” e a balada “Britsh Legion” a outras faixas sem grande inspiração como “Me Plus One” e “By My Side”. “Doberman” que fecha o álbum é um delírio grandioso (e isso é um elogio) que pode atentar novos caminhos para a banda, com maior experimentação.

“Empire” daria um excelente EP de cinco ou faixas, mas como disco não consegue ter a unidade necessária, todavia o som do Kasabian evoluiu bem e se essa tendência de crescimento musical se mantiver pode vir um ótimo terceiro disco pela frente. O que nos resta é aguardar.

Ouça algumas faixas em
http://www.myspace.com/kasabian e se ainda tiver um tempinho e vontade visite o site oficial em http://www.kasabian.co.uk .

segunda-feira, 26 de fevereiro de 2007

Boleiros 2 - Vencedores e Vencidos - 2006

Nós brasileiros somos apaixonados por futebol (com raras exceções). De verdade, sério mesmo. Não que isso seja uma novidade, pelo contrário, todos sabemos isso de cor, recor e salteado. E como todo grande caso de amor o futebol também tem alegrias e decepções, além de muitos casos cativos na mente de cada torcedor e cada envolvido no esporte.

Lançado ano passado “Boleiros 2 - Vencedores e Vencidos” é a esperada continuação que o diretor Ugo Giorgetti dá ao seu excelente “Boleiros” de 1998. Usando a mesma fórmula do seu longa anterior, o diretor conta os dramas e sucessos do mundo do futebol em casos fracionados, quase como em um livro de contos.

Neste novo projeto, Ugo Giorgetti adiciona um pouco mais de modernidade aos casos, mostrando um grande e rico jogador brasileiro, ídolo no mundo inteiro e todo o circo que existe ao seu lado repleto de empresários, Maria chuteiras e aproveitadores em geral.

O ambiente ainda é o bar do primeiro filme onde os personagens de Flavio Migliaccio (Naldinho), Adriano Stuart (Otávio) e César Negro (Mamamá), ganham a companhia do Dr. Sócrates (precisa dizer quem é?), continuando a destilar lembranças e casos na mesa do novo e reformadíssimo bar.

Silvio Luiz (narrador de futebol) está impagável na pele do dono do “Bar do Aurélio” e ainda temos de novo Lima Duarte como o treinador Edil e André Bicudo como Caco, além de novos personagens como o empresário Lauro (Paulo Miklos em nova incursão pelo cinema) e o jornalista Zé Américo (Cássio Gabus Mendes).

A continuação é repleta de boas intenções mas não consegue alcançar a mesma quantidade de emoção que o primeiro filme, talvez porque a tal “modernizada” tenha tirado a riqueza e beleza que permeavam todas as antigas histórias, sendo um retrato bastante fiel do nosso futebol de hoje em dia.

Mesmo estando abaixo alguns degraus de sua matriz, “Boleiros 2 - Vencedores e Vencidos” ainda é um bonito filme, falando de um mundo tão inerente a cada um dos brasileiros, mesmo que inconscientemente e que foca sua câmera principalmente nos personagens e não no circo em si, por mais que use este como quase um coadjuvante.

domingo, 25 de fevereiro de 2007

"Wincing The Night Away" - The Shins - 2007

A primeira vez que ouvi falar da banda norte americana The Shins foi quando assisti o filme “Hora de Voltar”, onde a personagem de Natalie Portman falava para o de Zach Braff que ele precisava ouvir a música que estava escutando, pois ela mudaria sua vida. A música em questão era “New Slang” do primeiro disco “Oh, Inverted World” de 2001.

“Wincing The Night Away” é o terceiro disco lançado em janeiro deste ano novamente pela Sub Pop contendo as suas características principais como a voz do guitarrista e vocalista James Mercer em primeiro plano, a forte influência dos Beach Boys e dos Beatles, além de uma sempre instigante mistura de alegria e melancolia nas suas melodias, senda esta última talvez seu maior mérito.

A banda que foi formada em 1997 na cidade de Albuquerque no Novo México, mas que agora reside em Portland conta ainda com o baixista Dave Hernandez, o guitarrista e tecladista Marty Crandall e o baterista Jesse Sandoval, procurando alçar vôos maiores como seu novo trabalho que foi bem recebido e vem vendendo bem para uma banda dita alternativa.

“Sleeping Lessons” abre o disco como uma balada com trejeitos vocais e os falsetes já habituais de Mercer, antes de ficar mais encorpada. “Austrália” vem em seguida com violões e uma melodia alegre, mas com toques pinçados de alguma melancolia, com uma letra interessante para quem não primava muito por elas, dizendo: “Você está condenada a sonhar através de janelas, mudar sua vida por um Joe qualquer e ainda que sua vida siga, seus pesadelos precisarão de apenas um ano ou dois para reaparecer”.

“Pam Berry” lembra Dick Dale (?) com sua guitarra dissonante ao fundo. “Phantom Limb” a primeira música de trabalho com direito a um clipe bem bacana (veja
aqui), é uma bela canção com uma melodia que remete ao quarteto de Liverpool. “Sea Legs” mais uma vez explora os violões e conta nos seus últimos minutos com uma paradinha irresistivel adicionando guitarra e alguns efeitos.

“Red Rabbits” traz um teclado na entrada e um clima meio nonsense lembrando muito Beach Boys com um arranjo de cordas que dá um charme todo especial. “Turn On Me” mais para cima e bem alegrinha, tem bons backing vocals e alguns vocais dobrados com uma letra com toques de acerto de contas, onde James Mercer pergunta: “Porque você teve que saber que eu estava apaixonado por você?”.

“Black Wave” tem na entrada um violão dedilhado aliado a um competente trabalho de harmonia vocal . “Split Needles” vem marcada pela bateria com um clima de psicodelia, algo diferente até então. “Girl Sailor” tem aquele sabor pop para se escutar em uma manhã enquanto tenta organizar as idéias e se arrumar para sair de casa. “A Comet Appears” fecha bem o álbum, basicamente como um adeus.

A voz de Mercer continua guiando o som da banda nesse disco e quem não gosta dela provavelmente não apreciará “Wincing The Night Away”, no entanto quem não tiver nada contra terá um belo exemplar de música para degustar. No my space você pode ouvir as quatro primeiras faixas em
http://www.myspace.com/theshins. Outras informações no site da banda: http://www.theshins.com .

Não vai mudar sua vida como Natalie Portman sugeriu, mas pode adicionar alguns bons momentos a ela.

sexta-feira, 23 de fevereiro de 2007

"Sublime Mundo Crânio" - Lasciva Lula - 2007


“A banda mais original do rock brasileiro dos últimos tempos” escreve Toni Belloto guitarrista dos Titãs no release de “Sublime Mundo Crânio” primeiro álbum da banda carioca Lasciva Lula. “Um disco soberbo” para Carlos Eduardo Lima do site Rock Press ou “mais um exemplo de inteligência no rock nacional fora do mainstream” para Marcelo Costa do site Scream & Yell.

Fundada em 1998 no município de Cabo Frio no Rio de Janeiro, lançou três bons Eps anteriormente (“Lasciva Lula” de 2000, “1ª Edição” de 2001, “Óleo de Saliva” em 2003) todos disponíveis para download no site da banda
http://www.lascivalula.com.br, onde também pode-se comprar o novo disco por R$ 10,00 mais despesas de postagens.

A banda é formada por Felipe Schuery (vocal e guitarra), Guga Bruno (guitarra e vocais), Jamil Li Causi (baixo e vocais) e Marcello Cals (bateria e vocais) e traz no seu som uma urgência e descontrole docemente suaves e ternos. Com influências que passeiam pelo rock Brasil dos anos 80, Secos e Molhados e Pixies, o Lasciva Lula tem um frescor de novidade que paira no ar.

Com 12 faixas distribuídas em quase 37 minutos temos um desfile de melodias, rocks, cotidiano e boas doses de loucura. “Em frangalhos (...e unidos)” já abre o disco com variações vocais e uma guitarrinha à la Pixies, tendo em seguida a quase circense “Réquiem da garota”, com ecos de Tom Zé e da vanguarda paulista.

Depois temos as ótimas “Pra matar a fome”, “Miolos” e “A última sessão de cinema” (as duas primeiras disponíveis para download no site da banda). “Suportar” e “A nave de Noé” são duas viagens como uma balada travestida e drogada em um planeta qualquer. “Chuva!” é nonsense puro, tendo sua letra diretamente tirada de um livro infantil de mesmo nome.

A melhor faixa do disco e por enquanto melhor canção nacional do ano até agora é “A letra da canção desgovernada”, com sua letra com tons de épico chinfrim, gritos e uma guitarra dando um ótimo ritmo em pouco mais de dois minutos e meio. “Celofane” fecha o álbum quebrada e fracionada assim como sua bateria e melodia.

Todos os elogios que a banda vem recebendo realmente fazem sentido, não de maneira 100% mas em grande parte disso. O mundo do Lasciva Lula pede passagem, pode deixar entrar sem medo.

quinta-feira, 22 de fevereiro de 2007

Vôo United 93 (United 93) - 2006


O dia 11 de setembro entrou para a história mundial representando um marco que pode ser analisado por diversos pontos de vista e que mudou bastante a forma do mundo se comportar. Não demoraria muito para o cinema voltar seus olhos para esse dia, como é o caso de “Vôo United 93” lançado ano passado, disponível agora em DVD.

O diretor Paul Greengrass (de “Domingo Sangrento” e “Supremacia Bourne”) resolveu mostrar os fatos de acordo com a sua visão. Para tanto ele foca seu filme no Vôo United 93, que dos quatro aviões seqüestrados neste fatídico dia foi o único que não consegui atingir o alvo devido a uma intervenção dos passageiros. O vôo caiu em espaço vazio matando todos os seus tripulantes.

Para compor um filme que tem algo de documentário e reside mesmo que não intencionalmente a uma homenagem para todas as vitimas do atentado, apenas mostrando os fatos não emitindo quaisquer opiniões, o diretor convenceu os atores envolvidos a estudarem a vida dos passageiros e contou com a ajuda dos familiares dos envolvidos para caracterizar de forma mais real seu filme.

Com uma tremenda intensidade resaltada em uma câmera nervosa entre as mãos, somos convidados a entrar no vôo como testemunhas oculares, sendo plenamente envolvidos no terror e tensão por qual passaram aqueles tripulantes, vendo tudo acontecer na frente dos seus olhos e sem poder fazer muita coisa.

Mostrando também sublinarmente o lado dos terroristas e a reação das pessoas aos ataques que abalaram o mundo, o diretor consegue extrair extremas doses de suspense mesmo que já saibamos do final, mostrando toda a carga de emoção administrada nos 90 minutos em que o avião esteve no ar.

Um retrato bem feito do mundo atual e que nos leva a entender um pouco mais essa esfera que nos cerca chamada atualidade.

quarta-feira, 21 de fevereiro de 2007

“At Rear House” - The Woods - 2007

“At Rear House” lançado lá fora em janeiro desse ano é o primeiro disco da banda The Woods, que na verdade é um duo formado pelos instrumentistas Jeremy Earl e Christian DeRoeck que jogam suas canções folk em um caldeirão em que transforman e destroçam totalmente as mesmas.

O som presente no disco é algo como um Josh Rouse imerso em temas básicos e simples encontrando o lo-fi de bandas como o Guided By Voices, tendo a produção do Lou Barlow (fase Sebadoh) e sendo remasterizado pelo Beck. Estranheza e canções nada fáceis estão para todo lado.

Na verdade o que temos no fundo de toda essa experimentação é apenas folk, mas distorcido e retorcido de maneira singular. As três faixas que abrem o disco “Don´t pass on me”, “Hunover”(esta a melhor do disco) e “Keep It On”, mostram bem isso, ótimas melodias submersas a efeitos de voz e um ritmo quebrado.

O tom de experimentação aumenta em faixas como “Woods Children Pt. 2” e “Love Song For Pigeons” (que título é esse?). “Walk The Dogs” com o vocal falado imerso em efeitos sonoros traz uma guitarra destorcida e mal tocada. “Be Still”(muito boa) e “Bone Tapper” são outros bons exemplos do som da banda.

Indicado para aqueles dias estranhos em que você está de cabeça cheia, sem entender muita coisa do que aconteceu pelo seu caminho recentemente e quer escutar algo diferente, fora do lugar comum e habitual. E pode ser ainda que depois acabe gostando, como este que aqui escreve.

terça-feira, 20 de fevereiro de 2007

Buenos Aires 100Km - 2004

Cinco garotos de 13 anos de idade vivem em uma pequena cidade argentina, dividindo suas agruras, felicidades e principalmente passando seu tempo na busca de um horizonte que ainda não lhes é muito claro, que é o adentrar a uma nova vida repleta de surpresas agradáveis ou não que está por vir.

“Buenos Aires 100 Km”, lançado em 2004 conta com direção e roteiro de Pablo José Meza, soando comum a todo menino que já passou pela fase da adolescência e brigou contra seus medos e dúvidas de um mundo novo que começa a aparecer repleto de descobertas, tanto sexuais quanto da sua própria vida.

Ambientando em uma cidadezinha que parece que parou no tempo, mostrando a crise econômica argentina como cenário, mas sem botar efetivamente o dedo na ferida, o diretor compôs um filme sem pretensão de soar grandioso, mas um retrato pequeno e simples de uma fase da vida peculiar a todos nós.

Os sonhos do menino que quer escrever contos e seu primeiro encontro com o amor, o difícil trato com os pais, a falta de perspectiva, a construção de amizades, tudo isso é demonstrado com um cuidado bem particular, não tendo como idéia representar nenhum libelo de juventude, apenas de demonstrar como as coisas são.

Mais um bonito exemplar do cinema argentino, que ao explorar a normalidade constitui boas produções, no caso específico, mostrando um tema tão normal e recorrente em qualquer parte do mundo, como aqui mesmo no Brasil, lá também quase tudo acaba em futebol.

segunda-feira, 19 de fevereiro de 2007

"The Postmarks" - The Postmarks - 2007

Acho que era por volta de umas 20:00hs de um dia de semana quando cheguei em casa e liguei o computador para continuar algumas coisas do trabalho. Chovia bastante como é comum nessa época do ano. Quando abri o Windows Media Player para colocar uma música para embalar o raciocínio resolvi pela banda The Postmarks pela qual já tinha “passado” sem a devida atenção.

E que combinação ideal. “The Postmarks” disco de estréia da banda americana de Miami proporcionou bons momentos a essa noite fria e chuvosa, calhando como uma trilha sonora digna de um filme de Cameron Crowe. Tim Yehezkely é a doce voz feminina que embala as músicas dando corpo as intrumentações de Christopher Moll e Jonathan Wilkins.

Com uma capa muito bonita, o som por vezes lembra Belle and Sebastian, em outras vezes remete as melodias do The Carpenters, com orquestrações diversas com grande influência do maestro Burt Bacharach. O resultado disso tudo é um disco que passa envolvendo e conquistando pouco a pouco como um amor juvenil.

“Goodbye” a música de trabalho é um deleite só (baixe
aqui direto do site da Revista Spin) tendo sido repetida algumas vezes e adicionada já em algumas listas de reprodução pessoais, com belos metais e uma guitarrinha dando um toque especial a voz que ao mesmo tempo que sussurra, encanta.

Outros bons destaques são “”Winter Spring Summer Fall” que abre o disco, “Looks LIke Rain”, “Leaves” e “Your Drift Away”, essa última bem cativante. Totalmente indicado para momentos de calma, relaxamento ou para escutar com a pessoa amada tomando um bom vinho em uma noite semanal de inverno.

Mais informações sobre a banda e suas canções em:
http://www.myspace.com/thepostmarks e http://www.thepostmarks.com.

sexta-feira, 16 de fevereiro de 2007

A Rainha (The Queen) - 2007

Em tempos modernos como os nossos atuais, em que o novo vira velho da noite para o dia, as tradições e instituições de anos e anos parecem se aproximar do absurdo. Neste contexto de prováveis absurdos do mundo atual está inserida a questão das monarquias ainda existentes em alguns países como por exemplo a Inglaterra, ou Reino Unido da Grã-Bretanha.

Nesse contexto geral é que está situado "A Rainha" um dos melhores filmes que assisti nos últimos meses. O diretor Stephen Frears (que dirigiu longas como “Alta Fidelidade” e “Os Imorais”) nos leva para o seio da família real britânica em um dos seus momentos mais difíceis recentemente. Nos leva para o verão de 1997, quando a Princesa Diana morreu comovendo o mundo e Tony Blair assumia o governo inglês.

Tal enredo poderia descambar para uma produção caricata e sentimental sobre fatos tão recentes e ainda tão vivos no inconsciente popular. O primeiro grande mérito do filme cabe simplesmente ao seu diretor, por ter feito praticamente o contrário disso, com um olhar austero e irônico (e mordaz) traz a família real para uma aura quase normal de cotidiano, ajudado por uma brilhante fotografia e caracterização dos personagens.

Entender o universo de uma mulher que aos 27 anos, mais exatamente em 1953 assumiu o comando de uma das maiores nações do planeta, em um mundo pós segunda guerra mundial e que permanece no poder até hoje, renegando toda uma vida pelo seu país (do jeito dela, evidentemente) e tenta se adequar aos novos tempos é o grande desafio do filme. Desafio plenamente ultrapassado, com méritos.

Após a morte da princesa Diana, a família real, mais basicamente a Rainha Elizabeth II se viu em uma tremenda confusão entre a opinião publica, refletindo o seu povo e os seus costumes e tradições. Todos cobraram uma atitude digna de todas as honras para a princesa, que no entanto já não fazia parte da realeza pois se divorciara do príncipe Charles (retratado como um tremendo panaca).

No meio de todo esse imenso problema está o então recentemente eleito Tony Blair (brilhantemente interpretado por Michael Sheen), que após 18 anos de poder nas mãos dos conservadores, assume com total esperança do povo precisando intermediar esta situação, ao mesmo tempo que vai se rendendo aos encantos de sua rainha.

No entanto, nada disso seria tão espetacular se não contasse com o desempenho que chega a beirar o assombroso de Helen Mirren, como Elizabeth II. Tanto na aparência física como na sua soberba atuação, Helen é a parte principal de um filme repleto de qualidades, que toca em um assunto bastante delicado e consegue um resultado maravilhoso.

Com uma direção e roteiro precisos, sendo quase um documentário "A Rainha" já recebeu um monte de prêmios, como o Globo de Ouro e o Bafta e merece muito ser visto, pelo simples fato de ser um filmaço. E Helen Mirren já pode segurar o Oscar desse ano, pois já é seu merecidamente.

quarta-feira, 14 de fevereiro de 2007

"Seres verdes ao redor" - Supercordas - 2006

Que tal um disco com o nome “Seres verdes ao redor: Música para samambaias, animais rastejantes e anfíbios marcianos”? Você se enquadraria em algum dos grupos caracterizados no subtítulo? Eu também achava que não, mas agora começo a pensar seriamente na minha descendência anfíbia marciana.

O disco acima lançado no final do ano passado é o segundo da banda carioca Supercordas formada por Valentino no baixo, Giraknob nas guitarras, Bonifrate nas guitarras, violões, teclados, vocais e Wakaplot na bateria e traz música pop por natureza embalada a barulhos diversos, algumas doses de lisergia, com cobertura de folk e space rock e recheada com uma boa e generosa quantia de tranqüilidade e diversão.

Desde o ano passado o som dessa banda carioca já vinha cativando um lugar no meu Windows Media Player quando baixei suas músicas diretamente do site da Trama (vai la:
http://www.tramavirtual.com.br/supercordas), incluindo o single que continha a ótima “Ruradélica”. O disco saiu, mas só em janeiro caiu em minhas mãos e sem sombra de dúvida merecia estar entre os melhores de 2006. Cometi uma injustiça.

Disco leve, desprentensioso, misturando Zé Rodrix com Bob Dylan, Flaming Lips com viola caipira. Faixas como a já citada “Ruradélica”, a romântica “Sobre o Frio”, a espirituosa “Frog Rock” ou as singelas “Sobre o Calor” e “3000 folhas” tratam sobre um mundo com toques e contornos especiais, com um clima as vezes até surreal, mas não menos interessante.

Mais sobre a banda, inclusive com o disco para venda e para escutar completo em:
http://supercordas.com.

terça-feira, 13 de fevereiro de 2007

"Glitter in The Gutter" - Jesse Malin - 2007

Me deparei com “Glitter in The Gutter” do cantor de New York Jesse Malin, totalmente por acaso. Passeando eu uma das minhas comunidades do orkut, um comentário a favor do disco e a comparação com o cantor Ryan Adams me levaram a escutar. Ainda bem.

A ser lançado agora no final de fevereiro (e como sempre vazado antes na internet...), “Glitter in The Guther” é um disco poderoso do bom e velho rock americano, perdido em algum momento da carreira de Bruce Springsteen, passeando pelo universo de Tom Petty e viajando por alguns lugares do alt-country.

Vem repleto de participações especiais como a de Bruce Springesteen na belíssima “Broken Radio”, Josh Homme (Queens Of The Stone Age) tocando guitarra em "Tomorrow Night", Jakob Dylan (Wallflowers) em “Black Haired Girl” e Ryan Adams em “In The Modern World” e “Little Star”.

Um álbum com todas as canções boas é algo difícil de se ouvir hoje em dia, onde os artistas enchem seus trabalhos com canções medianas, no entanto, no caso de Jesse Mallin seu terceiro disco contêm em precisos 40 minutos, doze canções com uma grande força.

Além das já citadas acima, impossível ficar alheio a beleza de canções como “Love Streams” e “Bastards Of Young”, ou simplesmente não cantar junto em faixas como “Happy Ever After (Since You´re Love)”, “Lucinda” e “NY Nights”, essa última com um belo solo de guitarra que traz um algo mais.

Ótimo disco. Básico, sem firulas e poderoso. Rock quando tem que ser, balada quando assim o deseja, sem alterar em momento algum o resultado final. Grande e grata surpresa deste inicio de ano. No site do cantor dá para baixar gratuitamente algumas faixas:
http://www.jessemalin.com e pode-se escutar também algumas canções em: http://www.myspace.com/jessemalin .

segunda-feira, 12 de fevereiro de 2007

“I Can´t Go On, I´ll Go On” - The Broken West - 2007


Tem uns discos que sem muita explicação colocamos para tocar e passamos a escutar frequentemente, às vezes até esquecendo de mudar. Grande parte dessas vezes, não se trata particularmente de nenhuma obra prima, mas um bocado de boas canções que te cativam e te fazem cantar junto sem perceber.

Foi nesse caminho o que aconteceu com “I Can´t Go On, I´ll Go On”, primeiro álbum da banda de Los Angeles, USA, The Broken West lançado agora em 2007. Estava aqui entre outros esperando a vez de invadir o Windows Media Player e quando entrou não quis sair mais.

Formado por Ross Flournoy (guitarras e vocais); Dan Iead (guitarras e backing vocals); Brian Whelan (baixo e backing vocals); Rob McCorkindale (bateria) e Scott Claassen (teclados), o The Broken West faz um powerpop vigoroso e melódico, lembrando bastante o Teenage Fanclub, mas também mostra influencias de Big Star, The Kinks, Beach Boys e Beatles, evidentemente.

“Down in The Valley” tem aquela melodia prazerosa de ser ouvida, com guitarras bem feitas e um ritmo perfeito puxando um refrão pop por natureza. A ótima “Shiftee” chega a lembrar as baladas do Screaming Tress e “Hale Sunrise” evoca os anos 60 com louvor e méritos.

Todas as canções tem aquele clima de uma bela manhã, feitas para se colocar bem alto no som enquanto praticamos alguma tarefa pela casa ou no trabalho, enchendo o ar com um clima gostoso, deixando para trás por completo o mau humor que possa existir em um dia ruim.

Com grandes influências bem dosadas e executadas, temos um disco redondinho que ganha mais força a partir do momento em que escutamos mais. Muito bom!. Entre no My Space dos caras e escute algumas faixas:
http://www.myspace.com/thebrokenwest .

domingo, 11 de fevereiro de 2007

Rocky Balboa - 2007

Nostalgia pode ser uma palavra ruim, pode significar acomodação e dependência do passado, mas também pode representar boas lembranças de atos e fatos que marcaram tua vida, que fizeram parte da tua pequena história. Neste último fim de semana quando entrei no cinema para assistir “Rocky Balboa”, foi mais ou menos esse segundo tipo a minha sensação.

Realmente acho que fica difícil para os adolescentes de hoje com seus games e acostumados com efeitos especiais como “O Senhor dos Anéis” gostarem do personagem criado por Sylvester Stallone em 1976, conquistando o mundo pelas décadas de 80 e inicio de 90.

Desde o lançamento do primeiro filme em 1976, que rendeu Oscar de melhor filme, diretor e edição já se passaram 30 anos. É muito tempo. As pessoas se transformam em 5 anos, imagine em 30. É uma eternidade. E com essa perspectiva é que Sylvester Stallone nos apresenta o sexto filme da franquia, trabalhando temas comuns de quando se está envelhecendo.

A grande sacada do filme é não focar na luta em especial, apesar desta ser o fio condutor da trama, mas sim concentrar suas idéias em um drama pessoal e comum, que nos remete ao mesmo Rocky inseguro, simples e bonachão do início. Parece que o personagem é real, como um antigo conhecido que de repente nos aparece de novo.

Sem um sucesso comercial desde 1993 quando estrelou “Risco Total” Stallone se confunde com seu personagem. Em entrevista a Revista Set mês passado disse: “Rocky e eu somos muito parecidos. Tive excelentes momentos e com certeza já passei do meu auge. Embora tenha sido uma ótima jornada.” O que é a mais pura verdade.

No novo filme, encontramos o ex-campeão mundial dos pesos pesados sendo proprietário de um pequeno restaurante que leva o nome de sua amada esposa Adrian (Tália Shire) que já faleceu. Rocky se encontra em uma vida de nostalgia, sem a esposa, meio que abandonado pelo filho Robert Jr. (Milo Ventimiglia) que passa o tempo em um escritório, contando casos dos “bons tempos” das suas lutas homéricas para seus clientes. Sua vida perdeu grande parte do sentido.

No outro lado, temos um atual campeão mundial de boxe Mason “The Line” Dixon (Antonio Tarver) que está sendo duramente questionado por suas lutas serem muito fáceis, muito tranqüilas. Nesse contexto a Espn (canal de esporte) apresenta uma simulação entre os dois, passado e presente, onde Rocky ganhando a luta, mexendo com o imaginário de todos.

Em meio a suas inseguranças e com uma imensa necessidade de se sentir importante novamente, Rocky aceita o desafio proposto pelos empresários do atual campeão, contando com a ajuda de Paulie (Burt Young), seu cunhado, o que nos produz bons diálogos, em um dos melhores momentos do filme.

Partindo da premissa de quão a vida pode se tornar sem graça com o decorrer dos tempos, misturando sua vida pessoal com a do seu personagem, Stallone retorna aos bons tempos produzindo um filme repleto de dramas pessoais, embalados numa grande caixa chamada nostalgia.

Tente não se emocionar ao ouvir “Gonna Fly Now” novamente, enquanto Rocky sobe as escadas do Museu de Arte da Filadélfia, cena até hoje bastante copiada na vida real. Como diz o slogan do longa: “Nada acaba antes do final”. Assino embaixo, apesar de ter muita gente que não entenderá.

sexta-feira, 9 de fevereiro de 2007

A Conquista da Honra (Flags Of Our Fathers) - 2007

Uma nação precisa de heróis, precisa de mitos, precisa de lendas a serem contadas de tempos em tempos. Ainda mais quando a nação em questão são os Estados Unidos da América, envolvidos historicamente em batalhas e mais batalhas, alimentando seu povo, seus sonhos e sua política com boas doses dessa bebida.

Essa é a premissa ao redor de “A Conquista da Honra (Flags Of Our Fathers)” mais recente filme do premiadíssimo diretor Clint Eastwood (Oscar de melhor diretor por “Menina de Ouro” e “Os Imperdoáveis”) e a primeira parte de um projeto que ainda vai trazer as cinemas nacionais, “Cartas de Iwo Jima” que concorre ao Oscar desse ano.

Apoiado em um tema que parecia esgotado (Segunda Guerra Mundial), o diretor consegue extrair um resultado brilhante e poderoso. Tratando de uma real batalha em 1945 na ilha de Iwo Jima no Japão, que foi crucial para o desfecho do combate, contando com um massacre em grandes proporções para os dois lados.

Clint Eastwood traz nessa primeira parte o lado americano da história baseado no livro homônimo de James Bradley, filho de um dos personagens principais da trama, lançado em 2000 e que foi bastante vendido. Nesse lado americano, ao mesmo tempo em que mostra a guerra, o diretor foca principalmente no pós guerra dos personagens, configurando um drama competentíssimo.

Durante essa batalha, seis jovens levantam uma bandeira dos EUA na destruída ilha japonesa e são fotografados nesse momento. Finda a batalha a foto chega na mão do governo americano que decide usá-la para promover a guerra e arrecadar fundos para continuar. Dos seis jovens envolvidos, apenas três estão vivos e carregam uma pequena farsa entre eles.

Cabe lembrar que os EUA só entraram na Segunda Guerra Mundial, porque foram praticamente “forçados” a isso, o país estava quebrado e a guerra passava a consumir os recursos que restavam. Essa foto encheu o povo (já tendencioso a isso) com um patriotismo elevado, sendo essa chance aproveitada com os três sobreviventes que passaram a vender bônus durante uma turnê pelos quatro cantos da sua terra natal.

Dentre os três sobreviventes, está Ira Hayes um descendente de indígenas que é onde Eastwood carrega boa parte do seu drama, mostrando uma sociedade contraída e racista até mesmo para com seus ditos “heróis”. Por outro lado, o espírito de lealdade e amizade construído na guerra é resaltado, mostrando que a briga dos jovens que ali estavam não era pelo seu país, mas sim para salvar sua pele e do parceiro que consigo estava.

É até redundante dizer que a parte técnica é perfeita, principalmente a fotografia e a montagem precisa que dão ritmo a história, uma vez que o diretor sempre se esmerou em todas as partes do processo. Com um elenco nas mãos e contando com o dedo de Steven Spilberg na produção, o novo filme de Clint Eastwood impressiona pela sua força e vigor explorando o lado humano da guerra e expondo as fragilidades do processo inerente a ela.

Um grande filme, que espera o desfecho com “Cartas de Iwo Jima”, mostrando o lado japonês da batalha, consolidando assim num drama de guerra para entrar para o rol dos clássicos.

quinta-feira, 8 de fevereiro de 2007

Velvet Underground - The Norman Dolph Acetate - 1966


Assunto mais comentado nos últimos dois dias no universo rock, indie e pop, está sendo a versão preliminar do seminal disco de estréia do Velvet Underground em 1967, o fundamental disco da banana. A versão em acetato (mais delicada que o vinil) caiu na rede mundial de computadores.
Em 25 de abril de 1966 a banda gravava um esboço do que viria pela frente. "Cool" por nascimento com versões diferentes de clássicos como "Heroin" e "Femme Fatale", o chiado do antigo vinil permeando as canções, a genialidade de Lou Reed e John Cale invadindo o fone de ouvido.
Para download, canção por canção no endereço:
http://returntotaste.multiply.com/music/item/58 .
Beleza rara de uma das maiores e mais importantes bandas de todos os tempos.



quarta-feira, 7 de fevereiro de 2007

A Procura da Felicidade (The Pursuit Of Happynes) - 2007

“A Procura da Felicidade (The Pursuit Of Happynes)” que estreou nos cinemas nacionais recentemente traz como carro chefe o astro hollywoodiano Will Smith, sendo baseado em uma história verídica que ocorreu nos USA nos anos 80, tendo como diretor Gabriele Muccino (“O Último Beijo”) e roteiro de Steve Conrad (“O Sol de Cada Manhã”).

O longa tem espírito de Hollywood por completo em suas veias e cenas. Repleto de clichês, explorações e apelações sentimentais, fantasiando ao máximo a real história, enchendo a mesma do clima de “épico” cotidiano que tanto gosto faz ao grande público, permeando desilusões que nunca afetam a força de vencer.

Agora que já sabe de tudo isso, esqueça e se deixe levar pois o filme realmente emociona. Emociona o cara comum, o cara que é pai, o filho que perdeu o pai recentemente (como este que escreve), o cara que quer ser pai, o cara que não teve pai. A relação entre pai e filho é o grande fio condutor da trama que mostra a luta de Chris Gardner por um futuro melhor.

Por incrível que possa parecer quem traz toda essa carga de emoção é Will Smith, que no colo do seu personagem aparece com uma atuação surpreendentemente boa que lhe rendeu uma indicação (justa) ao Oscar desse ano. A direção não conta com firulas, sendo de um mais do mesmo tremendo, o que enaltece ainda mais a atuação do ator.

Contando a história de Gardner, um homem de família que luta para sobreviver e manter a família unida e por conseqüência seu relacionamento com sua esposa Linda (Thandie Newton de “Crash”) que está prestes a desabar, afetando diretamente seu filho de cinco anos Christopher (Jaden Smith, filho do ator na vida real).

Na corda bamba de sua vida de vendedor e abandonado pela esposa, Gardner põe na cabeça em ser um corretor da bolsa em São Francisco, onde é aceito para um programa de estágio que durará seis meses, concorrendo com mais 19 pessoas e que não lhe trará retorno garantido. No meio de tudo isso, ele precisa viver junto com seu filho, que apesar de todas as adversidades sempre recebe carinho e atenção do seu pai.

Um filme tipicamente fadado ao sucesso, com a fórmula dos grandes estúdios para não dar errado. Um filme que fantasia que qualquer um pode alcançar o sucesso, o que sabemos que não é bem assim, histórias assim são uma em um milhão, ainda mais em um país que nem o nosso com tantas pessoas marginalizadas a beira da sociedade.

Não levando em consideração esse fato e toda sua implicação na sociedade real, a relação entre pai e filho emociona e faz de “A Procura da Felicidade” (o “happynes” do titulo é proposital, não está errado, pode ver o filme...) um longa que vale a pena ser visto.

Se tivesse que dar uma nota (e já dando), seria um 7.

segunda-feira, 5 de fevereiro de 2007

"Myths of the Near Future" - Klaxons - 2007

“Este país precisa de festa. Este país precisa de nós”, com esse tom de pretensão na declaração quando começava seu caminho nas pistas de danças inglesas, o Klaxons, mais nova “melhor banda dos últimos tempos da última semana”, indicava mais ou menos para o que veio na cena pop mundial.

E no que tange a parte da festa, Jamie Reynolds (Baixo e voz), James Righton (Voz, programações e teclado) e Simon Taylor Davis (Guitarra) cumprem o que dizem. Seu primeiro disco “Myths of the Near Future”, lançado no último dia 29 de janeiro é para tocar e fazer dançar.

Juntando o rock, o punk e misturando com elementos de acid house, incluindo sirenes e barulhos diversos, a banda está na ponta de lança do que os críticos ingleses vem chamando de “New Rave” (inventaram mais essa!!). Junte a isso cores berrantes, bem berrantes (tá duvidando entra no site dos caras:
http://www.klaxons.net), viagens futuristas e a alegria está feita.

A mídia inglesa sempre “inventa” uma banda a cada ano, caso como o do Arctic Monkeys (que vejam só, vai ter a produção do seu segundo disco a cargo de James Righton do Klaxons), gerando badalação, capas de revistas e “hype” geral da comunidade pop.

Tire tudo isso e esqueça essas discussões, o que interessa no final das contas é que em seu disco de estréia esses ingleses fizeram um punhado de canções de não deixar ninguém parado. Já estava rolando há algum tempo os singles “Gravity´s Rainbow” e “Atlantis to Interzone”, duas pedreiras da melhor qualidade.

Mas pode-se destacar também “Magick” com uma sirene em volume máximo abrindo para a música (daí a história da rave), a mais ou menos tranqüila “As Above, So Below” e as dançantes “Isle Of Her” e “Golden Skans”, essa última com uma melodia e um punch daqueles de grudar na cabeça.

Ok, já ouvimos isso antes, é verdade. Bandas como Stone Roses e Happy Mondays já exploraram isso há tempos atrás. Ok, a mídia realmente cria ídolos onde eles não existem e não é diferente no caso do Klaxons, mas retire tudo isso e curta um disco bem bacana com canções para dançar e abrir um sorriso no rosto, canções para cima que transformam este “Myths of the Near Future”, em uma das boas surpresas deste inicio de ano.

Escute algumas faixas no site da Trama Virtual:
http://tramavirtual.uol.com.br/klaxons e curta a diversão.

sexta-feira, 2 de fevereiro de 2007

"No Promises" - Carla Bruni - 2007

A italiana Carla Bruni foi uma modelo de sucesso nos anos 90, predileta de nomes como Christian Dior, alcançando sucesso e fama no mundo fashion. Em 2002, a ex-modelo resolveu se arriscar no campo da música, lançando “Quelqu´un m´a dit”, com letras em francês e que vendeu 1,2 milhões de cópias na França e 800 mil no resto do mundo (uma canção sua entrou até para trilha de novela global).

Aos 38 anos, Carla Bruni chega ao seu segundo disco “No Promises” em que deixa a língua francesa de lado e canta em inglês que de acordo com a cantora não era intencional, mas sim pois teve um bloqueio de compor em francês. Por causa desse bloqueio utilizou como letras, partes de poemas de escritores como W. B. Yeats e Emily Dickinson, gerando um bom resultado.

Com canções baseadas quase que em sua totalidade no violão, temos um trabalho pop muito bem feito e produzido, com romantismo e sensualidade ainda que não de maneira descarada. “Those Dancing Days Are Gone” a faixa de abertura, tem uma levada suave que ganha força na voz rouca da cantora.

Outros bons destaques são “Autumm” com uma gaita de fundo dando charme, “I Felt My Life with Both My Ha” com uma guitarrinha largada de tempos em tempos e “Afternoon” pelo ritmo em que a letra é jogada misturando uma certa urgência com uma quase declamação.

Disco para se escutar namorando, para começar um dia, para relaxar ou servir de som ambiente, mais principalmente para ocasiões em que o clima de romantismo esteja pairando pelo ar. Além disso, tem uma das capas mais belas dos últimos tempos, que sozinha já valia a pena. Simples e bonito esse “No Promises”.

quinta-feira, 1 de fevereiro de 2007

"Zero" (EP) - Attack Fantasma - 2007

Elder Fernandes, ou Elfer Effe foi um dos fundadores do Suzana Flag, tocando baixo, compondo e cantando se confundia com a própria identidade da banda, que alçou vôos bem distantes. Ano passado em vias de gravar o segundo disco, ele resolveu sair e fazer seu próprio caminho.

E esse caminho aparece agora com “Zero” primeiro EP com sua nova banda o Attack Fantasma, montanda junto com o guitarrista Daniel C., também ex-Suzana Flag e Régi, baterista da banda Norman Bates. “Zero” é o novo começo do músico que tenta e procura encontrar outras sonoridades.

“120” é a primeira música do EP trazendo um riff de guitarra rasteiro embalado com um baixo pulsando e ditando o ritmo da canção, com uma urgência que disfarça um pouco a antiga fórmula já usada na sua antiga banda.

“Central” vem depois como uma espécie de redenção. Apesar das guitarras, aqui a música vem embalada por violões e efeitos que trazem um folk-rock de excelência pop, grudando o refrão e trazendo versos como: “As vezes eu olho para você/como se fosse a última vez...” e “Eu vou embora mas eu deixo você/ e não demora é tudo de novo/ você dispersa e eu vou central...”. Retrato da separação? Pode ser.

“Vetores” começa com um quê de experimentação na bateria sufocada até que o baixo e o violão entram para manter o mesmo clima da faixa anterior, mas com toques de psicodelismo que deixam um toque especial no ar.

“Cidade dos Mortos” é puro rock n´ roll com abertura de bateria punk rock e uma bela linha de baixo abrindo espaço para a canção. Pop perfeito. “Amor Rock” vem mais powerpop e tem cara de hit com seus dois minutos e pouco, fechando o EP em grande estilo.

“Zero” aponta novos caminhos para Elder Effe na sua musicalidade, apesar de a temática das letras e as canções em primeira pessoa remeterem a sua banda anterior, o que é normal devido ao pouco tempo do seu novo projeto. No entanto, faixas como “Central” e “Cidade dos Mortos” indicam um futuro bastante interessante e de qualidade para o Attack Fantasma.

Baixe o EP de graça aqui:
http://www.roquenroubeibe.com.br/attack/index.html
E que venha o primeiro disco.