sexta-feira, 30 de novembro de 2007

"As Engrenagens"/"Carros-Fantasma" - Sestine - 2007

Já tem alguns meses que venho dizendo para os amigos mais próximos que o Sestine, banda de Brasilia é uma das melhores que passaram no meu player em 2007 (olhando para as coisas feitas no nosso país), com um rock que não ostenta nada de novo, mas que tem um vigor cativante e um vocal para lá de interessante, cortesia do guitarrista e vocalista Márcio Porto.
Com uma das melhores canções do ano, “Esse Lugar Ruim”, conheci a banda através do site Senhor F e desde então tem cadeira cativa entre as mais ouvidas aqui na casa. Além de Márcio Porto, o Sestine é Thiago Soares nas guitarras, Tiago França no baixo e Marcelo Freitas na bateria. Apesar de ainda não ter disco, lançou este ano dois EP´s muito bons.
O Sestine ainda não está no patamar de bandas independentes como Violins, Terminal Guadalupe, Superguidis ou Vanguart, mas tem qualidade de sobra para chegar lá. A aposta do som oscila entre o rock dos anos 70 e anos 80, repleto de guitarras e mais guitarras, com um vocal ora desprentensioso, ora meio glitter de Márcio Porto e em outros momentos entrando de cara no folk rock.
O primeiro EP “As Engrenagens” vem mostrando as guitarras (e é onde a banda rende melhor) gerando grandes momentos, como a já citada “Esse Lugar Ruim”, além de “O Teu Pobre Coração”, “Jana” e “W2” (com ecos fortíssimos de Legião Urbana). O segundo “Carros-Fantasma” aposta mais nos violões e promove ótimas faixas como “Tantas as Coisas” e “As Mentiras Certas”.
Grata surpresa de um ano repleto de excelentes discos no rock brazuca, o Sestine se configura como uma grande aposta para o futuro. Longa vida a eles!
Entre no site e baixe os Ep´s: http://www.sestine.com.br
Escute no My Space: http://www.myspace.com/sestine

quarta-feira, 28 de novembro de 2007

"Lindo Triste Mundo" - Gardenais - 2006

Como é bacana se deparar com uma boa banda nessas intermináveis noites a frente do computador entre um trabalho e outro. Há alguns meses passando por aqui e ali me deparei com uma capa bonita de um álbum intitulado “Lindo Triste Mundo”. A banda responsável por tanto é mineira e se chama “Os Gardernais” e promove uma interessante mistura de influências em um pop rock gostoso de se escutar.
Na estrada desde 1992, quando ainda respondiam por “Os Gardenais do Samba”, o grupo formado por Caio Ducca (vocal, guitarras e violões), Leo Moraes (guitarra e bandolim), Bruno Ducca (baixo e violino) e Del Cabral, chega ao seu segundo disco que conta com a sempre competente produção de Kassin e Berna Ceppas, e traz aquele gosto por melodias que há tempos bate nas Minas Gerais.
Com influências que passeiam pelo Britpop de Blur e Ocean Colour Scene, passando por Lou Reed, The Beatles, Samba, Anos 80 e muita MPB, temos canções com boa qualidade e forte apelo pop, ancorado em boas letras (na maioria das vezes de Caio Ducca) e em uma doce melancolia que invade o ar e toma parte do teu pequeno universo naquele momento.
Com um grande hit em potencial “Ela Não Pensa em Mais Nada” (que já tocou bastante por aqui esse ano) e lindas canções como “Toma Essa Canção”, “Todos Os Andares” e “Janeiro Chegou”, o grupo mostra um trabalho que merece ser apreciado em boas e generosas doses dentro do teu player.
Baixe o disco de graça no site deles: http://www.gardenais.com

domingo, 25 de novembro de 2007

"Acústico MTV" - Paulinho da Viola - 2007

“Eu canto samba porque só assim me sinto contente, eu vou ao samba porque longe dele eu não posso viver...”. Quando Paulinho da Viola encerra o seu show no formato acústico MTV cantando essa música, é impossível não ter a absoluta certeza de que essa afirmativa é a mais pura verdade para esse artista.
Paulinho da Viola é um patrimônio nacional, assim como outros músicos, vem deixando ao longo da carreira uma enorme quantidade de canções que marcaram a vida de muita gente (inclusive a minha). Um mestre que se fez influenciar e se admirar com sua humildade, elegância e acima de tudo, sua musicalidade.
O seu “Acústico MTV” chegou recentemente as lojas em DVD (e também em cd com 6 faixas a menos) e é uma aula de música. Entrando no cenário só com seu cavaquinho e levando a introdução de “Timoneiro”, Paulinho despeja um arsenal de clássicos como “Coração Leviano”, “Para Um Amor No Recife”, “Dança da Solidão”, “Pecado Capital”, “Argumento” e “Foi Um Rio Que Passou da Minha Vida”.
Para completar o embalo, regravações de lindas e esquecidas canções como “Amor É Assim”, novas canções como “Bela Manhã” e “Talismã”, esta última um samba que já nasceu clássico em parceria com Marisa Monte e Arnaldo Antunes, além da belíssima regravação de “Nervos de Aço”, do rei da dor de cotovelo, o venerado Lupicinio Rodrigues.
Como diria aquele samba antigo, tudo é um luxo só. O Making Of do projeto ainda engrandece mais o trabalho, com depoimento dos músicos, “causos” de Paulinho, depoimentos de amigos como Toquinho e Elton Medeiros, além de bate papos bem interessantes. Presentaço de final de ano, para todo fã de boa música.
Site Oficial: http://www.paulinhodaviola.com.br

sexta-feira, 23 de novembro de 2007

"Bandeirante" - Os Telepatas - 2007

A mistura de pop e rock com a MPB não é nenhuma novidade no cenário brazuca, desde Secos e Molhados, passando por Picassos Falsos, desembocando em Los Hermanos e mais recentemente em bandas como a excelente Supercordas, tal fusão está devidamente já registrada. E é nessa seara que os paulistas, chamados Os Telepatas se inserem.
Usando e abusando da sonoridade dos anos 70 e começo dos 80, indo de 14 Bis a Clube da Esquina, de Guilherme Arantes a Arnaldo Baptista, enxertando toques psicodélicos e tons progressivos entre roupagens que buscam identidade com bandas como Wilco e Pavement (guardada todas as possíveis restrições), a banda lança seu primeiro disco chamado “Bandeirante” e acerta bastante.
Talvez ainda falte na sonoridade proposta por Fabs Grassi, Rica Monteiro, Thiago Serra e Stan Molina, um melhor acabamento nas canções e principalmente uma tirada de pé nas suas influências progressivas, apostando mais nos violões e nas melodias com sabor de nostalgia, ancorada em letras tão nostálgicas quanto.
Repleto de bons momentos como “A Cor da Manhã”, “Minhas Dúvidas”, “O Medo é Amigo Meu”, “Maria Clara” e “Prima Canção”, esse “Bandeirante” desbrava (ok, não resisti ao trocadilho fácil) e homenageia um momento da nossa música que rendeu belos discos e canções que ficaram no inconsciente de muita gente, gerando seus próprios pequenos clássicos como “Dissipado Amor”.
“Bandeirante” é para deixar tocar em casa enquanto se trabalha na frente do computador, para escutar sem maiores pretensões e sem perceber voltar no tempo, em uma máquina musical criada por esses paulistas, que acertam mais do que erram na sua estréia e merecem ser escutados.
Endereço na Trama Virtual, onde pode baixar o disco na faixa:
http://tramavirtual.uol.com.br/artista.jsp?id=10904

terça-feira, 20 de novembro de 2007

"Vale Tudo - O Som e a Fúria de Tim Maia" - Nelson Motta


Sebastião Rodrigues Maia nascido em 28 de setembro de 1942 foi um dos maiores nomes da música nacional nos últimos 50 anos, deixando um legado maior do que o próprio tamanho. O Sebastião em questão ficou conhecido em todo país como Tim Maia e se definia como “preto, gordo e cafajeste, formado em cornologia, sofrências e deficiências capilares”.

Tim Maia morreu em 1998 aos 55 anos e teve uma trajetória difícil para qualquer roteirista imaginar. Era um bonachão irreverente, louco e genial. Mas também era autoritário, displicente e nada profissional. Sua obra é uma das mais completas da nossa música, cabendo clássicos como “Sossego”, “Azul da Cor do Mar”, “Primavera”, “Você”, “Gostava Tanto de Você”, “Do Leme Ao Pontal”, a fase “Racional”, entre tantas outras obras primas.

Sua história é retratada nesse “Vale Tudo - O Som e a Fúria de Tim Maia”, lançado recentemente pela Editora Objetiva, biografia do cantor nas mãos do competente Nelson Motta, escritor e produtor musical que viveu bastante com Tim e arregaçou as mangas em uma pesquisa que decifrou da infância, passando pelo tempo de morada nos USA, o estrelato, as quedas constantes por causa do álcool e das drogas e a consolidação de um mito.

Tipo de biografia que merece ser consumida vorazmente, divertindo e emocionando tanto os fãs do cantor (como eu que até hoje escuto frequentemente sua obra) quanto aqueles que não o conhecem (sendo um belo ponto de partida para começar). Tem como coadjuvantes grandes nomes como Erasmo e Roberto Carlos, Jorge Ben, João Gilberto, Tom Jobim, e outros mais.

Além de uma história de vida fascinante, essa biografia funciona inconscientemente para termos uma idéia de como nosso país cresceu da ditadura até o Collor e como os modos fonográficos evoluíram desde o compacto até os CDs e DVDs. Tim além de gênio na música (escrevia suas canções sem saber nada, absolutamente nada de partituras e notas), era uma figuraça, um porra louca cativante que cunhou algumas frases incríveis como:

“Fiz uma dieta rigorosa, cortei álcool, gorduras e açúcar. Em duas semanas perdi 14 dias.”

“Não fumo, não cheiro e não bebo, mas às vezes minto um pouquinho.”

Ou a clássica: “Mais grave! Mais agudo! Mais retorno! Mais eco! Mais tudo!”, que soltava em seus shows e resumia bem a sua personalidade, que sempre queria mais e mais.

Uma ótima viagem tendo o soul, o funk e o samba como ritmo de fundo de uma absurda saga de pobreza, dificuldade, loucura, drogas, mulheres, álcool, sucesso, depressão, religiosidade e principalmente de uma eterna boa vontade para com a vida, vida que com certeza não se arrepende em nada de ter habitado durante 55 anos nesse cidadão chamado Tim Maia.

domingo, 18 de novembro de 2007

"Into The Wild" - Eddie Vedder - 2007

Como se desvincular de uma banda de sucesso, uma banda que fundamentou toda uma geração nos anos 90? Como lançar o primeiro disco solo da carreira depois de mais de 15 anos sendo o messias e o ideário de milhões de fãs? Como fazer isso bem acima de tudo? Essas perguntas são o que Eddie Vedder do Pearl Jam responde em “Into The Wild”.
“Into The Wild” é a trilha sonora do filme de mesmo nome dirigido por Sean Penn e que conta a historia real de um cara que largou tudo e partiu rumo ao Alasca para viver de bem com a natureza. Ou seja, um cara que fez o que muita gente teve vontade um dia. E para esse tipo de pensamento, Eddie Vedder é uma excelente escolha para a trilha.
Antes de mais nada cabe lembrar que Vedder é um grande cantor, que tem imitadores pelo mundo afora e é frontman de uma das maiores bandas das últimas décadas, com álbuns essenciais ao longo da carreira (na minha opinião inclusive, uma banda que nunca chegou a lançar um disco totalmente ruim). O problema é que para muita gente, Vedder já encheu. E esse é outro mérito de “Into The Wild”, mostrar que o cantor ainda pode fazer algo diferente e emocionar.
O disco passeia basicamente pelo folk, com quase todos os instrumentos sendo gravados pelo músico. “Seeting Forth” lembra os melhores momentos do Pearl Jam fase “Versus” e “Vitalogy”. “No Ceiling” tem uma ótima melodia que cresce com Vedder como vocalista. “Far Behind” é um rockão de fazer bonito pra Bruce Springsteen.
“Rise” é mais lenta e dedilhada. “Long Nights” tem um clima meio soturno, de fim de festa. “Tuolomne” e “The Wolf” são temas instrumentais. “Society” traz um trovador solitário na estirpe de Dylan e outros. “End Of The Road” tem um belo trabalho de guitarra. Os maiores momentos ficam com “Guaranteed” e o single “Hard Sun”, a única cover do disco de um canadense chamado “Gord Peterson”, que tem ótimos backing vocals duelando com o desempenho carregado de emoção de Vedder.
Em poucos mais de 30 minutos temos um ótimo álbum de um artista sempre acima da média, mas que precisava de algo para novamente voltar a tona, “Into The Wild” é esse algo. Agora falta esperar para ver o filme e ver como as canções se encaiam na trama.

quinta-feira, 15 de novembro de 2007

"Cassino Hotel" - André Takeda


Ando nostálgico demais ultimamente, de vez em quando é assim, começo a reler alguns livros de outras épocas ou escutar alguns discos antigos. Nesse final de semana embarquei na releitura de “Cassino Hotel” do gaúcho André Takeda e eis que me pronto aqui a comentar sobre esse segundo livro, originalmente lançado pela Rocco em 2004.

André Takeda fez um belíssimo primeiro livro intitulado “O Clube dos Corações Solitários” que encantava pela certa ingenuidade e sonhos dos personagens, em “Cassino Hotel”, o escritor versa sobre a esperança e a derrocada, o passar do tempo e os nossos fantasmas, o olhar pra trás e perceber que tão pouco valeu enquanto caminhamos sem saber direito para qual lugar.

Narrado em primeira pessoa, somos apresentados para João Pedro, ótimo guitarrista que após explodir com sua banda Gol em todo país, embarcou no clichê de sexo, drogas e rock n´ roll de cabeça, vendo então a sua banda ser dissolvida e retornar para Porto Alegre. Ele resolve ficar em São Paulo e passa a tocar com todo tipo de artista que antes achava irrelevante e fazia piadas.

Atualmente, João Pedro (com 30 anos) tem um caso com a cantora teen Mel X (algo como Sandy ou Wanessa Camargo), filha de um cantor sertanejo de sucesso. Os pais dela em determinado momento decidem que tal relacionamento não pode mais continuar e nosso personagem pega um avião para a capital gaúcha em busca de redescobrimento, redenção e fuga.

Chegando lá, embarca junto com uma velha amiga para a praia do Cassino, onde vai ser obrigado a enfrentar todo o seu passado e finalmente achar um caminho para definir seu futuro. Em “Cassino Hotel”, André Takeda avança muito mais em sua escrita, deixando um pouco de lado a literatura pop e embarcando em temas mais pesados, apesar de alguns deslizes de narrativa, construindo um universo em que nenhuma emoção é gratuita.

Se ainda não tiver lido, embarque para essa viagem e se instale na história de Takeda com o coração aberto e sem medo.

Sobre o outro livro do autor:
http://coisapop.blogspot.com/2007/03/o-clube-dos-coraes-solitrios-andr.html

Blog do autor:
http://peixesbanana.blogspot.com

segunda-feira, 12 de novembro de 2007

"Medo e Delírio em Las Vegas" - Hunter S. Thompson

O escritor americano Hunter S. Thompson falecido em 2005 (se suicidou) está entre os mais relevantes nomes da contracultura mundial. Seu clássico “Medo e Delírio em Las Vegas” lançado em 1971 originalmente na clássica revista Rolling Stone, ganha este ano uma luxuosa edição nacional pela editora Conrad, com direito a ilustrações de Ralph Steadman tão alucinadas quanto a história. Esse você precisa ter em casa.
Hunter S. Thompson foi o criador do chamado “jornalismo gonzo” onde mandava a imparcialidade às favas e tornava suas matérias baseadas sempre com estilo bastante pessoal, envolvendo a si mesmo enquanto dosava as porções de ficção. “Medo e Delírio” trata basicamente sobre o fim do “verão do amor” dos anos 60 e estupra o “sonho americano” idealizado nos anos 50, com uma literatura ácida e destrutiva.

No livro, Raoul Duke (alter ego do autor), um “doutor em jornalismo” recebe uma matéria envolvendo a cobertura de uma corrida de motocicletas em Las Vegas para onde se desloca junto com o seu advogado “samoano” em um carro vermelho conversível. Para cumprir a missão entopem a mala de todas as drogas e bebidas possíveis a fim de encontrarem o “sonho americano” completamente alucinados.

Thompson no decorrer do seu livro destroça milhares de convenções de seu país, arremessa com força todo o sonho de uma geração no lixo, um sonho que se perdeu em meio a tantos fatores, deixando um medo e uma incapacidade de lutar pelo futuro, encharcados por anos de drogas, guerras e uma política econômica que excluía grande parte da população.

“Medo e Delírio” também virou um ótimo filme nas mãos de Terry Gilliam, trazendo nos papeis principais Johnny Deep e Benicio Del Toro e que merece muito ser assistido. 

Corra atrás dos dois. :)

sexta-feira, 9 de novembro de 2007

"Disco Paralelo" - Ludov - 2007

No mundo da música pop um dos maiores clichês é mais ou menos o seguinte: “ a banda X está mais madura”. Clichezão mesmo, só que em alguns casos tal assertiva faz jus a sua utilização. Como no caso da banda paulista Ludov e seu novo trabalho “Disco Paralelo”, lançado esse ano.
Com um trabalho bem melhor produzido e arranjado, Vanessa Krongold (vocal), Mauro Motoki (guitarra e teclados), Habacuque Lima (guitarra e baixo) e Paulo Chapolin (bateria) deixam um pouco de lado aquela urgência que sempre caracterizou suas canções para navegar em mares mais consistentes e com outras nuances.
As letras e os arranjos bem feitos são os principais destaques, além da Vanessa que está cantando melhor e os riffs e melodias que Mauro Motoki imprime nas faixas que vão se sucedendo. “Disco Paralelo” não vai agradar de imediato, mas a partir de algumas audições entra em crescente e se torna bem bacana de ouvir.
Os temas que percorrem as letras se ancoram basicamente no passar do tempo e na busca de alguma redenção (e às vezes, algum perdão). “Ciência” abre com os versos “Luto pra ir/aonde ninguém foi/onde eu possa rir/do que passou e te perdoe”. Em seguida vem “Fugi Desse País” com Vanessa cantando “Se eu me perdi/quando eu errei/quando eu senti/que quase estraguei/toda a construção”.
“Rubi” vem com versos tristes e um ótimo instrumental, sente só o drama: “Meus olhos eram diamante/já chorei a beça/de hoje em diante/viraram rubi”. “Sobrenatural” tem um riff daqueles simples e perfeitos e talvez traga o verso que defina melhor o novo disco da banda: “E aquele agora ou nunca ficou pra trás”.
“Conversas em Lata” é a faixa mais bonita desse novo trabalho, uma espécie de Los Hermanos um pouco mais alegre. Para os fãs mais ranhetas tem o pop de “Refúgio” e “Urbana” que lembram mais a antiga fase do Ludov e são daquelas canções para sair cantando por aí sem querer.
A banda paulista indica que ainda vai lançar seu grande disco, no entanto a cada ano que passa se consolida cada vez mais no nosso cenário pop, esbanjando qualidade. Enquanto esse grande álbum não vem, curta sem medo e a maior quantidade de vezes possível esse “Disco Paralelo”.
Site oficial: http://www.ludov.com.br

terça-feira, 6 de novembro de 2007

"Alta Fidelidade" - Nick Hornby

Dia desses batendo com papo com um velho amigo sobre coisas que não iam mudar o mundo, mas que são fundamentais na vida (música, cinema.,etc...), ele disse: “Pô, tu sabes que eu nunca li o “Alta Fidelidade” do Hornby? Será isso um crime? Tu me empresta o teu?” Respondi que era um crime sim, não pelo fato da obra ser extraordinária e sim pelo simples fato de descrever de maneira brilhante toda uma “quase” geração.

Quando peguei o livro que não estava em casa e sim no apartamento em Belém, deu muita vontade de ler, leitura essa que foi consumida há uns dois dias. E pensei “Pô, nunca escrevi nada sobre “Alta Fidelidade” do Hornby...”. Escrevo agora. O livro em questão que virou um excelente filme tem que constar na biblioteca de todo amante de cultura pop.

Para quem não conhece, a historia é narrada em primeira pessoa por Rob Fleming, um senhor fracasso com as mulheres, que na Londres da década de 90, mantêm uma pequena loja de discos e cds, intitulada “Championship Vynil” que não vai lá muito bem das pernas. Sua namorada, Laura, acabou de largá-lo e seus dois melhores amigos são Barry e Dick, duas personalidades peculiares por assim dizer.

Enquanto busca entender seu lugar no mundo aos 35 anos e rever toda sua vida amorosa ao mesmo tempo em que busca voltar com Laura, Rob Fleming espalha todo seu conhecimento musical pelas páginas, principalmente em tops de 5, o qual prazerosamente nos pegamos também fazendo (isso se você é um viciado em listas, como eu).

O livro é bem mais interessante que o filme, porque tem todas as pequenas cenas deliciosas que não couberam na grande tela, além de ser mais honesto no seu final com a vida atual. Nick Hornby entrou de sola na literatura pop, influenciando mundo afora e divertindo bastante em quase todos seus livros. Se de repente você passou batido por essa “Alta Fidelidade”, corra atrás do livro e do filme. Se já tem, é sempre bom reler e rever.
Veja o que dissemos sobre outro livro do autor, "Uma Longa Queda", aqui.

sexta-feira, 2 de novembro de 2007

"In A Nutshell" - Pelle Carlberg - 2007

Qualquer dia desses esse blog vira um blog de música da Suécia, de tanto que falo dos artistas deste país. Na verdade confesso que não é intencional, mas todo mês chega algo interessante no meu player. Já foi assim com o Loney, Dear, Weeping Willows, The Mary Onettes e Irene. Agora é a vez do cantor e compositor Pelle Carlberg, que coloca seu segundo disco solo no mercado intitulado “In a Nutshell”.
Pelle Carlberg está por aí desde o final dos anos 80 e nessa década de 00 tomou conta da sua banda, Edson, além de tocar sua carreira solo. “In a Nutshell” é seu mais recente trabalho, contando com a ajuda de Matin Nordvall no baixo e Jonathan Hummelman na bateria. A música de Pelle é aquele indie pop gostoso de se ouvir, com muito folk misturado e no caso deste artista, um bom humor e alegria que conquistam.
“Pamplona” abre o álbum com uma contagem em espanhol, enquanto “I Love You, You Imbecile” vem depois fazendo cantar e balançar a cabeça para lá e para cá. “Cry All The Way To The Pawnshop”, lembra Belle and Sebastian nos seus momentos mais alegres, com uma letra para lá de bem humorada.
“I Just Called To Say I Love You” (não, não é aquela) é um dos pontos altos do disco, com uma gaita a lá Neil Young abrindo para um indie folk de primeiríssima. “In a Nutshell” está isento de momentos ruins, mas podemos destacar mais ainda as faixas “I Touched You At The Sound Check”, “Clever Girls Like Clever Boys Much More Than Clever Boys Like Clever Girls” e “Even A Broken Clock”.
Pelle Carberg ambienta sua música na seara do indie pop que tantas bandas exploram, mas vemos ecos de coisas mais antigas na sua música, o que acaba por provocar um belo retrato pintado em cores alegres e de pura satisfação com a vida. Totalmente indicado para levantar a moral em dias ruins, para quem gosta de Belle And Sebastian, para tocar naquela bate papo tomando uma cerva aos domingos ou para por um breve momento que seja esquecer um pouco da vida e fazer cantar.
Se enquadrando dentro da série “Não vai estar em listas de melhores ao final do ano, mas proporciona ótimos momentos”, “In A Nutshell” tem aquela certeza de ter sido feito tomando essa água da Suécia que não deixa de produzir bons discos.
Site oficial: http://pellecarlberg.se
My Space: http://www.myspace.com/pellecarlberg
E abaixo fiquem com a ensolarada e bem humorada "I Love You, You Imbecile" :)

"I Love You, You Imbecile" - Pelle Carlberg