terça-feira, 30 de agosto de 2005

Metrópolis

Metropolis, originally uploaded by Kalnaab.

"Metrópolis", é uma animação japonesa de 2001, baseada no clássico da vanguarda e do expressionismo alemão de mesmo nome realizada em 1926 por Fritz Lang. Apesar de não ter visto o original pelo que já vi comentarem, a animação não se trata somente de um "remake" e sim de um novo filme. O longa tem a direção de Rintauro ("Galaxy Express"), baseado nos quadrinhos de Osamu Tezuka, criador de "Astro Boy" e que já foi definido como o "Walt Disney dos mangás", além do roteiro mais que competente do lendário Katsuhiro Otomo, que mudou o mundo da animação com seu "Akira", fundamental até hoje.

Ambientado em um futuro distante, onde a sociedade está formada por duas classes básicas: os humanos ricos que vivem em cima da cidade, e os humanos pobres e robôs que moram embaixo desta. Durante as comemorações de mudança de regime político, chegam do Japão, um detetive e seu sobrinho Keinichi a vim de fazer um investigação sobre um cientista procurado por diversos crimes. Com o desenrolar da trama, percebe-se o envolvimento do mesmo com o Duque Red, que pretende criar um humanóide superior capaz de gerir as suas ações de destruição e extermínio dos pobres e robôs. O nome desse ser especial é Tima.

Com um clima intenso envolvendo no mesmo bolo, religião, ciência, violência, social e amor, o filme vai conquistando e encantando a cada minuto de duração. A cena do assassinato do presidente é uma das melhores de todos os tempos, ao lado do apoteótico final ao som de "I can´t stop loving you" de Don Gibson, interpretada por Ray Charles, simplesmente maravilhoso. O jazz permeia quase todas as cenas e se faz fundamental dentro da concepção do filme. O único senão fica por conta que o monte de extras que vem no DVD duplo estejam em inglês. Merece muito ser assistido.

domingo, 28 de agosto de 2005

Mémorias de minhas putas tristes - Gabriel Garcia Marquez

Mémorias de minhas putas tristes, originally uploaded by Kalnaab.
Hoje falarei sobre um dos mestres da literatura mundial e seu novo livro “Memórias de minhas putas tristes” (nome que gerou controvérsias, mas que foi mantido o título na edição brasileira ainda bem), que já se tornou best-seller em boa parte do mundo. Estamos falando do colombiano ganhador do prêmio Nobel de 1982, Gabriel Garcia Márquez, que não lançava nenhum novo romance há mais de dez anos o último fora “Do amor e outros demônios” de 1994.
Neste intervalo, Garcia Márquez, produziu a primeira parte de sua autobiografia “Viver para Contar”, entre outras coisas. O escritor autor de obras primas como “Cem anos de solidão” (um dos meus livros preferidos até hoje) e “O amor nos tempos do Cólera”, volta com a habitual maestria nesse livro de rápida leitura, tanto pela prosa inteligente, quanto pelo seu próprio tamanho. Todas as habituais facetas estão lá presentes, a fantasia de um tempo que não volta mais, uma passagem pelo retrato de uma outra América do Sul, o sarcasmo indigente contra o comportamento e as autoridades e o maior de todos os seus temas, a solidão.
Narra-se a história de um velho (cujo nome não é revelado) que ao completar seus 90 anos decide dar a si próprio um presente inusitado, uma noite de amor com uma adolescente virgem, sendo que para tanto liga para uma velha amiga, a cafetina Rosa Cabarcas, a fim de que a mesma lhe proporcione o desejo. A partir disso, apesar de só ver a menina de 14 anos em seus primeiros momentos (que ele denomina de Delgadina como em uma canção), o velho se apaixona e passa a contrair pela primeira vez na sua vida, ciúmes, desconfianças, necessidade.
Logo se imagina o mundo do russo Vladimir Nabokov como seu “Lolita” ou de Thomas Mann e “Morte em Veneza”, sendo que a própria orelha do livro já explicita isso. A idéia é essa sim, mas vai um pouco mais além. Não necessariamente o autor visa deixar a relação como força motriz da trama, apesar de ser o fio condutor, Márquez fala sobre solidão, sobre uma vida toda deixada para trás, sobre as imposições do tempo, sobre se aproveitar a vida antes que ela vá escorrendo pelos dedos, sendo isso que torna o livro uma quase fábula de amor perdido no meio de uma existência vã.
“Memórias...” não tem a pretensão de barrar os clássicos do autor e nem se preocupa com isso, somente mostra como em um conto mais alongado, uma história de amor, de necessidade, da vida e suas rotinas e monotonias, construindo um singelo retrato que merece muito ser lido. É sempre gratificante nos depararmos com algo do mestre Gabriel Garcia Márquez, e com seu novo livro isso não é diferente.
Me lembro de uma pequena frase da canção “Tempos Modernos” do Lulu Santos: “...Vamos viver tudo que há pra viver...”. Assino embaixo.

quinta-feira, 18 de agosto de 2005

Héroi

Héroi, originally uploaded by Kalnaab.

Por incrivel que pareça só ontem fui assistir “Héroi”, filme do premiado diretor Zhang Yimou do belo “O Clã das Adagas Voadoras”. Perdi a chance de ver no cinema mais essa obra prima do cinema chinês, indicado ao Oscar e ao Globo de Ouro de melhor filme estrangeiro. Um épico como deve ser, com grandes batalhas, dramas, amores e um banho de história, ao contrário de produções hollywoodianas recentes como “Tróia” e “Alexandre”. Ambientada na China de 2.000 anos atrás, quando a mesma era dividida em sete estados que brigavam entre si pelo dominio da região, o diretor insere uma estória de um guerreiro “Sem-Nome”(Jet Li) que chega ao rei (Daoming Chen) que buscava com seu exercito a unificação, após derrotar três dos maiores inimigos do reino, “Céu”(Donnie Yen), “Espada Quebrada”(Tony Leung) e “Neve Voadora”(Maggie Cheung). Contando em flash back, o diretor proporciona um banho de beleza fantástica e sublime, cada história é tratada por uma cor diferente, significando: vermelho (paixão), azul (amor), verde (juventude), branco (verdade) e preto (morte). Com várias reviravoltas na trama e as tradicionais e magistrais cenas de combate, é um filme que deve muito ser visto. Até Quentin Tarantino avalizou o longa e aparece nos extras entrevistando o Jet Li. Filmaço sem sombra de dúvida.

quinta-feira, 11 de agosto de 2005

"4" - Los Hermanos - Processo de Dissecação

"4", originally uploaded by Kalnaab.

Chama-se “4” o tão aguardado novo disco dos Los Hermanos, ainda sobre a batuta do produtor Kassin e elaborado novamente no sitio, longe de tudo e de todos, tudo mais ou menos como o processo dos últimos discos, mas com uma diferença vital, os caras abandonaram de vez o rock. Calma, isso não é ruim, pelo contrário é bom demais. "Bloco do Eu Sozinho” ainda é a obra prima dos caras, mas o som de “4” é extremamente delicioso de ser ouvido, disco para deixar tocando horas e horas no cd player, simplesmente fascinante. “4” é um passo a frente na trajetória musical da banda, novos horizontes se encontram com antigas idéias, produzindo um resultado ímpar. “Dois Barcos” abre o disco com uma melodia cativante, harmonia arrebatadora, lembrando Lô Borges e Milton Nascimento, com uma letra que vai ecoando dizendo “Só eu sei nos mares por onde andei...”, sendo impossível não se emocionar. Depois vem “O Primeiro Andar”, uma baladinha suave que podia estar plenamente em “Ventura”, com aquele andamento que só os Hermanos sabem dar, com uma letrinha esperançosa e ao mesmo tempo nostálgica. “Fez-se mar” chega de mansinho, com sua melodia singela e os vocais erguindo uma montanha de emoções, ecoando vagas lembranças de bossa nova e das canções do inicio dos anos 50...Ah...o amor...e lá vai “Parece que o amor chegou ai...”, fazendo os mais duros corações lembrarem de algo no passado. Chega um quase ritmo latino em “Paquetá”, sem paródias fracas, da vontade de estar tomando uma boa cerveja, vendo um belo por do sol, e exorcizando alguns demônios internos, afinal “Eu zanguei numa cisma eu sei...”. O disco começa a tomar aquela idéia de “cara, isso ta muito bom...”, quando a formatação quebrada de “Os Pássaros” vem dar uma nova cara, com um pouco de “cool jazz” e o tradicional desleixo vem com uma letra que chamar de melancólica é pouca, a cabeça começa a girar mesmo. “Morena” chega com um ritmo um pouco mais animado (mas nem tanto), lembrando Gonzaguinha e jogando a conquista e declarações no ar: “Prefiro assim com você, juntinho sem caber de imaginar...”, podendo até parecer brega, mas em uma canção dos caras, dificilmente algo fica assim. “O Vento” transforma lirismo em nostalgia, melodia em melancolia e vem arrebatadora, reinventando seu estilo dentro da sua própria ousadia, incrível como as passagens vão se alternando devagar, sem pressa, sossegadas, construindo o cenário deprê perfeito. Já sentindo faltas das guitarras chega “Horizonte Distante”, um rock pequeno (sim, eles ainda existem!!) em andamento menor, com direito a até um solo de guitarra.

Chega a vez de talvez a grande canção desse disco, "Condicional” com uma letra que chega a dar vontade de sair vomitando impropérios ao mundo, única canção do disco capaz de levantar uma provável alegria (no ritmo, não me entendam mal), com um arranjo canalha aparecendo pelo meio da melodia. E pode deixar que lá vem: “Quis nunca te perder....”, haja coração, haja coração. “Sapato novo” entra diminuindo o clima totalmente, com efeitos de teclado e acordes de violão, letra emocionante, uma das melhores do disco pela simplicidade e delicadeza. “Eu só levo a saudade....”, pode deixar comigo, digo eu. O final do disco vem chegando assim com “Pois é” do Marcelo Camelo, também em andamento menor, com guitarras ecoando vez ou outra, dando uma dramaticidade cinematográfica para a letra. Canção que ficaria muito bem num filme, em uma cena com um cara seguindo sozinho em uma estrada deixando o passado e seus amores para trás. A última música “É de lágrima” chega tranqüila, finalizando o clima do disco, até cair em distorções no final para voltar ao seu andamento e sair de cena, mansinha, mansinha. Os Hermanos produziram um grande álbum sem duvida, se reinventado o que é primordial e compondo canções com uma absurda carga de emoção. “4” não tem uma canção acima das demais e nem no nível de “Retrato pra Ia Ia”, “Sentimental”, ou “Vencedor”, mas na boa, acho que essa era exatamente a idéia dos caras. Disco extremante indicado para quem acredita no amor, para quem não acredita, para quem já amou alguém, para quem não amou ninguém, ou para simplesmente quem gosta de boa música, feita com criatividade e qualidade. É deixar rolar as canções, pegar uma boa bebida e começar a pensar na vida...

quinta-feira, 4 de agosto de 2005

A Fantástica Fábrica de Chocolate

Passando nos cinemas locais “A Fantástica Fábrica de Chocolate”, no “remake” (gosto mais de “versão”) do diretor Tim Burton é uma grande, mas grande pedida mesmo, apesar das cópias serem dubladas. Primeiro devo dizer que não li o livro (apesar de todo mundo agora dizer que leu....), mas gostava bastante da versão original do filme de 1971 e que tinha Gene Wilder como o magnata estranho Willy Wonka. Apesar de poder parecer heresia o que vou dizer, Tim Burton fez um filme muito, mas muito melhor mesmo que seu antecessor. A história que todo mundo conhece é do excêntrico dono da maior fábrica de chocolates e doces do mundo, Willy Wonka (vivido brilhantemente por Johnny Deep) que depois de muito tempo sem abrir as portas de sua fábrica, resolve fazer um concurso para eleger seu herdeiro(sendo que isso é surpresa para todos), espalhando cinco convites dourados pelos seus chocolates ao redor do mundo a ser encontrado por crianças. Os convites são sendo achados e o que parece improvável acontece, o pequeno e pobre Charlie (Freddie Highmore de “Em Busca da Terra do Nunca”), encontra um e parte em sua jornada acompanhado de seu avô e outras quatro crianças e seus responsáveis. Ao ir mostrando a fábrica, Willy Wonka se diverte e expõe os candidatos a uma viagem onde os defeitos são responsáveis pela queda em uma disputa sombria e repleta de humor negro. Tim Burton não fez uma refilmagem, ele reinventou um clássico dando nova força e constituindo um grande filme, sendo impossível ficar indiferente. Me diverti bastante na sessão com as piadas sutis, as referências pop, os Lupas-Lupas (que são a cara do Zacarias dos Trapalhões!!!), as cores e cenários que Burton criou para ambientar essa história fantástica com seu toque todo especial. Imperdível!!!

segunda-feira, 1 de agosto de 2005

O Clã das Adagas Voadoras

O Clã das Adagas Voadoras, originally uploaded by Kalnaab.
Assisti em DVD, pois perdi no cinema o filme chinês “O Clã das Adagas Voadoras” do diretor Zhang Yimou, o mesmo de “Herói”. Fiquei bastante impressionado com o que vi. O cinema asiático realmente é um sopro de criatividade e de beleza nos dias de hoje, ganhando a cada nova produção novos e ardorosos fãs, como este humilde escriba. Ambientando no ano de 859, onde o Império Chinês passa por terríveis conflitos internos com os rebeldes, a dinastia Tang que por anos reinou absoluta, hoje enfrenta sérios problemas com corrupção e a sua própria incapacidade de governar, além do seu principal rival o clã que dá nome ao longa. Nesse contexto, os capitães Leo (Andy Lau) e Jin (Takeshi Kaneshiro) são designados para encontrar e destruir o temido clã, elaborando um plano para tanto e esbarrando no caminho com uma das guerreiras do lado oposto, a bela Mei (a sempre competente Zhang Ziyi). A partir disso o mestre Zhang Yimou desenvolve um filme belo com uma trama cheia de reviravoltas, surpreendente. O espectador é preso à brincadeira de cores e cenários que o diretor executa, com a bela fotografia, montagem competente e claro as cenas de lutas fascinantes. Um filme realmente muito bom que demonstra mais uma vez o quanto o cinema asiático é espetacular. Assistam!!